Quem sou eu?

Danka Maia é Escritora, Professora, mora no Rio de Janeiro e tem mais de vinte e cinco obras. Adora ler, e entende a escrita como a forma que o Destino lhe deu para se expressar. Ama sua família, amigos e animais. “Quando quero fugir escrevo, quando quero ser encontrada oro”.

O QUARTO DO PERDÃO por Danka Maia


Esse é um capítulo do meu livro Casa Dos Destinos,um capítulo que gosto muito e que trago hoje para nossas reflexões.










A noite cai, trazendo consigo, a falta de informações sobre  Marieva. Jocasta, está terminando de acomodar o amigo em sua cama. É visível seu abatimento e desgosto. Ele por sua vez, em seu silêncio, e com a visão mais aclarada, não deixa de reparar a acompanhante em sua dor interna.
Mistura de culpa e incompetência.
— De jeito algum deveria ficar tão triste, minha amiga.
— ele sussurra na expectativa de lhe confortar.
— Não consigo para de pensar nela. Nem no que poderia ter feito para impedir, e não fiz.
— Por que não havia nada que pudesse fazer, ponto. No fundo Jocasta, você é tão limitada quanto eu e Evinha somos.
Jocasta para num baque e reflete sobre a última frase do amigo.
— É verdade. Tem razão. Aqui sou tão limitada quanto vocês dois! — levando a mão sobre o lábio inferior, como quem acabara de conceber uma ideia.
— Por que o espanto?
— Porque não deveria Adrian. Sou uma enfermeira, não uma paciente. Quando cheguei aqui, Raziel me falou sobre todas as regras da clínica, avisou para nunca me aproximar do arquivo morto ou do porão. E que as altas, eram avaliadas pelos superiores. Mas, se sou uma funcionária, por que não sei sobre o código seis?
— Pode ser que tenha esquecido. — especulou.
— Não, não, não! Jamais esqueço das regulamentos dos locais onde trabalho. E outra coisa me chama atenção... — os pensamentos ecoam na mente da samaritana.
— Seria?
— Se o coordenador, os seguranças, faxineiros, recepcionistas, possuem nomes de anjos, por que eu não, se sou uma agregada como eles?
— Também crê que a história dos nomes faz sentido?
— Adrian está abismado com elucidações da amiga.
— Agora sim. — senta-se de novo na cama, e refaz a rota com as mãos. — Conheci alguns deles, Mahasiah é uma enfermeira, Keliel o rapaz que cuida dos banheiros. Admito que achei os nomes esquisitos, diferentes. Não concebi que eram nomes de querubins. — levanta o dedo para o rosto de Adrian. — Por que só o meu, não é? Não tinha pensado sobre este aspecto. — retendo o indicador novamente. — E ainda tem outro pormenor, Evinha desconhece, mas atinei, entretanto, me mantive calada.
— Estou começando a ter medo é de você! — comentou Adrian, esbugalhando os olhos. — O que sabe?
— Até o presente momento não conheci, tampouco fui apresentada a qualquer médico. Como pode ser isto? Médicos e enfermeiras interagem o tempo inteiro seja num hospital, clínica ou emergência. Isto além muito de anormal, é inaceitável! Que lugar é este?
— Noto que as supostas descobertas de Evinha, além de dominarem a sua e a mente dela, não satisfeitas, estão se espalhando por outra. — sorriu comedido.
— A sua não? — Jocasta o coloca contra a parede.
— Olha Jô, a Casa dos Destinos é um lugar atípico. Compreendi o fato, no primeiro minuto que botei os pés aqui. Mas, depois do que me ocorreu, meu interesse pela vida se tornou tão ínfimo que nunca dei importância ao caso. De certa maneira, passou a ser um lar para mim.
— Mas e agora, Adrian? Ainda não se importa? — seu tom de voz exige dele uma posição.
— Atualmente, — olhando-a  agradecido. — tudo o que mais quero é poder ter você e a Evinha comigo. Permanecermos juntos. Sou grato à você eternamente, pelo carinho como me tratou, como cuida de mim. E a ela...
— procura olhar num ponto invisível. — devo  essa vontade de reviver, embora sem saber se isso será algum dia permitido.
Evinha me trouxe alegria em respirar. Tão somente, pelo simples fato de saber que posso respirar sem medo outra vez.
Eles se alcançam num olhar.
