Quem sou eu?

Danka Maia é Escritora, Professora, mora no Rio de Janeiro e tem mais de vinte e cinco obras. Adora ler, e entende a escrita como a forma que o Destino lhe deu para se expressar. Ama sua família, amigos e animais. “Quando quero fugir escrevo, quando quero ser encontrada oro”.

SEM PALAVRAS por Danka Maia












Sem Palavras... Por Danka Maia💃💃💃

Então ciganada, será que eu ainda sei escrever? Comentários!

Na esquina de um lugar qualquer às três horas da madrugada ele chegava com a sua vestimenta nefasta. Calça de linho... Camisa social dobrada na altura punho... Meias e sapatos de fina estirpe... Preto era sua cor predileta, mas o vermelho predominava a cor da sua alma. Um homem de cenho fechado, charmoso em seu jeito taciturno e clássico. Era do tipo calado, cabeça baixa, poucos amigos, mas tudo isso se transformava quando surgia na ponta da outra esquina: Ela.
Então o seu alvor tornava-se sol.
O vestido rubro de decote provocante na altura dos seios e ao mesmo tempo comedido, dava-lhe a oportunidade de fazê-lo imaginar tudo sem saber como de fato era, e isto o deixava ainda mais enlouquecido!
A Dama, era como a chamava em sua mente. O quicar do salto fino contra a velha rua perdida de paralelepípedos contava ao homem que outra vez sua boca tão cheia de água sanaria sua sede.
Ela o abordava da mesma forma. Era mais que Dama, era a Dona dele. Vinha em passos delicados... Quadris envolventes.... Perfume um pouco adocicado... Cabelos presos num coque afrouxado... Olhos verdes que absorviam a alma dele. Duas gotas de esperança que iluminavam a alma lúgubre do velho homem.
O toque dela em sua pele causava insanidade. O percorrer de sua mão esquerda na altura do seu pescoço dava-lhe a segurança que apenas ali ele existia.
A provocação no roçar dos lábios oscilando em fortes e leves mordicares contava ao Universo que palavras pouco importam.
Sua mão apertava forte abaixo do ombro onde estava a tatuagem que fizera com a imagem dela.
Embolando-se naquele infinito breu seus corpos dançavam arranhando-se nas paredes rabiscadas do beco que se aquietava na tentativa de ouvir algo, mas entre o fogo e a loucura só havia múrmuros de respirações que ofegantes se fundiam numa só. Apertá-la pelo quadril deslizando sua mão com posse pelo meio de suas costas manifestava o seu domínio sobre ela dado ao arrepio de sua pele.
Um modo de soprar nos pensamentos dela:
_ Seu desejo acaba de se materializar... Minha Dama.
Jamais trocavam nenhum vocábulo.
Ele esperava aquele segundo exato de sentir a necessidade da língua dela chamando pela sua.

Enfim, mais uma vez, estavam vulcanizados.

