Quem sou eu?

Danka Maia é Escritora, Professora, mora no Rio de Janeiro e tem mais de vinte e cinco obras. Adora ler, e entende a escrita como a forma que o Destino lhe deu para se expressar. Ama sua família, amigos e animais. “Quando quero fugir escrevo, quando quero ser encontrada oro”.

NÃO É PROBLEMA MEU! (por Danka Maia)



    Cansado da loucura dos grandes centros urbanos um ratinho decidiu se refugiar no celeiro de uma enorme fazenda no interior de Minas Gerais. O que nosso pequeno pensava é que a hospitalidade mineira dos humanos também se refletiria nos colegas que dividiriam com ele a nova morada, entretanto, uma coisa é o que a gente acha a outra o que a gente tem que lidar. Lá no Celeiro viviam um vaca, um porco e uma galinha que não demonstraram a mínima simpatia pelo recém-morador.
        Simplesmente o ignoraram e juntamente com o Fazendeiro que ao ver o ratinho entrou em pânico devido sua pequena safra de arroz e um desgaste emocional por sua esposa severamente acamada. O homem decidiu espalhar ratoeiras por toda parte, apavorado com a morte tão perto o ratinho foi a vizinha Dona Penosa, a galinha:
        _Dona Penosa, pode me ajudar a retirar essas ratoeiras? Estou com medo de morrer!

        Num rebate só Dona Penosa obtemperou:

        _De forma alguma. Eu sou uma galinha não tenho que ter medo de ratoeiras. O problema é seu!- virando a frondosa cauda carijó e saindo a ciscar.

        Mais apavorado ainda o coitadinho correu pedindo ajuda ao Seu Chico, o porco da fazenda na esperança que este o estendesse a mão amiga, quer  dizer a pata amiga:

        _Seu Chico, pelo amor de Deus, o dono da fazenda pôs ratoeira por todos os lados, mal posso andar, a morte é iminente! Socorra-me Seu Chico!- Depois de duas longas chafurdadas na lama o porcão levantou e com uma voz rouca o respondeu todo arrogante:

        _Por que me tomas? Sou um Lorde da Lama meu caro. Sou o porco Mor deste lugar, ratoeiras não me matam, não é problema  meu relis mortal!_ Voltando a ao seu gostoso banho de lama terapêutica segundo ele.

        Agora só restava a Dona Mimosa, a vaca que parecia uma boa vaca.

        _Dona Mimosa, a senhora é minha última esperança. Ajude-me a desmontar as ratoeiras vou morrer, estão por todos os lugares!- e que decepção, nem se justificou a Dona mimosa vou direto ao ponto.

        _Não é problema meu!- e o ratinho viu a sentença de morte declarada. Naquela noite um outro rato chegou a fazenda e foi o presa fácil para dezenas de ratoeiras espalhadas pelo recinto.O fazendeiro ficou deveras contente, e para comemorar a morte daquele julgava ser seu procurado não pensou duas vezes passou a faca na Dona Penosa. Passado alguns dias, amigos e parentes vieram visitar a sua esposa que tivera uma piora repentina e ai foi à vez do Seu Chico ser o prato principal.

         Outros dias e a esposa melhoraram de levantar da cama, um prodígio, ficara boa e para comemorar o milagre uma grande festa foi dada na fazenda onde todos se regozijaram desta vez com a Dona Mimosa.

        Final das contas, a galinha, o porco e vaca só morreram porque ajudar o ratinho: NÃO ERA PROBLEMA DELES.

        Pense meu amado leitor.

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