Quem sou eu?

Danka Maia é Escritora, Professora, mora no Rio de Janeiro e tem mais de vinte e cinco obras. Adora ler, e entende a escrita como a forma que o Destino lhe deu para se expressar. Ama sua família, amigos e animais. “Quando quero fugir escrevo, quando quero ser encontrada oro”.

A Lenda do Ceifador ( Com um Conto Sinistro)!

Em alguns casos, a Morte é capaz de matar a vítima, o que levou à existência de lendas de que esta pode ser enganada. Outras crenças dizem que é apenas um espectro que representa a ligação entre a alma e o corpo e que guia os falecidos até ao próximo mundo, não tendo qualquer controlo sobre a
 
 
 A Morte como entidade, é um conceito que está presente em várias sociedades ao longo da História.
 
 A Morte também é conhecida por Ceifador e, desde o século XV, é representada com a figura de um esqueleto que carrega uma lâmina grande e está vestido com um manto preto com capucho
Em muitas línguas a Morte é personificada com forma masculina, enquanto noutras tem uma forma feminina.

Mitologia Indo-Europeia

Helénica

Na Grécia Antiga a morte era considerada inevitável,
 por isso a figura da Morte não é representada de forma puramente má. É representada como um homem barbudo com asas, mas também como um rapaz pequeno.
 A Morte, ou Tânatos, é a parceira da via, sendo a morte representada por um homem e a vida por uma mulher. É o irmão gémeo de Hipnos, o deus do sono. É tipicamente apresentado com o seu irmão e é representado como gentil e justo. A sua função é escortar os mortos até a Hades, deus do submundo. Depois, entrega os mortos a Carote (que, de acordo com alguns, é batante parecido com a interpretação ocidental moderna da Morte, uma vez que tem a forma de esqueleto e um roupão preto), que chefia os barcos que os levam pelo Rio Estige. O Rio separa a terra dos mortos da tera dos vivos. Acreditava-se que, se não se pagasse ao barqueiro, a alma não era levada para o submundo e era deixada na margem do rio para toda a eternidade. Ar irmãs de Tânatos, as Keres eram os espíritos das mortes violentas. Eram associadas ás mortes nas batalhas, por doença, acidente e assassinio. Eram retratadas como más, alimentando-se frequentemente do sangue do corpo depois de a alma ter sido levada para os Hades. Elas tinham presas e garras e vestiam-se com roupas feitas de sangue.


Rio Estije


Germânica


Na tradição germânica, a Morte era um dos disfarces do deus viking Odin. Em inglês, o Grim de Grim Reaper, deriva de Grimnir, um dos nomes de Odin.

Celta

Para os Galeses, a Morte é Angeu e para os Bretões é Ankou. É 

visto por muitos como um homem com um roupão de capucho 

(invariavelmente preto) por vezes carrega uma foice.

Eslava

As velhas tribos eslavas viam a morte como uma mulher vestida com roupas brancas, com um broto verde na mão. Quem tocasse no broto cairia num sono eterno.

Esta imagem sobreviveu até à Idade Média, sendo apenas substituida pela imagem tradicional da Europa Ocidental de um esqueleto andante no século XV.

Báltica

Os lituanos chamavam Giltiné à Morte, palavra que deriva de "gelti" (que pica). Giltiné era representada como uma mulher velha e feia com um nariz azul grande e uma língua de veneno letal. A lenda diz que Gilinté era jovem, bonita e faladora até ser fechada num caixão durante 7 anos. A deusa da morte era irmã da deusa da vida e do destino, Laima, simbolizando a relação entre o principio e o fim.

Mais tarde, os Lituanos adotaram a imagem clássica da Morte.


Deus Odin

Mitologia Hindú

Nas escrituras hindús, o senhor da guerra chama-se Yama, ou Yamaraj (que significa, literalmente, "o senhor da morte). Yamaraj monta um búfalo preto e carrega uma corda atada num laço para carregar a alma de volta para o seu local de residência, chamado Loka. Há várias formas de Morte, embora alguns digam que apenas uma se disfarça de criança. São os seus agentes, os Yamaduts, que levam as almas de volta para o Loka. É aí que estão guardados todos os relatórios das boas e das mas ações das pessoas, que são armazenados e mantidos por Chitragrupta, o que permite Yamaraj decidir onde as almas vão residir na próxima vida, seguindo a teoria da reencarnação. O Yamaraj também é mencionado na Mahabharata como um grande filósofo e devoto de Brâman.

