Quem sou eu?

Danka Maia é Escritora, Professora, mora no Rio de Janeiro e tem mais de vinte e cinco obras. Adora ler, e entende a escrita como a forma que o Destino lhe deu para se expressar. Ama sua família, amigos e animais. “Quando quero fugir escrevo, quando quero ser encontrada oro”.

Mulher Desaparecida Encontrada em Apartamento por Danka Maia


Inspirado de um teste Psicológico

Faltavam um pouco mais do meio dia da manhã de Natal, quando o celular do quase aposentado Detetive Lehmos tocou o devastado ring natalino selecionado por sua neta para comemorar a data, deu o ar da graça. Pensou: "Desgraça, é do Departamento!".
 Lehmos já não era o mais o mesmo, o vigor já o abandonara há tempos, assim como a esperança de fazer justiça tantas tentativas como os eficazes assassinatos. Tentou Ignorar o fato, quem sabe a justificativa em se tratar de uma manhã de data tão sublime fosse o fator determinante para ser utilizado sobre tal circunstância? Do outro lado, o ferrenho Ontwas, seu maior escudeiro nos últimos anos insistia na questão. Vencido pela lassidão, Lehmos suspirou profundamente como quem estivesse pronto para dar um murro na cara do companheiro e atendeu atravessado:
_Por acaso Ontwas, lembra que hoje é Natal?Do outro lado, o parceiro afoito não deu a menor importância para a provável aporrinhação causada ao também amigo e disparou:
_Precisa vir imediatamente a Rua Teles esquina com a Fonte Souza, número 238,apartamento 509. Temos um caso de potencial supremo, avisei a Corregedoria Distrital que assumiríamos o lance.
Do outro lado o rosto de Lehmos se sobressaltou inda mais colérico:
_Fez o que? Que pachorra Ontwas! Desde quando te nomeei meu acessor de imprensa?
O amigo apenas se deu ao trabalho de desligar o telefone em sua cara. Seu instinto policial, inda que as portas da almejada aposentadoria, falou mais alto. Apanhou seus pertences e saiu pelos fundos deixando um bilhete na porta da geladeira avisando a filha que teria que sair. Assunto: "Minha sina", discorreu no pedaço de papel. Ao chegar ao local, Ontwas já havia levantado todos os dados como de costume. Alguns policiais escoltavam a entrada do pequeno apartamento a espera do experiente detetive. O recinto estava intacto. Nenhum sinal de luta, roubo, arrombamento, uso de arma branca ou de fogo, porém,jazia na cama como quem acabara de deitar para dormir,o corpo de uma dona com aproximadamente seus sessenta anos.Branca, pele macia,lábios rosados,sem modéstia, uma bela mulher.Ontwas tentou narrar os fatos apurados,mas o que recebeu de Lehmos nada mais fora quem um olhar iracundo e vexante.
_Só ia ressaltar um detalhe. Abonou o pobre.
_Que seria? Averiguou em tom de deboche o detetive raivoso.
_A senhora Savala estava desaparecida, boletim de ocorrência e tudo. Relatou mesmo assim. Lehmos arqueou uma das sobrancelhas por cima dos óculos
Surrados e rebateu:
_Desaparecida? E foi encontrada na cama dormindo em seu apartamento? Ontwas! Era o que me faltava, foi por isto que larguei minha casa, num dia de Natal deixando de comer as suculentas rabanadas de minha senhora, um garrafão de vinho para beber feito um porco? Por uma consorte desaparecida encontrada no próprio apartamento? Foi por isto que devotei minha vida a carreira investigativa!-Saiu pisando apertado pela alcova.
Foi quando uma moça, alta, cabelos resumidos e da cor sol, olhos brunos, semblante abotoado, apresento-se como filha da vítima, Vitória mencionou ao se apresentar. Narrou aos dois que a mãe fora dada como desaparecida na noite anterior, quando não se juntou aos demais membros da família para a solenidade natalina, e ao entrar no apartamento notou que a senhora não jazia ali, do mesmo modo que nenhum de seus utensílios pessoais fora tocado, tais como vestimentas, acessórios e medicações, estes últimos sem os quais não poderia jamais ficar uma vez sendo cardiopata e hipertensa. Crendo que a genitora pudera estar a caminho de sua casa, saiu do apartamento levando consigo tanto suas chaves, quanto as de sua progenitora, que encontrou debaixo do capacho da porta, o que estranhou visto que isto indicava que por certo deveria estar dentro do espaço.
Como poderia então a senhora Savala ter esvaecido sem nem ao menos sair do seu lar? Terminado o monólogo da filha, Lehmos chacoalhou o dedo indicativo como se concebesse uma linha de raciocínio e a questionou:
_Senhorita Vitória, o que elucida teria se dado a cerca de doze horas no máximo, e estando em épocas festivas, gostaria de saber como conseguiu registrar o boletim de desaparecimento de sua mãe uma vez que: Primeiro, seriam necessárias pelo menos vinte horas, apesar de não haver esta prescrição, no entanto, como citei anteriormente estamos passando datas comemorativas importantes. Segundo, Por que tão rapidamente avaliou que o caso da senhora Savala fosse supressão? Ontwas o fitou incomodado, o que Lehmos aspirara com perguntas pertinentes e a julgar pelo seu tom de voz tão conhecido por ele, um tanto provocativo?
_Não entendo aonde quer chegar investigador. — Redarguiu a garota mostrando-se pressionada. — Acha que matei minha mãe? Dei como sumida, regressei e abanquei seu corpo em sua cama para me dar ao desagradável encontro de dissertar com um indivíduo como senhor?
Lehmos limitou-se a um riso no canto dos lábios, enquanto Ontwas tentava remediar a situação absolvendo-se em nome do amigo. Vitória decidiu se retirar, todavia, Lehmos foi talhante:
_A senhoria está detida para averiguação, cavalheiros... Chamando os dois guardas de plantão do lado de fora. Acompanhem a senhorita Vitória até a delegacia para depoimento e só liberem mediante minha ordem. -Sendo expresso.
_Com que autoridade faz isto, detetive Lehmos? — questionou ultrajada. —Caracterizo como abuso de autoridade!
_Suas caracterizações não muito me interessam mocinha, mas se aceitar um conselho, recomendo que contrate um advogado, vai precisar, e dos bons. Aos berros a jovem foi retirada pelos policiais. Ontwas disparou:
_O que deu em você, homem? Não pode simplesmente detê-la, sem nem ao menos sabe se foi ela quem matou a mãe. Enlouqueceu?
Ele lhe deu as costas indo em direção à pequena janela do recinto e rebatendo:
_Sabe Ontwas não seria um mau trocadilho lhe titular de Antas no lugar Ontwas,estás prestes a tornar-se uma! E contestando sua ridícula interrogação, sim, foi ela. De modo que a questão agora é saber como e o porquê cometeu tamanha atrocidade. —  examinado a luz que entrara pela vidraça.
_Não entendo mais nada.- Revoltou-se Ontwas.
_Pois explico, por caridade. A senhora nunca saiu do apartamento, esteve aqui o tempo todo. Note o cadáver, aspecto que entorpecido.
_Sufocamento?- Ponderou o parceiro.
_Não, primário demais. Algo mais simples, todavia sofisticado.
_Fumaça? Afinal, as janelas estavam todas trancadas. – avaliou outra vez. —Olhe para cima no canto esquerdo do seu ombro, há um alarme contra incêndio.
_Basta! — discorreu arreliado.
_Observe o que tem ao lado do leito da consorte, Ontwas. - Pediu o detetive.
_Seus chinelos. Rebateu modicamente.
_Note o piso do banheiro para a cama pela ótica da janela. Diga o que vê? Pondo as mãos nos bolsos da calça de linho.
_Há marcas dos passos na direção da cama. Cruzando o espaço e observando que a pisadura do calçado era o mesmo deixado pelo piso. Sim, foi ela quem veio do banheiro para cama, deitou-se,e foi morta pela filha?-averiguou.
_Uma das coisas que mais sábias do mundo é a natureza meu caro. À medida que envelhecemos certas alterações ocorrem a fim de nos beneficiar. Entre elas, a diminuição dos ossos, como por exemplo, os dos pés. A chinela não é da consorte, meça, o número é muito maior. Ontwas constatou que Lehmos foi certeiro. Aqueles não podiam ser os chinelos da falecida. E o que determinou incriminar a filha como autora do crime, foram dois fatores segundo sua aclaração ao velho parceiro.
_Assim que a senhorita adentrou notei que seus pés eram enormes, e isto chamou minha atenção uma vez que sendo alta e com cabelos encurtados, os pés tendem a se sobressair. Em seguida percebi que a dimensão de suas pegadas deixadas da porta até aqui são do mesmo tamanho dos chinelos deixado ao lado da cama. O segundo fator: Se não sabia onde poderia estar sua genitora, e até mesmo desaparecida, por que levar todas as chaves consigo? Saberia que o primeiro local ao seu retorno seria seu apartamento. As chaves só foram levadas porque Vitória tinha fidúcia que dona Savala não retornaria, porque já a havia assassinado.
_E o que a motivou?-balbuciou