— Sugiro descansarmos Adrian, porque amanhã, nem que seja a última coisa que faça, irei revirar canto por canto desta clínica. E te prometo. — aperta-lhe o queixo. — Irei  encontrá-la.
— Boa noite minha amiga.
Quando a enfermeira já ia saindo, ele a chama:
— Psiu!
— Diga.
— No fim tudo dará certo.
Ela apoia a cabeça contra a porta sem esconder um quê de desolação e questiona:
— E se não der?
— É porque ainda não chegou o fim. Fernando Sabino. Ela ficará bem.
Jocasta apaga a luz.
E o olhar de Adrian, fica entregue para a lua clara, que invade todo seu quarto com toda veemência e amabilidade que lhe é peculiar.

Por que não?
Logo que fecha a porta do quarto de Adrian, Jocasta cessa por alguns instantes. Ela chora calada, e em seu coração pede que Deus, a ajude de alguma maneira, achar a amiga.
Devido o seu afastamento com o ser divino, imediatamente, chora, por acreditar que Ele não tem motivos para ouvir ou acatar nenhum de seus pedidos.  
De repente, um lenço de papel aparece em seu ombro direito. Ela se assusta com o objeto, e quando se vira, se depara com Azrael, outro enfermeiro, de sorriso fácil, bonachão e senhor de um olhar muito doce  e terno.
— Nossa Azrael, você me deu um baita susto! — leva a mão ao peito.
— Desculpe amada, mas estava passando e ouvi o seu pranto. Pensei em ajudar. Pode me dar um minuto?
— Agradeço sua gentileza. — mostrando o lenço de papel. — já ia me recolher, Azrael. Estou um pouco cansada, tive um dia difícil, se não se importar, podemos conversar em outro momento?
Ele cochicha quase em forma de gemido.
— É sobre Marieva. — Então a enfermeira se recompõe imediatamente segurando-o pelo punho.
— Sabe para onde a levaram? Se souber de algo, me conte por favor, Azrael!
— Não faça alarde. Fique quieta e acompanhe meus passos, vou levá-la até Marieva. Mas não faça barulho, mantenha a calma, está bem?
— Tem a minha palavra. — beijando os dois dedos em forma de cruz.
Peregrinaram por diversos corredores. Muitas entradas e saídas que confundiram Jocasta. Ela tem certeza que jamais estivera naquela parte da Casa dos Destinos.
E que o recinto parece ser ainda maior ,do que visto de fora.
Por fim, chegam a um passagem muito estreita e escura. Azrael apanha um acanhado candelabro para iluminar o ambiente hostil. No fundo, há uma pequena porta de ferro. Sem maçanetas, é muito fácil notar que a porta só pode ser aberta por dentro.
— A porta não está trancada? — ela observa o detalhe.
— Não, não está. Só deste modo, Marieva poderá sair, ela tem que transfixa-la sozinha. A porta apenas poderá ser aberta por quem está dentro do quarto de perdão.
— Quarto do perdão? — Jocasta não faz ideia do que seja aquilo.
— Marieva foi trazida para cá, não para ser punida, e sim, auxiliada em seu processo, Jocasta. Faz parte do seu tratamento. Foi uma determinação clara de nossos superiores. É preciso que você entenda isso para melhor ajuda-la.
— Não entendo. Por que o nome desta sala chama-se "quarto do perdão"? É por que vão perdoá-la pelo o que fez? Pela maneira como se comportou? E como isto faz parte do seu tratamento, se como sua enfermeira, não fui sequer avisada?
Azrael não deu maiores explicações, somente, enfatizou:
— Entre! Não há tempo para responder suas perguntas, ainda que pertinentes. Não demore, ela não tem muito tempo.
— Mas Azrael... Como, não tem muito tempo? Do que está falando? Não compreendo nada!
— Lembre-se: — ressalta. — É Marieva quem tem de abrir a porta e sair sozinha. Se  não conseguir compreender porque veio parar aqui, receio que talvez você não a verá mais. Precisa ajudar sua amiga, Jocasta. Vá! Não perca mais um segundo!
Enquanto caminha pelo escorredor escuro e estreito, a figura de Azrael gesticulando com as mãos para que a enfermeira prossiga vai desaparecendo. Mesmo sem entender o que o enfermeiro queria dizer, o prossegue o encurtado trajeto. Para em frente à porta, e com um leve toque dos dedos a empurra. Que vai se abrindo lentamente.
