Quem sou eu?

Danka Maia é Escritora, Professora, mora no Rio de Janeiro e tem mais de vinte e cinco obras. Adora ler, e entende a escrita como a forma que o Destino lhe deu para se expressar. Ama sua família, amigos e animais. “Quando quero fugir escrevo, quando quero ser encontrada oro”.

A Ponte Do Suicídio



As imagens são belas e podem enganar os espectadores desavisados. "A ponte" (veja o trailer) não é um documentário comum sobre um dos mais famosos pontos turísticos do mundo, a Golden Gate. É um retrato do desespero humano feita por uma equipe comandada pelo cineasta americano Eric Steel. Durante todos os dias de 2004, câmeras em vários ângulos registraram o cotidiano das pessoas que passam pelo cartão-postal de São Francisco, Estados Unidos. Algumas delas, especialmente para se jogar de uma altura de 130 metros até o mar.



Steel registrou 24 quedas. Com um rádio na mão, avisava às autoridades o que tinha acabado de acontecer. Algumas vezes, acompanhou a busca do corpo e procurou a família. O filme reúne as chocantes imagens dos últimos minutos de vida dessas pessoas e depoimentos de parentes e amigos. Muitos deles relatam os momentos de depressão e o comportamento diferente dos "padrões da sociedade".
Há cenas impressionantes como a do roqueiro Gene que fica horas andando de um lado para o outro, refletindo, olhando para baixo, mexendo nos longos cabelos até decidir, de uma hora para outra, pular. Também há resgates como a de uma jovem conhecida pela polícia local. Ela já tentou inúmeras vezes cometer o suicídio. Um deles impedido por um turista, que não parou de tirar fotos, inclusive no momento do preparo do salto. Quando se deu conta da tragédia à sua frente, agarrou a garota pelo casaco.

Steel ainda encontrou um jovem morador de São Francisco sobrevivente da queda. Ele relata o que passou na sua cabeça nos minutos finais. "No meio do caminho me arrependi e pensei em uma maneira de sobreviver. Foi aí que inclinei meu corpo para cair com os pés", conta ele. Quem salvou mesmo sua vida foi uma foca que o ajudou a boiar enquanto esperava socorro. Ele quebrou vários ossos da região abdominal e teve hemorragia interna. Hoje, diz ter esquecido a idéia de suicídio. E é quase incontrolável a vontade de rir quando ele fala da abordagem de um turista alemã minutos antes de saltar: "Eu estava aos prantos e ela veio me pedir para tirar uma foto".
Para muitos, o documentário "A ponte" não passa de um trabalho sensacionalista do documentarista, ao estilo reality-show. Para outros, é um serviço público, que deveria levar autoridades locais a procurarem meios de evitar as centenas de suicídios ocorridos todos os anos na Golden Gate. São cerca de dois por mês - o número já chegou a 500 por ano - e muitos deles de não-moradores de São Francisco, que escolhem a ponte como cenário. Até hoje não foi tomada nenhuma providência com colocação de grades ou redes de proteção. E a equipe só pôde filmar com autorização da polícia e Guarda Costeira porque disseram estar documentando a beleza do cartão-postal.
O espectador do festival que escolher "A ponte" (mostra Expectativa) deve estar preparado não só para refletir sobre a polêmica gerada pelo filme mas no desespero do homem moderno. O longa de 93 minutos é um soco no estômago, dá uma chacoalhada na cabeça e faz revirar aquelas dúvidas mais quietinhas da nossa cabeça sobre a miserável condição humana.









Compartilhar:
←  Anterior Proxima  → Página inicial

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agora no Blog!

Powered By Blogger

Total de visualizações de página

Danka na Amazon!

Siga Danka no Instagran

Danka no Wattapad

Curta Danka no Facebook!

Seguidores

Confissões Com Um "Q" De Pecado

Entrevistas

Danka no Google+!

Danka no Twitter

Danka no Skoob

Seguidores

Arquivo do blog