Quem sou eu?

Danka Maia é Escritora, Professora, mora no Rio de Janeiro e tem mais de vinte e cinco obras. Adora ler, e entende a escrita como a forma que o Destino lhe deu para se expressar. Ama sua família, amigos e animais. “Quando quero fugir escrevo, quando quero ser encontrada oro”.

SHAKESPEARE APAIXONADO por Danka Maia











Laura sempre achou no mínimo curioso esse jeito louco que a vida às vezes se apresenta. A primeira vez que o viu, notou que era bem claro, cabelos compridos, poderia ser um tipo clássico do bem arrumadinho, mas o moço castigado pelas mazelas das ruas era somente alguém que ia abrir a porta dos carros de um flat com a finalidade de receber trocados ,achava estranho um flat de alto padrão aquisitivo permiti-lo ali, mas a médica não sabia bem a razão.Naquela noite ela ia abrir a porta do seu veículo quando ele surgiu do nada e jovem decidiu cumprimenta-lo:

Laura
_Boa noite.-O estacionamento encontrava-se em silêncio apesar dos muitos veículos que estavam ali,seus donos moradores feito a médica.Tudo que recebeu dele foi a indiferença,nada mais.A segunda vez,foi até ele soturna.O estacionamento em breu,a luz havia faltado logo quando a moça adentrou e parou seu auto.De novo aquele homem pairava ali,por algum motivo semelhava preocupado.Descendo do auto e o fechando como de costume,mordiscou os lábios e ousou:

_Senhor, algo errado?

_A verdade nunca perde em ser confirmada. - indo revolver caixas, a jovem parou e achou interessante escutar a citação do autor Willian Shakespeare.

_Sempre o vejo por aqui.Fiquei sem saber se deveria ou não lhe falar.

_Ah... Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.- Outra alusão de seu escritor favorito, dessa vez Laura o indagou diretamente:

_Conhece Willian Shakespeare?

E pela primeira vez de fato a notou e no mesmo instante se encantou com os doces olhos verdes da jovem médica e sussurrando dissertou:






Shakespeare Apaixonado

_Assim que se olharam, amaram-se; assim que se amaram, suspiraram; assim que suspiraram, perguntaram-se um ao outro o motivo; assim que descobriram o motivo, procuraram o remédio.

Laura pairou diante da declamação tão inspiradora do homem e também segredou:

_Lindo!

Ele sorriu e desviou-se dos olhos dela.

_Como se chama?

_Dizem que oscilo entre  um escritor rebelde, um romântico incurável, um hábil plagiador e mesmo um ator trapaceiro e ganancioso. Há até quem diga que eu nunca existi e minhas peças seriam obra de um mero desconhecido.

_Quer me convencer que você é Willian Shakespeare?- soltando um belo riso.

_Do jeito que o mundo anda, ser honesto é (igual) a ser escolhido entre dez mil.

_Então sou Julieta  Capuleto!_ ironizou com charme saudando como as moças daquela época, um pé atrás do outro.

_Poderia recebê-la com muito prazer, mas isto seria deveras constrangedor não é verdade?

Laura rebateu:

_Não entendi.Por quê?

_Minha dama,fui quem a criou,lembra? O que é que há, pois, num nome? Aquilo a que chamamos rosa, mesmo com outro nome, cheiraria igualmente bem.

Laura sentiu-se perturbada e ao mesmo tempo imbuída de um sentimento novo para si.Sabia que ele fizera uma outra menção do que Romeu dissera sobre o nome de Julieta quando a conheceu.


Chacoalhou a cabeça para livrar-se da momento e estendendo a mão apresentou-se devidamente:

_Meu nome é ...- O  moço misterioso novamente a interpelou.

