Quem sou eu?

Danka Maia é Escritora, Professora, mora no Rio de Janeiro e tem mais de vinte e cinco obras. Adora ler, e entende a escrita como a forma que o Destino lhe deu para se expressar. Ama sua família, amigos e animais. “Quando quero fugir escrevo, quando quero ser encontrada oro”.

BLANKA- O Destino A Marcou Pelo Sangue por Danka Maia










FINAL
 Os dias prescreveram. O teatro lotava torrencialmente a cada apresentação. Não se falava sobre mais ninguém que não fosse à talentosa BLANKA MEDEIROS. Revistas, jornais, e todo tipo de mídia televisiva cobiçavam por uma entrevista ou sessão de fotos com a jovem, que apesar de ser a grande estrela que vinha para ficar, continuava simples e solicita a todos.

A grandeza dela dentro e fora dos palcos jazia de sua figura alguém ainda maior e transcendental.
Era um fato.



Blanka Medeiros tornara-se uma lenda da dança Internacional.



casal_apaixonado
  Por outro lado, sua vida pessoal tornara-se um emaranhado de sucessivos tumultos. Helena não a permitia paz, a pressionava a todo custo convencê-la de sair da Companhia de Eva Pasqualini.
As discussões entre elas volveram frequentes e cada vez mais cavalares. Porém, ela e Noah estavam cada vez mais solidificadas, ele terminara o noivado com Alice, que para seu espanto, manteve calada e contida. O próximo passo de Noah era revelar a verdade que os cercava. Contar a Blanka sobre suas filhas.
 
No último dia de apresentação, Alice voltou à procura Helena desta vez no Hospital das Nações. Fora talhante quando afirmou categoricamente que naquela noite enviaria toda a cópia do dossiê a mídia de plantão.

Helena abandonou o emprego e voltou para casa com a intenção de mais uma vez demover Blanka de continuar aquela empreitada.

_Precisamos conversar!- a enfermeira imperou quando a moça fechou a porta do apartamento.


_Helena, estou tão cansada. Amanhã, pode ser?- pediu solicitamente.


_Talvez o amanhã não exista Blanka.


 A jovem cessou os passos, e recuou olhando para a mãe, que pela primeira vez semelhava disposta a revelar algo tenebroso.


_Sente-se, por favor. - convocou Helena.


Pankova obedeceu.


_Deus sabe o quanto lutei e relutei para jamais ter que contar isto a você. Apesar de ter plena ciência, de que é uma verdade sua omitida por mim.


_Do que está falando?-Blanka reclinou-se no sofá trazendo os joelhos próximos ao corpo.


_Do contrato de aluguel. -afirmou.


_Por que tocaremos neste assunto, Mãe? Mais do que ninguém sabe o quanto isto me faz mal. O quanto já sofri por isto. Por que vai apelar para...


E antes que intentasse terminar a frase, Helena desfechou:


_Eu menti!Menti durante todos estes anos.Você é mãe biológica.Ele exigiu que os óvulos fossem seus.Ofereceu direito de visita e presença na vida do bebê.Mas fui eu quem decidiu não permitir.


_Você o que?- Blanka se estarrece com que Helena está proferindo.


_Sabia que soubesse que era a mãe biológica jamais entregaria as crianças, assim como não aceitaria participar do contrato. Então, omiti e menti para você. Porque queria o seu bem, embora compreenda que isto pode não ter mais a mínima importância daqui para frente. Mais está feito!- desabafou em meio a lágrimas.


Blanka a fitou, e só sussurrou um termo:


_Crianças?


Helena balançou a cabeça positivamente, e foi neste momento que a companhia tocou. Era Noah, ele e Blanka haviam combinado de sair para jantar após a apresentação. A jovem ergue-se atônita e abriu a porta de onde Stein adentrou maravilhado com o seu espetáculo, e logo observou que o clima era extremamente hostil ao seu contentamento.


_O que houve meninas?- perguntou ingenuamente sem saber que era parte determinante daquela conjuntura.


_Diga a ela, Noah!- gritou Helena.


Blanka não alcançou a tentativa da mãe e lançou um olhar confuso para os dois.


_Diga o que?- questionou Pankova. - O que o Noah pode me dizer?


Helena foi sucinta:


_Toda a verdade. O senhor Stein pode discorrer toda a verdade.


_Helena, não!- ele acenou a cabeça.


_Do que estão falando?- bradou a Blanka cada vez mais confusa.