Yamaraj também é conhecido como Dharmaraj ou Rei da Darma ou justiça. Uma das razões para tal é que a justiça é servida da mesma forma para todos, estejam vivos ou mortos, com base no seu Karma ou destino. Isto é mais sublinhado pelo facto de Yudhishtra, o mais velho dos Pandavas e ser considerado a personificação da justiça, nasceu das preces de Kunti a Yamaraj.


Yamaraj

Judaísmo

De acordo com a Midrash, o anjo da morte foi criado por Deus no primeiro dia. A sua morada é no Céu, a prtir do qual necessita de oito vôos para atingir a Terra, enquanto que a pestilencia necessita apenas de um.  Diz-se que o anjo da morte tem 12 asas e está coberto de olhos. Na hora da morte, ele permanece na cabeça daquele que está a falecer com uma espada traçada na qual pendura uma gota de galha. Assim que quem está a falecer vê o anjo, é-lhe dada uma convulsão e abre a boca, para onde o anjo derrama a gota. Esta gota provoca a sua morte; ele começa a apodrecer e sua cara torna-se amarela.

A alma escapa através da boca, ou, de acordo com algumas fontes, através da garganta, por isso é que o Anjo fica na cabeça do moribundo. Quando a alma abandona o corpo, a sua voz é projectada por todo o mundo, mas não é ouvida. A espada traçada do anjo da morte, indica que este era visto como um guerreiro que mata os filhos dos homens. " O Homem, no dia da sua morte, cai perante o anjo da morte como um animal perante o chacinador" (Grünhut, "Liḳḳuṭim", v. 102a). Em algumas representações posteriores, a espada é substituida por uma faca e também é referido um cordão, o que indica a morte por asfixiação. Moisés diz a Deus: "Temo o cordão do anjo da morte". Dos quatro métodos de execuçã judeus, 3 recebem o seu nome a partir do anjo da morte. Também é este anjo que executa os castigos que Deus ordenou pelos pecados.

O anjo da morte assuma a forma que melhor serve o seu propósito. Pode aparecer como um pedinte a implorar perdão, ou um estudioso. "Quando a pestilência se impõe na cidade, não andes pelo meio da rua, porque o anjo da morte caminha por lá; se a paz reinar na cidade, não andes pelos lados da rua. Quando a pestilência entra na cidade, não vás sozinho à Sinagoga, porque é lá que o anjo da morte guarda as suas ferramentas. Se os cães ladrarem, o anjo da morte entrou na cidade; se correrem, o profecta Elias chegou". Nas orações diárias, o "destruídor" é o anjo da morte. Midr. Ma'ase Torah diz: "Há seis anjos da morte: Gabriel, o dos Reis; Kapziel, o da juventude; Mashbir o dos animais; Mashhit, o das crianças; Af e Hermah, o dos homens e das bestas.

 

O Ceifador

 