_Julieta Capuleto. Não se  perturbe em me expor nadar além disso, a verdade nunca perde em ser confirmada.Quando a solicitam evidentemente, o que não é o nosso caso.- _E tocando a mão dela gentilmente a beijou como quem toca a pela de um anjo, e o frescor do seus lábios fez  a moça sentir um súbito arrepio que piorou entre a nuca ao fim da espinha dorsal.Discreta, pôs a mão sobre o pescoço com intento de inibir aquela estranha mas deleitosa sensação, desvincilhou a mão dele e com um suspiro contido agradeceu e despediu dele:
_Boa noite Shakespeare.

_Sim Shakespeare...E agora apaixonado!- erguendo a mão esquerda em direção a ela com uma ternura arrebatadora nos olhos permitindo que fosse.

Em ocasiões como essa, ninguém sabe exatamente o que pensar, fazer ou tentar explicar com lógicas. Quando o sentimento bate é difícil conter o bichinho do será que eu devo?

À noite jamais fora tão longa. A cama parecia um iceberg fazendo a médica rolar de um canto a outro em busca de um bocado de calor para apaziguar seu espírito, mas o ardor que seu corpo pedia era outro, novo e bom demais para se consumir sozinha. Sentou na cama, gotas de suor rolavam incessantemente pelo seu pescoço,era notório para si que algo a possuíra. Colocou o penhoar e não quis saber se eram três da manhã, quem liga para  horas no relógio sem ponteiros do coração?

Por cinco vezes chamou o elevador que teimosamente não surgia a sua frente e em dez segundos estaria no térreo.Morava no vigésimo andar, toda princesa tem sua torre, no entanto neste conto de fadas será ela quem descerá para encontrar aquele que pode ser seu príncipe encantado. De tanto esperar, impacientou-se e decidiu descer os vintes lances de escada, os primeiros com as pantufas  felpudas, depois para agilizar as arrancou deixando pelo caminho entre um degrau e outro pondo-se mais célere ir em busca de seu objetivo.

 Ofegante, com pelo menos quinhentos gramas eliminados pelo esforço, Laura abordou no lounge do prédio indo direto aos rapazes no plantão da noite.

_Meninos boa noite!- arrumou-se da melhor maneira que pôde ajeitando as curvas exibidas pela transparência da vestimenta.

_Boa noite senhorita Laura, em que podemos ajuda-la?- o rapaz foi determinado fingindo não ver a bela forma da jovem.

_Eu gostaria...Não, a verdade é que eu preciso, careço , necessito encontrar aquele homem que fica aqui de vez em quando tentando abrir as portas em troca de trocados dos moradores.Certamente sabem de quem falo, ele está sempre por ali!- apontando com o dedo e houve um minuto de silêncio entre os rapazes que se entreolharam e então um deles rompeu a calada.

_Senhorita Laura,não sabemos de quem está falando.

_Como não?- revoltou-se. Eu o vi pelo menos uma cinco vezes ali tentando abrir a porta dos veículos de quem chegam, alto, branco, cabelos longos,maltrapilho. Gente pelo amor de Deus! E ontem foi quem abriu a porta do meu... - Laura ia completar a frase com a palavra quarto, todavia, sabia que ele tinha aberto portas muito mais profundas dentro de si, uma delas do próprio coração.

_Sentimos muito senhorita,mas ninguém com essas características jamais esteve aqui,até porque seria contra as regras de segurança do local.

De repente caindo em si sentiu-se ridícula frente aos demais.Semelhava uma louca, como ela sendo alguém tão racional se permitira tamanha imbecilidade. Volveu ao quarto pelo elevador, e assim por cinco anos resolveu consigo  aceitar aquilo como fruto de um sonho, nada mais.

Com a carreira estabelecida era hora de dar outro passo,construir uma família, a questão é que de certa forma isso implicaria em enterrar de vez a única lembrança que ela possuía do seu,só seu Shakespeare Apaixonado.

Todos os dias,em algum instante fosse com papel e caneta ou na tela do notebook, celular escrevia todas as frases que ele a dissera:




A verdade nunca perde em ser confirmada.


Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.


Assim que se olharam, amaram-se; assim que se amaram, suspiraram; assim que suspiraram, perguntaram-se um ao outro o motivo; assim que descobriram o motivo, procuraram o remédio.