Lá dentro, há mais escuridão. O pequeno aposento é ainda mais abafado, úmido e fétido que todo o restante da clínica.
Um odor insuportável lhe traz quase o vômito. Há muita imundície e entulhos, todavia, nada detalhadamente possui contorno. Jocasta balbucia.
— Evinha? Evinha? Pode me ouvir?
No canto direito uma voz funda a responde.
— Jocasta! É você? Estou aqui. — Um barulho emana do lado contrário. Jocasta alumia, porém, não há nada lá. Então, torna para o lado onde ouviu a voz e consegue chegar até Marieva com muita dificuldade. Vai tateando pelas paredes, até tropeçar na moça que está no chão.
— Evinha, graças a Deus! — elas se abraçam. — Que bom te encontrar! Meu Deus, que bom ter te achado! Não sabe como fiquei por ter a perdido! — beijando a fronte.
— Fico aliviada em ver ser rosto outra vez. — A jovem está completamente tomada pela emoção.
— Desculpe! Mil desculpas! Não pude evitar tudo aquilo. Sinto-me um lixo por isso.
— Não há do que desculpar. O que poderia fazer naquela hora? O que importa, é quando pode, fez. Esta aqui. Veio me encontrar. — Marieva roça o dorso de uma das mãos no rosto da enfermeira.
— Jamais sossegaria antes de saber para onde a tinham movido. Não tem ideia de como essa noite  seria de tamanha aflição. Nem mesmo sei como a encontraria.
— E o Adrian? Como ele está?
— Confiante, mas abatido em estar longe de você. Somos dois bobões sem sua palhaça encantada! — elas gracejam.
— Vocês são muito importantes para mim, de verdade. Mas, como me descobriu aqui?
— Na verdade não achei, Azrael me trouxe aqui assim que saí do quarto de Adrian.
— Azrael? — Desconfia.
— Sim, ele é outro enfermeiro que trabalha aqui também. Foi assim que pude chegar até você, até o quarto do perdão.
— Ah, então é desse modo que o intitulam ?
— Parece que sim. Azrael me falou que não tinha muito tempo. Que devia te ajudar a sair daqui o quanto antes. Por que não abriu a porta, Evinha?
— Mas como Jocasta, se  estava fechada desde da hora que acordei?
— Não, não! A porta só pode ser aberta por dentro, e olhe, — tenta iluminar a tranca. — a chave está na maçaneta. Poderia ter saído. Por que não saiu?
— Nem sabia onde me colocaram. E sei que pode parecer demência o que vou dizer, mas já estava me acostumando a esse quarto. Alguma coisa aqui me faz sentir confortável. — Ela  olha tudo a sua volta.
— O quê? A esse cômodo? A essa sujeira? A essa escuridão? Você enlouqueceu? Nem um animal conseguiria viver aqui!
— Um animal não, no entanto eu... — atirando-se na parede enquanto com as costas, desce até o chão, onde se acomoda por fim.
— Evinha, por que acha isso? É óbvio que não merece estar aqui. Ninguém merece. Por que ficar  num lugar podre, imundo, fechado e triste como este, se a chave está na maçaneta, pronta para ser girada? — Jocasta não entende o comportamento apático da amiga.
— Esse ambiente é tão podre, tenebroso e triste, quanto sou por dentro, Jocasta. — abafando a voz enquanto mordisca a vestido.
— Tem que tirar estes pensamentos, da sua mente. Isso não te faz bem. Vamos, temos que sair daqui já! — a agarra pela mão.
— Não Jocasta! Eu não quero ir! — puxando a sua mão de volta.
— Santo Deus, garota! Ouça tamanha discrepância. É totalmente insano! Irá sair daqui comigo, e será imediatamente!
— Não, pensando bem não é. Não era isso que minha família queria, quando me trazer para cá? Me enfiar num mundo tão obscuro e tenebroso, onde não tivessem que explicar a seu suntuoso ciclo de social aberração maligna que sou? Uma assassina infeliz e descontrolada? — Evinha está tomada pelo rancor. Logo que ouve a amiga, Jocasta matuta sobre o que Azrael havia lhe despertado: "O quarto do perdão".
Embora sobre conflito, atinge a lógica do recinto, e tenta abrir a mente de Marieva. Jocasta a toma pelos ombros, e a obriga olhar dentro dos seus olhos.
