Ele
aparece quando a gente menos espera. Pode ser por causa de um barulho, uma
sombra ou até uma cena de um filme. Tanto faz: todo mundo sente medo. E isso é
bom!
Essa
reação do organismo serve como proteção e, se não existisse, você correria
vários riscos. Segundo estudiosos, o medo foi essencial para a sobrevivência e
o desenvolvimento cada vez maior da espécie humana.
Com
medo de bichos ferozes, por exemplo, os homens passaram a se proteger em
cavernas e a evitar sair durante a noite.
Esse
e alguns outros medos foram transmitidos de uma geração para outra, até hoje.
Tanto que acredita-se que muita gente tenha medo do escuro por causa dessa
herança de milhões de anos.
Temos
outros medos que aprendemos a partir de nossas experiências. Assim, quem foi
mordido por um cachorro pode passar a ter medo do animal. E até quem nunca
passou por isso talvez se assuste com o bicho sem motivo aparente, só por ter
aprendido com alguém que ele representa perigo.
INSTINTO
Se
não tivéssemos medo, não teríamos nenhum receio de carros em alta velocidade,
de animais venenosos e de doenças contagiosas. Tanto nos seres humanos como nos
animais, o medo tem por objetivo promover a sobrevivência. Com o decorrer do
tempo, as pessoas que sentiram medo, tiveram mais pressão evolutiva
favorável.
Durante
a polêmica que existia no século XIX a respeito da evolução, a "face do
medo" (a expressão de olhos arregalados e boca aberta que costuma
acompanhar o medo extremo) se tornou motivo de discussão. Por que as pessoas
fazem essa expressão quando estão aterrorizadas?
Alguns
diziam que Deus deu a todas as pessoas uma maneira para que outras soubessem
que estavam com medo caso não falassem a mesma língua. Charles Darwin, por
outro lado, disse que isso era o resultado de um enrijecimento instintivo dos
músculos disparado por uma resposta desenvolvida para o medo e, para provar
isso, foi à seção de répteis do zoológico de Londres. Tentando permanecer
totalmente calmo, aproximou-se o máximo possível do vidro enquanto uma víbora
disparava em sua direção do outro lado. Em todas as tentativas, ele fez aquela
cara e pulou para trás. Em seu diário, ele escreveu: "minha força de
vontade e razão estavam impotentes contra a imaginação de um perigo pelo qual
jamais havia passado". A conclusão a que chegou foi a de que toda a reação
ao medo é um instinto antigo intocado pelas nuanças da civilização moderna
A
maioria de nós não precisa mais lutar (ou correr) por nossas vidas na selva,
mas o medo está longe de ser desaparecer, pois continua servindo ao mesmo
propósito que servia na época em que se encontrava com um leão enquanto se
trazia água do rio. A diferença é que agora carregamos carteiras e andamos
pelas ruas da cidade. A decisão de usar ou não aquele atalho deserto à
meia-noite é baseada em um medo racional que promove a sobrevivência. Na
verdade, o que mudou foram só os estímulos, já que corremos o mesmo risco que
corríamos há centenas de anos e nosso medo ainda serve para nos proteger da
mesma forma que nos protegia antes.
A
maioria de nós jamais esteve perto da peste bubônica (epidemia que atacou a
Europa na época medieval), mas nosso coração pára ao vermos um rato. Para o ser
humano, além do instinto, também há outros fatores envolvidos no medo. O ser
humano pode ter o dom da antecipação, o que nos faz imaginar coisas terríveis
que poderiam acontecer: coisas sobre as quais ouvimos, lemos ou vimos na TV. A
maioria de nós nunca vivenciou um acidente de avião, mas isso não nos impede de
sentar em um avião e agarrar firme nos apoios dos braços. A antecipação de um
estímulo de medo pode provocar a mesma reação que teríamos se vivêssemos a
situação real e isso também é um benefício obtido com a evolução.
Condicionamento
O
circuito da reação de medo pode ter sido afinado pela evolução, mas também há
um outro aspecto do medo: condicionamento. O condicionamento é o motivo pelo
qual algumas pessoas temem cachorros, ao passo que outras os consideram
praticamente um membro da família.
O
temor que uma pessoa sente de cachorros provavelmente se deve a uma resposta
condicionada. Quem sabe se essa pessoa não foi mordida por um cachorro quando
tinha três anos de idade e, muitos anos depois, o cérebro dela (a amígdala, em
especial) ainda associa a visão de um cachorro com a dor da mordida?
Medo
e excitação
Se você gosta de filmes de terror, já sabe que o medo pode ser excitante. Muitas pessoas gostam de sentir medo. E a excitação da reação de luta ou fuga pode ser prazerosa e até imitar a excitação sexual, o que faz que não seja nenhuma surpresa o fato de pessoas quererem ver filmes de terror e andar de montanha-russa em encontros românticos.
Existem
evidências científicas que apoiam a conexão entre o medo e a excitação. O
psicólogo Arthur Aron conduziu um estudo usando o tão comum medo de altura. Ele
fez que um grupo de homens andasse por uma ponte instável de 140 m suspensa a
uma altura de 70 m, ao passo que outro grupo teve de andar sobre uma ponte
idêntica, mas perfeitamente estável. No final de cada ponte, os homens
encontravam a estonteante assistente de Aron, que fazia a cada participante um
conjunto de perguntas relacionadas a um estudo imaginário e lhes dava o número
de telefone dela caso quisessem obter mais informações. Dos 33 homens que
cruzaram a ponte estável, dois ligaram para a assistente. Agora, dos 33 homens
que andaram sobre a ponte instável, nove ligaram. A conclusão de Aron foi que o
estado de medo estimula a atração sexual.
Fobias
Uma
fobia é um temor intenso e persistente que não se baseia em nenhum sentido
racional de perigo iminente e impede que o portador participe de atividades que
possam desencadeá-la. Existem três tipos principais de fobias:
Agorafobia:
medo de lugares difíceis de se escapar ou onde a ajuda pode não estar
prontamente disponível caso algo de ruim aconteça.
Fobia
social: medo de encontros com outras pessoas.
Fobias
específicas: medo de uma coisa ou situação específica, como cobras, falar em
público, altura ou sangue.
Nenhum comentário:
Postar um comentário