_Vamos Noah, conte a toda à verdade que ocultamos dela, chegou a hora, e ela deve saber!- insistiu a enfermeira.


_Helena... Tenhamos calma!- rogou o ator.


_Pelo amor de Deus, falem!- Blanka suplicou agoniada. Uma discussão acirrada iniciou entre a enfermeira e Noah. E no calor da discussão, Pankova partiu para cima de moço, o olhou nos olhos e o advertiu:


_Lembre-se do que o pedi. Use a verdade comigo, a veracidade é uma lâmina que machuca uma vez só, a mentira talha para sempre!
Stein alça as mãos sobre a cabeça, e Helena principia pressioná-lo, no entanto, se nega veementemente.E no acalorado momento de debate,a enfermeira rompe o silêncio tão esperado que a aprisionava desde aquela noite em que fez a então menina assinar e aceitar os termos do contrato.

_Ele é o homem quem te contratou!Nunca houve família alguma, quem pagou para ter as crianças foi Noah Stein! E foi por isto que veio atrás de você. Por causa das filhas, porque as meninas apresentavam características suas e não dele. Ele entrou na sua vida pelo fruto da concepção!


E imediatamente um arrepio percorreu todo corpo de Blanka que recordou o que ouvira na noite do parto da boca de sua avó:


"Ele não entrará pelo início, mas pelo fim da tua história. Ele jamais será sua raiz, porque seu destino é ser seu fruto. Descobrir-te-á nos pequenos gestos, nas acanhadas expressões, nas inesperadas atitudes, nos melhores sorrisos, no mistério do teu olhar, é ali que vai te enxergar, e ao te ver ficará tão intrigado que isso será ao bastante para juntar os destinos de vocês. Não tenha medo, estou em paz. Siga seu caminho, o tempo o trará até você."


 

 Suas pernas bambearam. E de repente viu um filme passar em sua mente. O dia em que trombaram, e sua cicatriz misteriosamente doera. Da familiaridade e da inquietação que causara nela desde o primeiro instante que o vira. Da sensação de que o conhecia de algum lugar sabendo que jamais o havia conhecido.

O olhou sobressaltada, e replicou:


_É verdade?


Stein abancou-se na cadeira, e limitou-se a confirmar.


_Sim.


Pankova sobre fortemente chocada, persistiu:


_Laura, Nina e Sofia?

 

_Sim. -Redarguiu outra vez.


Apesar de ainda não conhecê-las, agora compreendia o pretexto pelo qual expunha que a hora certa chegaria.


_Minhas?- persistiu.


_Nossas. -A emendando. -São nossas Blanka, sempre foram. No inicio tudo que ansiava era ver seu rosto, compreender certas atitudes que elas tinham e desconhecia. E aos poucos fui vendo que a mulher que sempre vinha nos meus sonhos era você.


_Que sonhos?- interrogou consternada. 


_Via sua imagem nos meus sonhos, não alcançava o seu rosto, continuamente proferindo a mesma citação.


_Que citação?- Pankova exige que Noah a revele.


_TRÊS MOTIVOS DE SANGUE, TRÊS MOTIVOS DE DOR...


_TRÊS MOTIVOS DE SOFRIMENTO, TRÊS MOTIVOS DE AMOR! " - completou Blanka recordando do que o Pastor José a proferira na noite que passou por sua igreja.E de repente tudo pareceu tão claro como o dia visitado pelos primeiros raios de uma manhã de verão.
Diante dela estavam seus maiores algozes, a que intitulou mãe e o inusitado homem que confessou amar dado que foi o único amado.


_Alice sabe de tudo Blanka. - Helena elucidou todo o episódio e como vinha sendo chantageada pela moça.


Noah sentiu-se culpado e colérico pela falta de caráter de sua ex-noiva.


Pankova mirou os dois, e foi talhante:


_É disto que acham que tenho medo?De perder meu lugar no Corpo de Dança Eva Pasqualini? Então não me conhecem! Nasci cigana, meu orak é calon. Tenho a minha casa no vento, o céu e as estrelas são o meu o telhado.


_Ela pode destruir a sua carreira!- enfatizou Helena.


_Ninguém pode tirar o brilho que outro carrega como estrela. Quem vive com medo, vive pela metade. -ela o enfrentou.


_Quer voltar a ser nada?- rebateu a mãe na intenção de aflorar o juízo.