A primeira vez que se viram, Cavalheiro estava naquele beco parado com o olhar perdido, enquanto uma batida gitana o fazia companhia sucedida de um infeliz sem-teto que do outro lado da cabeceira da ponte tocava ferrenhamente enquanto cacos queimavam a e se misturavam no fogo improvisado dentro de um latão de zinco, afinal a noite era fria e ali a solidão era companheira fiel e dura.
Cavalheiro remediava as batidas batendo contra coxa arqueada na parede onde semelhava esperar o que não possuía, não havia esperança e ele não era do tipo que cria que alguma coisa ainda pudesse surgir em sua vida mudando os seus conceitos ou virar sua cabeça, muito menos que isso dizimasse de uma mulher. Isso era o que ele julgava, mas uma coisa é o que se pensa, a outra é a que realmente acontece.
A privilegiada informação que tinham um do outro é que nada sabiam além daqueles momentos intensos que vivenciavam de modo furtivo, afoito e imortal. A paixão entre eles saltava naquele mundo de seus corpos e por isso se consumiam de modo abissal e ardente uma vez que desconheciam qual seriam os seus últimos instantes juntos.
A Dama veio com passos fortes que o seduziu desde aquele segundo, o provocou dedilhando os dedos entres os seios deixando claro que agora sua respiração ofegava por outra razão. Gostava de provocar... Faria tudo para que no próximo segundo tornar-se submissa ao seu senhor, esse era seu intento, era disto que gostava. Possuía aquele andar de uma mulher forte, sem medos ou delicadezas e ao mesmo tempo tão feminina. Jamais saberemos o que a fez passar naquela esquina. Naquela madrugada e em tal ocasião. Tudo que se sabe é que ela nasceu do lado oposto dele.
A partir do momento que se amoldavam e suas almas se amordaçavam o mundo poderia ser o próprio inferno, nada arderia mais do que a fleuma que os incineravam, era como se os fluidos corporais de um tomassem a alma do outro no oscular da pele.
Houve uma vez que o Cavalheiro tentou arguir uma única nota, mas a sua Dama pôs o dedo indicador em seu peito balançando a cabeça de leve em negação enquanto mordiscava o seu lábio inferior.
Quando em seus braços, Dona se permitia reprimir. Seu homem compreendia que fazia parte daquele jogo, arrastava-a com mão entre os cabelos ao mesmo tempo que como um menino mergulhava no cheiro de sua pele
Empurrando-a com o peso do seu corpo para um canto ainda mais sombrio do beco. O riso solto e cativante dela o deixava alcançar que mais uma vez decifrara o que a sua Dama queria sem ao menos um mero emitir de sílabas.
Transmissão de pensamento? Utopia ou síncope?
Destino! O carroceiro de Deus.
Dar ao seu homem seus desejos mais ocultos e ternos, era como confidenciar ao Divino por todos os seus pecados, inclusive aqueles que cometera em plena consciência. Aquele moço arrancava de sua alma o melhor e o pior dela.
Ao notar o quanto o seu corpo era voluptuoso por ela, segurava mais firme sua nuca começando a soltar a sua imaginação.
Tentava como um louco sugar a língua dela fazendo-a ser somente sua ao mesmo tempo em que suas mãos apertavam suas coxas.
O Divino ordenava que se tocassem.... Que se completassem, e se amassassem como num furor de uma tempestade!
Ele ditava as ordens com a pegada de seu corpo junto ao dela. Seus corpos obedeciam às oscilações de suas línguas.
Cavalheiro amava passear sem nenhuma pressa pelo corpo de sua amada. O tempo com ela definitivamente parava, contemplava o aroma que jamais soube decifrar com outra palavra que não fosse viciante.
A sensação de ver, sentir os pelos de seu corpo se eriçando quando revolvia as suas mãos ou segurava firme o queixo dela ao mesmo passo em que sua boca livre pairava descendo pelo seu colo até chegar aos seus seios denunciava a máxima da excitação para ele.
Sabia que Dama chegava ao ápice, a ansiava assim, perversa e ao mesmo tempo dominada como um pobre cordeiro indo ao seu holocausto por vontade própria. Raspando suas unhas em seu couro cabeludo e descendo pelo pescoço, tentava morder o lábio inferior dele, mas a mão firme no seu maxilar e os olhos dele eram talhantes, agora seu Cavalheiro determinava as leis e mais ensandecida ela concebia a volição do seu sexo.
Com movimentos selvagens puxava os cabelos dele, desvencilhando de sua mão com uma módica briga de tapas onde ele a travava sem força no ar pelo punho e com um riso de canto de boca permitia prosseguir, e agarrando-o a calça pelo cinto, pondo-se de joelhos, confessava que era a hora de rezar, todavia não pela absorção de pecados e sim para consumação do maior deles: A luxúria.
Descendo o zíper da vestimenta lentamente com os olhos nos dele. O ritual começara.
As posições simplesmente eram, contudo jamais repetitivas, sem ou com dor a certeza mesmo era: Sem pudores. Sem poupar as unhas, sem machucar, e no olhar deixavam escapar:
_Isso foi tão quente...
Reforçado com um texto vigoroso e calado:
_Você é tão bom, que eu pagaria por isso!
Mas ambos sem proferir em nenhum segundo uma letra se quer.
Ao se despedir o ar fez-se leveza, o sol soltava seus primeiros raios fulgentes, talvez por tê-los contemplado em oculto o deixou extasiado. O beijo era simples, mas único, o laço se desvencilhava no largar dos dedos esticados, uma vez que iam em posição opostas, e antes de que desaparecerem cada um em sua esquina da vida paravam, volviam um para outro no mesmo eixo de seus corpos, sorriam suspirando pela certeza: Se mais um dia amanhecera, é porque haveria outra noite, e isto se fazia o bastante para que os amantes soubessem que o Destino conspirava ao seu favor pelo menos mais uma vez.


Muito Obrigada pelo carinho da sua leitura😘
      
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