Ontwas em estado contemplativo após a narração do comparte. Isto é o que agora iremos desvendar. Vamos para a delegacia.
Após alguns minutos sobre forte pressão, Vitória admitiu a morte da mãe. Como botânica, confessou ter usado "Beladona", planta de aspecto formoso, porém ao entrar em contato com a pele libera uma toxina que entremeia a epiderme da vítima, induzindo ao sono e logo a morte. E este foi o presente dado por Vitória a genetriz, um belo arranjos de flores, as quais "Beladonas".
A pergunta derradeira foi então feita por Lehmos, e a resposta, estarreceu a todos ali presentes.
Há sete anos o pai de Vitória fora assassinado em um assalto à mão armada. Em seu velório conheceu Pierre, e dali, ainda que numa ocasião tão infortuna, um grande amor, um relacionamento e dois filhos. Meses antes do natal ele a abandonou sem maiores explicações desaparecendo completamente. Por isso teceu o homicídio de dona Savala. Pois em sua mente doentia, como o conheceu no funeral do pai, creu que ele poderia voltar no velório de sua mãe.


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2 comentários:

  1. Ah, como as suas histórias nos levam a imaginar que há mais razões para ler e reler... viajar e voltar...
    Adoro o seu talento, minha amiga!
    Beijinhos!

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  2. Amiga Dulce sempre um prazer escrever e ler seu comentário! Beijocas!

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