_Nos últimos anos foi tudo que alcancei ser, nada. Porque uma mulher sem seus filhos, não viveu, passou pela vida. E você me permitiu passar cada segundo deste tempo sabendo que podia mudar minha realidade. Como foi que reclinou sua cabeça, Helena?- totalmente inconformada.


Não houve outro sentimento que não fosse traição emaranhada em sua alma, e sem deixar que mencionassem mais nenhuma explicação, apanhou sua mochila de crochê, seu xale, bateu a porta e partiu.
    Durante a madrugada toda mídia escrita e televisiva foi anunciada sobre o dossiê que revelava o passado de Blanka Medeiros e Noah Stein.
Os telefones dos assessores de Stein não paravam um só instante, o mesmo na Universidade querendo esclarecimentos de Eva Pasqualini, que deu uma nota elucidativa onde mencionava estar ciente do procedimento e defendeu Pankova com unhas e dentes inclusive de que era e permaneceria sendo sua principal bailarina.
Helena e Noah não sabiam mais onde poderiam procurar por Blanka. Parecia que a moça havia simplesmente evaporado da face da Terra.
Por cinco dias seguidos ninguém ouviu falar do paradeiro da então revelada, Blanka Pankova.

      Faltava pouco para onze da noite quando o programa da maior apresentadora do momento, Elisa Portela, soltou notas que Blanka seria a entrevistada da noite.
Só restou a Noah e Helena se reunirem em sua mansão para a espera da tal entrevista bombástica.
Quando Helena colocou seus olhos sobre as três irmãs, ficou boquiaberta com a semelhança que tinham com a mãe, entretanto sem parecer entre si uma com as outras.
 Quando o Programa entrou no ar o mundo parou para escutar a versão dos acontecimentos da maior bailarina de todos so tempos.
 A entrevista durou aproximadamente três horas. O Ibope da emissora atingiu o ápice de audiência. E quando encerrou o encontro Estela a indagou:


_E agora Blanka, o que pretende fazer de sua vida?


Serena como nunca, mas com a mesma coragem da lutadora que ininterruptamente foi a cada segundo de sua jornada, contrapôs:


_Vou viver o que o Destino reservou para mim.


_ E se perder tudo o que conquistou com tanta luta até aqui?-lançou à apresentadora.


_Se eu perder é porque nunca foi meu. Então, amanhã acordo mais cedo e recomeço outra vez.


_Blanka, não tem medo de nada?- Abismada com a veemência da garota.


_O medo é um demônio que sempre prenderá a sua capacidade de seguir a diante. E eu não fui feita para ser detida por ninguém além de Deus.


 A entrevista se encerra.


Noah dispara a para a sede do canal televisivo. Mas Pankova foi rápida e soube fugir de todos e dele.
Naquela madrugada, Helena e Martina acalentava Sofia, Laura e Nina que não paravam de chorar, como se intuíssem todo alarido a sua volta.
Noah estava jogado no sofá de sua enorme sala jogado a imensidão do nada. Ameaçado por fantasmas que o assolavam sem parar. Quando o interfone tocou da guarita da casa.


_Senhor Stein, aquela moça está aqui. - pronunciou o funcionário.
Crendo ser mais uma jornalista atrás de um furo de reportagem, respondeu:


_Não vou falar nada com ninguém!- esbravejou.


_Mas senhor, é ela.


Stein percebeu algo diferente e rebateu:


_Blanka?


_Sim senhor.


_Deixe que entre. - atropelando as almofadas que estavam pelo caminho, e escancarando a porta principal quando um espectro começou a se figurar diante dos seus olhos.


Era ela.


Blanka Pankova.



Passou por ele, e resumidamente perguntou:


_Posso?- aludindo à entrada em sua casa.


Entorpecido, acenou consentindo.


_Onde elas estão?


_Lá em cima com Martina e Helena. Não param de chorar, já não sabemos o que fazer para acalmá-las.


Subiu a escada degrau por degrau como quem se preparasse para o maior encontro de sua vida. No meu da escadaria, sucumbiu à emoção e pranteou. Ergueu sua cabeça, e prosseguiu indo de onde vinha o choro das filhas, de quantas vezes imaginara em poder ouvir pelo menos o lamento delas.
Antes de cruzar o batente da porta, olhou para Stein que vinha seguindo-a, e falou:


_Obrigada. Você me deu três motivos para continuar a viver.


E adentrou o recinto.

Helena soluçou quando a viu, contudo não se aproximou por não saber qual seria sua reação.
Martina a admirou e deu a razão a Noah por ter batalhado tanto para encontrá-la.