Escritor: George dos Santos Pacheco

Aquele dia ia ser o mais feliz de toda minha vida. Estava tudo pronto e arrumado. O quarto dele já estava pintado de branco e azul. Todo decorado. Eu tinha certeza de que seria um menino! Já podia me imaginar jogando futebol e empinando pipas por aí com o moleque… Minha mulher acordou sentindo dores. Estava com oito meses e pouco de gestação e, tecnicamente, ainda não estava na hora. Mas e eu me lembrava disso? Levantei da cama num salto e em questão de minutos estava vestido, ao contrário de Fernanda, que ainda lavava o rosto.
– Ande mulher! Por que essa demora? – disse à porta do banheiro.
– Quem está parindo não sou eu? Por que essa pressa toda? Fique calmo, ouviu? – disse ela ao me encarar com o rosto pálido.
– Desculpe, só estou empolgado… – disse um pouco envergonhado. Ela tinha esse poder. Com apenas um olhar ela me desconcertava por completo.
Evitei apressá-la e ela ficou um pouco mais natural. As contrações vinham de tempos em tempos e nos intervalos podíamos conversar melhor. Enquanto eu a ajudava a trocar de roupa, ela me dava recomendações sobre o caso dela ter de ficar internada na maternidade, que era pública. Eu estava desempregado e justo agora a situação não era boa.
Entramos com calma em meu pangaré, um Corcel setenta e seis, que infelizmente estava à venda, por causa das dificuldades de que já falei. Fui devagar para não deixar Fernanda nervosa. As contrações foram ficando cada vez mais fortes e em dado momento ela gritava de dor.
Finalmente chegamos à maternidade, o que para mim, foi um alívio. Eu já estava suando frio. As enfermeiras atenderam minha esposa e fiquei aguardando notícias.
– Eu sou marido de Fernanda Alencar, o meu filho já nasceu? – perguntei à atendente.
– Não senhor, ela ainda está no pré-parto…
– Mas isso não é possível! Chegamos pela manhã aqui! Onde está o médico? Preciso falar com ele… – disse furioso, procurando a porta pela qual teria contato com o homem.
– Acalme-se senhor! – disse ela saindo de trás do balcão. – O fato é que ela ainda não tem passagem para o bebê…
– Então por que não a operam? – disse. Ela estava com os olhos arregalados. Talvez se eu passasse por aquela porta ela pudesse perder o emprego. Foi o que deduzi.
– O que está acontecendo aqui? – perguntou um homem de branco que se aproximara com cara de poucos amigos.
– Ele é o marido da moça que entrou pela manhã, a senhora… Fernanda Alencar… – disse ela puxando o nome de minha mulher pela memória.
– Como ela está doutor? Estou preocupado e…
– É seu primeiro filho, não é? – disse o médico seriamente. Devia ter uns trinta anos, como eu. Tinha um ar autoritário na voz. – Fique tranqüilo, está tudo sobre controle. Estou aguardando para que ela tenha passagem para o bebê e então farei o parto.
– Mas ela já está tendo contrações há horas! – disse desesperado.
– Não se preocupe, é assim mesmo. Agora, tente se controlar, isso aqui é um hospital. – disse ele saindo da mesma forma como chegou.
Sentei no banco novamente. Eu estava mais aflito do que nunca. Havia alguns pais que aguardavam para visitar suas esposas e filhos. Não conversei com nenhum deles. Coçava meus cabelos, com a cabeça baixa. De onde eu estava era possível ouvir os gritos de Fernanda. Não, havia algo errado…
– Tem certeza que está tudo bem moça?
– Esta tudo bem senhor. Por que não vai para casa? Se quiser notícias é só telefonar…
– E deixar minha esposa aqui? De forma alguma! Vou ficar. Quero ser um dos primeiros a ver meu filho…
A porta que dava para a área restrita estava entreaberta e pude ver levarem minha mulher em uma maca. Não sei se ela me viu, mas levantou a mão como se acenasse para mim e eu respondi. Dei um sorriso misto de alegria e preocupação. Finalmente ia ver meu filho!
Já passava das quatro da tarde e nenhuma notícia. Eu não tinha comido nada e estava morto de fome. Mas não ia arredar o pé dali nem que chovesse canivetes. Uma enfermeira se aproximou da porta e chamou pelo meu nome.
– Sr. Osvaldo Alencar?
– Sou eu… – respondi rapidamente.
– Queira se aproximar, por favor… – disse ela me dando as costas. Sua cara não estava boa.
– Meu filho nasceu moça? – perguntei.
– Nasceu sim senhor…
– Graças a Deus! É um menino, não é?
– Sim, um menino…
– Eu sabia! Um garotão! – disse levantando os braços. A mulher não esboçou nenhuma manifestação. Tentava me dizer algo, mas eu mal lhe dava ouvidos. Fui até a sala de espera que era do lado e publiquei o nascimento do Osvaldinho para todos, que me retribuíram o sorriso. Meus olhos brilhavam.
– Escute senhor! Por favor! – disse ela me puxando pelo braço. Percebi que o que ela tentava me dizer era sério. – Seu filho demorou demais para nascer, e bebeu água…
– Ora, mas isso não tem importância! O garoto está bem… – disse tentando voltar para a recepção. Que mal faria uma criança beber um pouco de água?
– Escute senhor! – disse ela me puxando pelo braço novamente. – Ele não está bem. Bebeu água do parto e… morreu minutos depois. Sinto muito… – disse ela com lágrimas nos olhos.
