Eu preciso de outra história,
Algo para eu desabafar,
Minha vida fica meio chata,
Preciso de algo que eu possa confessar.
O tempo passou, com ele os prantos, dissabores, contudo não a velha manina de tentar fazer com que os poucos relacionamentos que surgiam durassem até o próximo glorioso Dia Dos Namorados. E enfim,esse dia veio.O Pedro era uma cara boa pinta,engenheiro,educado mas com estilo difícil. Era complicado para o moço mostrar seus sentimentos e com isso Clara nunca sabia ao certo o que de verdadeiro ele nutria por ela, mas pelo simples fato de poder viver pela primeira vez o seu grande e esperado dia, a fazia crer que o jovem era alguém muito especial, afinal,fora ele o "princípe" que a tiraria dos seus castelos de marasmos e sonhos femininos para um dia de amantes. Saíram para jantar, conversas, beijos e no fim da noite em meio ao Parque Estrelado, que recebera esse nome por refletir de maneira belíssima as estrelas em seu algo de água cristalina, Pedro simplesmentou virou-se para a senhorita e firme disse:
-Sinto muito Clara,não é nada com você,mas não quero mais continuar com esse relacionamento.Sinto muito.- O chão de repente sumiu de seus pés, foi como cair num abismo sem direito a uma passagem de volta.E nessas horas, a gente confunde e mergulha tanto na dor, que nem mesmo saber se gostaria de um regresso.O jovem nem esperou que o fôlego lhe viesse, não deu chances, meramente virou as costas e se foi desaparecendo em meio aquele caminho ladrilhado numa chuva fina que caia discretamente. Clara,foi abaixando vagarosamente pondo as mãos sobre sua barriga enquanto as lágrimas lhe viam de maneira abrupta e ininterruptamente.Fora isso que a vida lhe reservou? Enquanto o mundo ruía, ao longe escutou o som daquela canção, imediatamente rememorou aqueles versos.
O toque dele foi sutil e ao mesmo tempo fortificante, sua mão no ombro dela era tudo que alguém em tal situação necessita.
_Tubo bem moça?- Ele era de estatura mediana, do tipo comum, no entanto tinha um olhar penetrante, olhos brilhantes e negros como jabuticabas, no mesmo instante em que tal comparação foi feita, Clara também ponderou: "_Seriam doces como a pequenina fruta também?"
_Desculpe._Limpou os olhos e ergueu-se.
_Posso ajuda-la em alguma coisa?
_Sou Clara. - A jovem apresentou-se sem grande entusiasmo.
_Sou Antônio. Prazer em conhecê-la.
_Digo o mesmo e... - E antes que pensasse continuar ele a interpelou:
_DE QUANTAS ESTRELAS VOCÊ PRECISA?
De imediato não soube como responder então devolveu com uma pergunta:
_Como?
Antônio sorriu de um jeito tão especial que amenizou aquele buraco que jazia dentro dela.
_Eu costumo contar as estrelas refletidas na água do lago para me direcionar. Um velho hábito. Se quiser ir à cafeteria digo que são quinze estrelas. A banca de jornal cinquenta, entretanto quando estou com preguiça digo a mim mesmo que são apenas quarenta. - Capinando um riso dela que agora compreendendo respondeu suspirando:
_Acho que preciso de muitas estrelas para achar meu caminho outra vez. Essa música que ouve no seu fone de ouvido é minha preferida. - E outro momento mágico sucedeu-se:
_A minha também, principalmente a parte que fala: " Diga-me o que você quer ouvir,
Algo que agradará aos seus ouvidos."
E Clara notou que nunca tinha percebido aqueles versos por se absorver tanto nos outros. Viu que a beleza sempre estivera ali, ao lado da sua dor assim como a esperança.Antônio prosseguiu:
_Olha, tenho a noite toda, e neste céu - Referindo-se ao Parque e ao centro da cidade. - Eu sei caminhar e guiar majestosamente!- arrancando uma gargalhada da jovem que aceitou as quinze estrelas da cafeteria, e no outro dia as cinquenta a banca de jornal, e desde então tem caminhado por lá.
Sabe querido leitor, às vezes procurarmos demais, esperamos demais, criamos sonhos nas nossas expectativas de um modo tão utópico e sofrido que nos impede de viver e ver o hoje, o agora e de olhar a sua volta. Clara então entendeu que a sua busca tinha significado, pois se não fora sua determinação e a decepção com Pedro, ela jamais poderia estar caminhando no céu de Antônio.
Bora amar!
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