_Senhora. - Blanka a cumprimentou.


_Suas filhas. - mostrou onde as três estavam tentando se espairecer do choro copioso.


 Diz a tradição cigana que todo aquele que contem sangue calon,quando ouve o dialeto romani ,embora nunca tenha ouvido antes não só o compreende como o fala.


È a lenda. É a tradição.


Blanka adentrou o recinto, e quando seus olhos repousaram sobre suas meninas, os seus lábios tremiam involuntariamente, porque se reconhecia em cada uma delas.
A primeira a se virar sentindo a sua presença foi Laura. Limpou os olhos com suas mãos pequenas e delicadas, achegou-se dela, que agachou à altura da menina. Contornou todo rosto da mãe que a proferiu:


_Murri orak.


A menina sorriu e contrapôs:


_Dai shukar.


_ Hai Shala?- arguiu a mãe debulhando-se em lágrimas.


_ Hay Sheli, Dai.


O que haviam dito foi:


_Meu sangue.


_Mamãe linda.


_Entende o que falo?


_Sim, entendo mamãe.

  Trouxe Laura até o peito sem fazer nenhum esforço de tentar entender porque o destino quis assim, e sim, daquele jeito era como tudo deveria ser.Foi como se tivesse abraçando seu bebezinho pela primeira vez.




Sofia e Nina vieram a seguir. E elas conversavam em Romani com Blanka como se fosse sua língua de origem.

Noah não conseguia compreender como aquilo poderia ser plausível, foi quando Martina atravessou o quarto o recolheu em seus braços e recordou:

_Não o disse que a natureza sempre encontra uma maneira de seguir seu curso?


Blanka, Laura, Sofia e Nina eram o que sempre foram, a continuação de uma geração cujo destino nomeou como três motivos de sangue, três motivos de dor, três motivos de sofrimento e três motivos de amor.
Após ter o direito de por suas filhas para repousar, Blanka desceu até a sala onde todos jaziam.

Helena levantou-se proferindo:


_Creio que devo me retirar, certamente vocês tem muito a conversar. - apanhando sua blusa indo em direção à porta.


_Mãe...


 Pankova a chamou. Ela virou-se certa de que chegara a hora do seu julgamento, e cessou os passos. De cabeça baixa, visivelmente abatida, esperou sua sentença. Blanka arqueou seu rosto, limpando-a com a palma de suas mãos, e se pronunciou.


_Eu te perdoo.


Surpresa Helena a fitou arguindo:


_Por quê? Sei que o que fiz não tem perdão.


Blanka beijou-lhe a testa, e contestou:


_Talvez se soubesse disto há meses atrás jamais lhe perdoaria, mas dia desses certo individuo ensinou-me algo que mudaria a toda a minha vida.


_O que?- Helena olhou piedosamente.


_Todos nós temos direito a uma segunda chance. - admirando Noah e sorriu abraçando Helena. - Quem erra por amor não erra mãe, apenas se adianta no horário do destino.


E as duas se entrelaçaram ali mesmo.


 

   Sentada no píer privado da mansão de Stein, Blanka apaziguo por um instante tentando processar tudo que acontecera em sua vida nos últimos meses.

Quando Noah sentou-se ao seu lado sem nada esperar dela. Só bastava estar ali.


_Como fica a situação entre mim e elas?- quis saber Pankova.


_São tão suas quanto minhas, sempre foram. Faremos o que melhor for para o bem estar delas. - confortando a mãe.


Passado alguns minutos, não se conteve e rebateu:


_ E nós?


_Por que acha que vim até aqui, gadjó?- com semblante cerrado
Julgando sua face, objetou:


_Eu sei, no seu lugar não faria diferente.


Virou seu rosto apertando seu maxilar com as mãos, pulou no colo dele com as pernas abertas, roçou o seu rosto no dele, o beijou provocantemente e concluiu:


_Todos têm direito a uma segunda oportunidade, todos, inclusive um gadjó metido feito você.


E foi ali na frente da imensidão do mar que Blanka Pankova e Noah Stein findaram uma história de amor onde o principio foi o fim, e o fim apenas um belo começo.





FIM














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2 comentários:

  1. Amiga, se disser que li todos os capítulos estarei mentindo, mas confesso que quando posso folheio as páginas desta tua história cheia de emoções...
    Um beijinho!!! estarei realizando uma brincadeira, na verdade sorteio em meu blog ainda esta semana começa.... se desejar participar passe por lá!

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