Era hora de lançar o salva-vidas à água.
Tinha forças para remar, mas a falta de bússola deixou-me sem saber para onde ir.
Já tinha esquecido o conhecimento ancestral das estrelas-guia, julgo que todos o transportamos connosco, na nossa memória herdada. Mas as luzes do Mundo fizeram-nos esquecê-lo.
E ali estava eu, iluminada pelas estrelas, sem entender o que me diziam. Era, pelo menos, reconfortante tê-las ali comigo.
Tive sede, mas não podia beber, a água estava cheia de medos, não se devem beber, especialmente quando a incerteza nos abraça.
Decidi que devia parar, fechar os olhos, para melhor ouvir as estrelas, o som das ondas.
E então percebi que não havia remos, nem sequer bote, flutuava nas águas, agora calmamente.
A minha cápsula salva-vidas não era mais que o meu corpo. E então a minha alma aquietou-se. Ouvia as estrelas, o mar, a terra ao longe. E soube que ia entendê-los e que a terra me esperava.
Para todos há, algures, a Terra Prometida.
Isa Lisboa
Um poema que me deixou em estado de paz.
ResponderExcluirGostei muito Isa!
:) Obrigada, Clau! :)
ResponderExcluir