Do jeito que o mundo anda, ser honesto é (igual) a ser escolhido entre dez mil.


O que é que há, pois, num nome? Aquilo a que chamamos rosa, mesmo com outro nome, cheiraria igualmente bem.







Foi quando Danilo entrou em sua vida, conquistou sua confiança e milhares de vezes ouviu aquela mesma história: Shakespeare Apaixonado. Entretanto,o mero Professor de Matemática que tinha a lógica na veia se apaixonara por ela e de algum modo inexplicável também porque aquela história.




Com a coragem que só os apaixonados possuem, determinou-se a  fazer um lindo jantar na sacada do seu prédio, tudo muito improvisado, mas feito com carinho e simplicidade,as melhores coisas da vida são elaboradas com esses dois poderosos ingredientes,o resto é resto.

Após o jantar onde o frango queimou e sobrara as peito do pobre para ser degustado, o vinho que embora ao ponto não era de uma boa safra e ficou claro o detalhe quando caiu um taça no vestido de lindíssimo azul bem claro que Laura usava,Danilo ergueu a cabeça,e pegou suavemente a mão da moça um gesto muito semelhante ao que o outro fizera.

Laura rememorou o outro instante.Danilo percebeu porém foi assente:

_Sabe que sinto por você. Sei, respeito e amo a sua história no entanto,alguém precisa te dizer a verdade Julieta Capuleto.



A médica ficou comovida com delicadeza de Danilo, mas o indagou:

_Que verdade?

_ A verdade nunca perde em ser confirmada.- Uma rola desceu do canto esquerdo de seu olho.

_Danilo...Não sei se estou pronta.- Limpando a lágrima do rosto da senhorita o professor completou:


_
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.

_E se eu não puder ama-lo do mesmo jeito?

_ Do jeito que o mundo anda, ser honesto é (igual) a ser escolhido entre dez mil. Só quero que tente.

Laura sorriu remexendo os braços um ao outro contra o corpo, pensou e perguntou:

_Amaria Julieta Capuleto?

Danilo tocou seu queixo e dentro daqueles intensos olhos verdes perdidos num tempo os resgatou falando:

_ O que é que há, pois, num nome? Aquilo a que chamamos rosa, mesmo com outro nome, cheiraria igualmente bem.

Laura de algum modo viu que talvez aquele homem poderia sim fazê-la feliz, porque a bem da verdade essa é uma das graças de saber viver,saber reconhecer oportunidades onde só havia um grande e longo deserto de emoções. A jovem por fim fez a derradeira pergunta:

_Seria outro Shakespeare apaixonado a amar a mesma Julieta Capuleto?

Danilo suspirou profundamente e de um modo que permeava entre o sedutor e o porto seguro foi categórico ao respondê-la:

_Não percebe Julieta? Nunca,jamais em tempo algum precisou de um Shakespeare Apaixonado e de algum modo vejo que ele te disse isso.

O que você sempre precisou para ser Julieta Capuleto de verdade foi de mim.

_Por quê?- enfim desarmando-se de qualquer emoção do passado.

_Pois para ser Julieta Capuleto carece de seu Romeu Montéquio, um homem capaz de qualquer sacrifício para provar o quanto vale a pena ama-la.

E chegou o dia que a moça compreendeu que fosse quem fosse Shakespeare Apaixonado, um fruto de um devaneio ou um aviso do Destino,o que realmente importava é que deveria seguir em frente e não de qualquer modo,com firmeza,dignidade,amada,amando e entender que se felicidade não existe quando nos fechamos em situações oras emocionais,sentimentais ou de qualquer outra natureza estaremos ainda muito mais longe do pelo menos ser feliz.

Ah! Não poderia esquecer!

Assim que se olharam, amaram-se; assim que se amaram, suspiraram; assim que suspiraram, perguntaram-se um ao outro o motivo; assim que descobriram o motivo, procuraram o remédio.









E foram felizes ,enquanto assim desejarem.



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