Meu mundo desabou! Meu filho, que eu tanto amava, não viveu minutos… Ele também me amava, eu sabia disso. Parecia um pesadelo sem fim. O silêncio que antecedeu o que a enfermeira me disse jamais poderia ter sido quebrado. Isso não podia ser verdade! Verti em lágrimas silenciosas, com as mãos no rosto e nada no mundo podia acalmar minha dor.
– E minha esposa? Como ela está? – perguntei, quase sussurrando.
– Ela está bem… – disse a mulher. – Agora, se quiser ir… Ou então aguarde, na recepção…
– Perfeitamente… – respondi, e fui para a sala, com a cabeça baixa. Nenhuma das pessoas ousou me dizer uma só palavra. Não havia o que dizer. Tive inveja daqueles homens que ergueriam seus filhos nos braços em pouco tempo. Como eu queria estar em seus lugares!
Percebi um movimento na tal área restrita. As pessoas estavam nervosas e pareciam rifar algo que ninguém queria. Uma notícia precisava ser dada e ninguém queria ser portador. Levantei-me e fui até eles, mesmo sem ter sido chamado.
– O que aconteceu à minha mulher? – perguntei, ainda com o rosto molhado. Eles entreolharam-se, sérios, até que um enfermeiro tomou a iniciativa.
– Desculpe senhor, sua esposa teve uma séria hemorragia depois do parto e não… resistiu… – disse ele cabisbaixo.
– Não, isso não! – disse caindo de joelhos ao chão. – A Fernanda não! O que eu fiz para merecer isso? – gritei desesperado. Quando olhei para cima todos choravam.
Alguns vieram me dar alento, mas nada podia me confortar. O que seria de mim agora? No final do corredor avistei o médico caminhando tranquilamente. Não perdi tempo. Meu sangue fervia de ódio. Ninguém esperava a minha reação e não puderam me impedir. Corri em sua direção e dei-lhe um belo soco nas ventas.
– Desgraçado! O que fez com a minha família? – esbravejei enquanto os guardas e enfermeiros me seguravam.
– Tirem esse maluco daqui! – disse ele com a voz nasalada, caído ao chão.
– Por que fez isso? – perguntei chorando. As pessoas me arrastavam para fora, assustadas.
– Sua esposa não tinha passagem para o bebê e fizemos uma operação, mas a criança nasceu morta. Sua esposa teve uma hemorragia. Não pude fazer nada… Tente entender, a vida é assim mesmo… – disse ele ainda furioso com o murro que tinha levado, tentando levantar.
A vida é assim mesmo… Ele já sabia que minha esposa não ia ter meu filho de parto normal, por que não tomou nenhuma atitude enquanto era tempo? Desgraçado! Fiquei pensando em minha mulher. Não pude ao menos dizer adeus, ou confortá-la pela tragédia. E eu também queria seu conforto…
Os dias que se seguiram foram os piores possíveis. Tudo na casa lembrava eles. O cheiro das roupinhas lavadas, minha cama, as nossas fotos… Aquela cena ficou gravada em minha mente para sempre. Os dois, um ao lado do outro, cada qual em seus respectivos caixões… Todos me olhavam com pena. Se tivesse sido diferente, estariam me felicitando.
O pangaré foi vendido rapidamente. Com o dinheiro eu sobreviveria por um bom tempo, sem emprego, mas eu teria que procurar um rápido. Decidi então ficar o dia inteiro na rua. Isso me ajudaria inclusive a esquecer de tudo isso. Com parte do que eu recebi pelo carro comprei uma moto. Fernanda nunca gostou delas, mas agora ela me seria bem útil. Saía de casa pela manhã e retornava quase à meia noite. Eu pouco dormia, mas nem me importava. Nada mais me importava…
Consegui um emprego de entregador de pizza, à noite. Agora a moto se tornou essencial. As coisas estavam melhorando, e hoje minha vida mudaria completamente, talvez mais até do que quando perdi minha família.
Estava no caminho do trabalho, para o meu primeiro dia. Vejam que coincidência! O carro à minha frente é do médico que fez o parto de minha esposa… Enquanto procurava emprego, aproveitei e segui todos os seus passos. Descobri sua rotina, a que horas ia para o trabalho, a que horas voltava… Soube inclusive que tinha mulher e filhos.
Em um semáforo fechei o carro dele. Foi interessante ver o medo estampado em seu rosto. O soco que eu lhe dei deixou uma cicatriz incômoda no nariz. Eu usava uma touca negra e pensei em anunciar um assalto só para disfarçar, mas desisti. Puxei um revólver que estava na minha cintura e dei três tiros, mas nenhum o atingiu. Acertei a esposa e o garotinho que estava no banco de trás. Senti um frio na barriga e um pouco de remorso, mas isso passou muito rápido. A satisfação em vê-lo desesperado, tentando acudir os seus foi única.
Ele chorava feito uma criança, e isso foi divertido. Por um momento tive vontade de matá-lo também, mas ele não merecia morrer. Precisava sentir o que eu senti. Só quem perdeu alguém querido é que sabe como é essa dor.
– Tente entender doutor, a vida é assim mesmo… – disse ao arrancar com a moto.
O estopim foi a vingança, mas depois, matar tornou-se um hábito. Ninguém mais me chama pelo meu nome. Agora me chamam de… Ceifador…


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