Eu o tinha visto cruzando a ponte por onde passo
todos os dias para ir trabalhar num dia de chuva.Ele era lindo,mas estranho de
um jeito que eu não sei explicar.Cri que nunca mais o veria novamente,mero
lapso,o acaso não perdoa,faz mesmo e com vontade a gente se enganar.
Aquela caneta caiu da minha mão que a segurava
firme,o barulho no chão me fez esquecer por um instante em volta de mim para
apanha-la,no entanto,foi a mão dele que encontrei sobre ela no lugar da minha.
O seu riso era doce,os olhos levemente amendoados me recordava alguém de um
tempo que nem mesmo o futuro do pretérito poderia elucidar. Pensei em dizer
algo,porém nessas horas as palavras somem,acho que se aglomeram na boca do
estômago como uma grande rebelião que talvez um dia o futuro mostre,contudo
naquele exato momento faz a gente passar como bobo,se achar o otário do planeta
e somente se resume num olhar.
O perfume amadeirado me trouxe um olhar rústico
sobre ele.Me fez voltar no tempo quando li um livro onde uma judia ortodoxa que
fugia de seu grande amor um seminarista católico,refugiada num kibutz, um dia se
depara com o recado de que alguém a procurava ali no meio do nada das Terras
de Jerusalém .O via outra vez a sua frente e quando perguntado por ela de como a
encontrara ouviu:
_Usei Jeremias 29;13. “E me procurareis e me achareis
quando me procurardes com todo vosso coração.”
Peguei a caneta e rompi as portas da livraria como
um raio evocado por uma tempestade.Eu fui,mas de certa maneira,alguma parte de
mim ficaria presa para sempre naquele lugar,naquele instante e com aquele
desconhecido.
As vezes eu paro e penso no que poderia ter sido.
As
vezes volto naquele horário na velha ponte ou a livraria só para ver se o
encontro de novo.
As vezes me pego divagando entre músicas que falam do que seria
um grande amor.
As vezes...
Por que o Destino faz isso com a gente?
Espero um dia descobrir.
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