Quem sou eu?

Danka Maia é Escritora, Professora, mora no Rio de Janeiro e tem mais de vinte e cinco obras. Adora ler, e entende a escrita como a forma que o Destino lhe deu para se expressar. Ama sua família, amigos e animais. “Quando quero fugir escrevo, quando quero ser encontrada oro”.

O ÚLTIMO QUARTO

 

Apesar dos nomes terem sido alterados as história é verdadeira.
Cerca de quatro anos atrás, uma amiga minha (vamos chamá-la de Joana) e a sua família de mudaram para uma casa de quatro quartos em Belo Horizonte. A primeira vez que eu a visitei na casa nova, ela me mostrou a casa toda, menos o último quarto do corredor. Depois de mais algumas visitas eu achei estranho o fato de ela ainda não me mostrar este último quarto, e achei estranho a porta dele estar sempre fechada. Eu perguntei sobre ele para ela, e ela me falou que os pais dela não queriam que ninguém entrasse naquele quarto e que ele ficava sempre trancado. Eu achei que eles deviam guardar algum cofre lá e não queriam que ninguém soubesse, depois disso nunca dei muita importância para o quarto.

Uma noite a Joana me pediu para dormir na casa dela, porque os pais dela iam viajar e ela não queria ficar sozinha. Quando eu estava dormindo lá eu acordei no meio da noite com vontade de ir ao banheiro. O banheiro ficava no fim do corredor em frente ao quarto que ficava sempre trancado. Eu tive que andar bem devagar pelo corredor, já que estava completamente escuro e eu não estava vendo nada.

Quando eu cheguei no banheiro, eu fiquei ali parada por um tempo, procurando pelo interruptor da luz. Então do nada eu escutei uma voz, bem baixinha e distante. Eu fiquei parada lá por alguns instantes, tentando descobrir de onde estava vindo a voz. Parecia que estava vindo do quarto na minha frente. Eu não conseguia entender as palavras, mas dava para ver que era a voz de alguém. Eu sabia que a Joana e eu éramos as únicas pessoas na casa. Eu achei que podia ser algum ladrão que tivesse entrado pela janela para roubar algo. Eu fiquei completamente apavorada. Eu achei o interruptor da luz e acendi ela, e assim que ela acendeu, a voz desapareceu. Eu notei que a porta do quarto estava um pouco aberta. Eu corri o mais rápido que eu podia pelo corredor, até chegar no quarto da Joana, e acordei ela. Nem preciso dizer que eu não conseguia dizer uma palavra. Ela tentou me acalmar enquanto eu tentava freneticamente explicar para ela o que eu tinha ouvido.

Nós ligamos todas as luzes, e procuramos cada canto da casa, até chegar no último quarto do corredor. Eu me lembro de ter visto uma fresta da porta aberta, mas agora ela estava trancada. Eu falei isso para a Joana e ela falou que eu devia estar sonhando. O meu coração estava batendo acelerado, enquanto a Joana e eu estávamos paradas na frente da porta. Eu falei para ela que não era uma boa idéia abrir a porta e que devíamos chamar a polícia. Ela falou que se tivesse um ladrão lá, quando a polícia chegasse ele já teria ido embora. Ela tentou abrir a porta, mas ela estava trancada. Nós usamos um cabide na fechadura para conseguir destrancar a porta. Eu perguntei por que os pais dela deixavam a porta trancada, e ela falou que os pais dela não queriam que nenhum dos filhos entrasse lá dentro. Depois de meia hora tentando, nós conseguimos abrir a porta. Nós acendemos a luz. Imediatamente enquanto eu entrava no quarto eu podia sentir a minha pele arrepiando toda. O quarto estava completamente gelado. Dava para ver a nossa respiração saindo da boca. O quarto estava quase que completamente vazio. Não havia ninguém lá, e também não havia cadeira, cama, mesa, armário, nada, só o chão acarpetado, uma lâmpada no teto, uma janela, e um pedaço estranho de pano amarelo com algumas letras orientais (depois descobrimos que era chinês) vermelhas, posicionado na parede de frente para a janela. Nenhuma de nós duas sabia o que estava escrito (não somos chinesas).

"Eu acho que acabamos de ser roubados. Não tem nada aqui!" ela falou. A coisa mais estranha era que a janela estava trancada. Não havia sinal de que forçaram a entrada. O ladrão não poderia ter saído pela porta sem que nós o víssemos. Na hora nós chamamos a polícia. Quando eles chegaram falaram que o ladrão poderia ter fugido pela porta da frente. Nós ficamos muito assustadas para ir dormir.

A Joana e eu decidimos ficar acordadas o resto da noite. Era por volta das 6am quando de repente começamos a ouvir barulho vindo do quarto do lado do nosso. Assustadas, nós duas pulamos da cama. Nós grudamos uma na outra e a Joana agarrou a faca que ela tinha pegado na cozinha. Nós saímos do quarto bem devagar e fomos ver o que era o barulho. Nós vimos que todas as portas estavam abertas. Nós ficamos ainda mais apavoradas. Nós sabíamos que alguém tinha voltado para a casa, porque de noite nós tínhamos fechado todas as portas. Nós entramos no primeiro quarto (o do irmão dela) e ficamos em choque quando vimos tudo revirado. As roupas dele, as revistas, os CDs, tudo. Ninguém estava lá,mas os pôsteres na parede estavam todos rasgados, as gavetas estavam no chão e o colchão dele estava jogado no canto do quarto. Os outros quartos estavam revirados do mesmo jeito. Não tinha sido roubo, porque não estava faltando nada. As portas de entrada da casa estavam trancadas e as janelas também.

Depois daquela noite a Joana ficou na minha casa até os pais dela chegarem de viagem. Os pais dela, que eram muito supersticiosos e acreditavam no sobrenatural, falaram para ela a verdade sobre o último quarto do corredor; que era para ser mantido vazio e não era para ser perturbado. Eles falaram para ela que o dono anterior tinha se suicidado e teve uma morte dolorosa naquele quarto. Antes de saber disso, eles entravam no quarto e ele estaria gelado o ano inteiro, não importando a estação. Eles acordavam ouvindo sussurros e uma respiração pesada no quarto e no corredor. Os pais dela com medo de assustar os filhos, não contaram sobre os encontros sobrenaturais e sobre a história da casa. O irmão mais novo da Joana uma vez acordou sentindo uma mão gelada no rosto dele. AS vezes ele acordava com umas manchas rochas e indolores pelo corpo todo, como se tivessem beliscado ele. Nós descobrimos que o irmãozinho dela roubou a chave dos pais dela e entrou no quarto para ver o que tinha lá dentro.

Um monge budista amigo dos pais dela, falou que era para a porta ficar trancada o tempo inteiro e não era pra ninguém abri-la. De vez em quando ele aparecia lá e colocava os pedaços de pano amarelo na parede do quarto com palavras em chinês, supostamente para dar paz ao espírito. A família dela está na casa até hoje, e tudo fica na paz, contanto que o último quarto do corredor não seja perturbado e a porta fique trancada.

Tatiane - Belo Horizonte - MG 



fonte: além da Imaginação
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