Mila já não suportava mais lidar com aquela
situação. Havia se tornado deverás insuportável. Há ocasiões na vida que se
você toma uma atitude em si,daquelas que vira o mundo,você simplesmente se
esvai.Não vive mais somente existe.
Dos
"Nãos",restaram...
Não havia mais
remédios a tomar.
Não havia mais
médicos para ir.
Não havia mais
lágrimas por derramar.
Não havia mais
para onde ir.
Os cabelos
caíram, a pele secou, o rancor adveio de sua alma se apossou.Os parentes te
toleram,até o terceiro mês, depois não tem jeito, cada um cuida de si,ninguém é
culpado,são as leis.
Até que um dia
ela viu no chão do ponto de ônibus, vindo da consulta do psiquiatra uma
filipeta no chão que dizia citação curiosa: RECEITA DE EXORCISMO.- pensou consigo:
_Será que depois
de prometerem trazer o amor partido em três dias poderão agora exorcizá-lo?
Entretanto, o
peculiar estava mais abaixo no endereço: "Campo das Risoletas, 287- Circo
Dos Depressivos."
Mila parou
franzindo a testa e repetiu em voz alta?
_Circo Dos
Depressivos? Depois dos Alcoólicos Anônimos ,Vigilantes do Peso e Mulheres Que
Amam Demais? Será?
Como na rua já se encontrava e sem
expectativas para os próximos cinco minutos de vida, ela foi.A esperança tem
disso,é a mais educada das virtudes,espera tudo passar para então dizer a que
veio.
O lugar era modesto.Poucas pessoas, na verdade
dois trabalhadores esticando a saia da lona do circo e um casal saindo de lá
com sorriso de orelha a orelha.
_Bom dia, é aqui
que fica o...
_Circo Dos
Depressivos!- confirmou o rapaz animado. - A senhora veio pela Receita do
Exorcismo, estou certo?- sacudindo o dedo indicador.
_É.- Mila
rebateu sem graça diante do que parecia loucura.
_Só seguir por
ali!- mostrando um caminho estreito e esquisito.
Lá no fim uma tenda.
Amarela como sol, um menina veio lhe saudar:
_Receita de
Exorcismo? Saindo Para já!
_Mas eu ainda
nem ...- Sendo puxada pela pequena.
Numa bancada
enorme, tinha ovos,laranja, mel,bola de gude, algodão doce,brigadeiro,um
pandeiro e uma viola.
_É para levar o
beber agora?- a senhora arfante perguntou.
_Beber o que?
Viola?- arregalou os olhos a perdida Mila.
Jogaram na
cadeira. Trouxeram um vidrinho, sacudiram, riram e aplaudiram a garrafinha.
No fim a moça
pela força de vontade decidiu beber inda que não soubesse o que fosse.
Sentiu-se mais leve,
melhor, bem disposta, sim o milagre havia ocorrido, a após o agradecido, indagou
a menina e a senhora:
_O que colocaram
nesta botija? Vida? Milagre?
_Água. - ambas
responderam.
_Água?- a moça
replicou surpresa com a façanha.
A senhora deu um
passo a frente, tocou na sua mão e admitiu:
_Água cura tudo filha.
Mas para curar mesmo basta só a gente ir onde certamente nunca achou que iria.E
foi isto o que fez.Veio no último lugar que jamais viria.E foi isto que mudou
não só seu dia, sua vida e sim história.Remédio bom,começa aqui.- apontando na
cabeça.
_Por quê?- ela
precisava saber.
_Porque e o
caminho mais próximo daqui. - apontando para o coração.
Mila
saiu dali e
comeu quanto tempo desperdiçou sem olhar o lógico, que para livrar-se
de doenças sejam físicas ou emocionais ,o melhor caminho era
sim,trilhar
quantas vezes possíveis e necessárias o caminho entre a mente e o
coração.
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