— Sei o quanto se sente abandonada, esquecida e traída por sua família por ter te mandado para cá. Mas, sabe...
— Sabe, o quê Jocasta? — a moça não mostra  nenhuma rusga flexibilidade em seu comportamento.
— Precisa perdoá-los.
Marieva congela.
— Deve perdoar sua família, seu noivo, sua amiga. Precisa ultrapassar o que fizeram a você. — agachando ao chão junto à ela.
— Por que fala sobre essas coisas? Sabe quando irei perdoá-los? Nunca! Jamais absolverei nenhum deles. Nem mesmo depois de morta! O que cometeram... É desumano!
— E o que fez com eles, é humano? — Jocasta grita sem pudores.
Jocasta e Marieva travam um olhar bélico.
Pela primeira vez, a moça rica e rebelde, desce o olhar para a enfermeira. Fica notório que está em meio a um grande tumulto de anseios.
— Detesto ter que lhe relembrar, mas, tirou a vida de duas pessoas que um dia disse amar. Feriu sua família com atitudes e gestos hediondos, que você mesma me contou dias desses. Nunca  gostou de estudar, de receber ordens, vivia de maneira desregrada, sem respeitar ninguém. Evinha, saiu de sua própria boca: “Sinto muito ter feito minha avó sofrer tanto com meus atos, ela jamais mereceu isso.”
— Vá embora Jocasta! — levanta e vai para um canto ainda mais escuro.
— Eu vim para te buscar, não vou embora sem você.
— Jocasta está impregnada de uma coragem que em si, desconhece.
— E por que veio atrás de mim? Eu não faria por você, estou sendo sincera!
— Eu sei, acredito em você. E foi por isto que  vim.
— Para quê? Para me encher de sermões?
— Não. Para te mostrar o que significa ter um amigo de verdade.
Houve silêncio.
Marieva a entreolha, e vai para o outro lado do quarto, ainda mais tenebroso.
— E se eu decidir ficar? Não pensou nessa hipótese? Deveria!
— Pois duvido que a Evinha que conheço, aceitaria ficar num lugar tão avesso a condição humana como esse, sendo uma firme defensora de seus direitos. Venha, vamos!
— Ficarei, Jocasta. — refuta contundente.
— Sabe, vendo isso aqui, entendo que perdoar faça parte do mesmo processo.
— Você não sabe do que está falando. Não passou pelo que passei. A dor é única, sabia? — Tenta se justificar.
— Pelo que passou, não. No entanto, acredita que nunca me decepcionaram, humilharam ou me feriram? Fui estuprada pelo padrasto quando tinha nove anos de idade, sabia?
Marieva olha imediatamente para a amiga e se apieda do que ouve.
— Sinto muito, Jocasta — se aproxima novamente. — E sua família, sua mãe, o que fez?
A enfermeira esboçou um riso sem ao menos chegar abrir os lábios.
— Me mandou morar com minha madrinha, disse que estava inventando mentiras porque tinha ciúmes dela com o marido. Dois anos mais tarde ele fez o mesmo com a minha irmã.
— Ela preferiu ficar a favor de um homem, do que da própria filha? — Evinha fica indignada.
— Sim, preferiu. Mamãe ficou com ele, até que morresse.
— E você? O que fez? — na expectativa de ouvir a vingança da amiga, diante da imensa injustiça materna.
— Cresci, estudei, batalhei, e todas as quartas-feiras fizesse sol ou chuva, durante vinte anos, fui visita-la na casa da minha irmã, que cuidava dela.
— Não acredito que não tenha guardado mágoa dela. Não mesmo! Ninguém é tão supremo!
— É claro que tive muito mágoa dela. — replicou com ênfase. — Porém, com o tempo percebi que a única pessoa que havia se prendido aquela situação era eu, mais ninguém.
— Aonde quer chegar? Ela trocou você e sua irmã, por um homem? Qual é!
— Sim, mas viveu a vida dela, do jeito que  queria. Quando alguém te faz algo, é você quem se torna o prisioneiro, não a pessoa. Durante anos, percebi que eu, era a refém de tudo aquilo. Fui eu quem sofri, chorei e remoí. O que minha mãe podia bancar? Pedir desculpas? Sim, isso era o máximo. Entretanto, cabia a eu sair daquela circunstância. O perdão é exatamente como esse quarto, Evinha. Exatamente!
— O quê? Feio, fedorento e escuro? — ela abre os braços mostrando a alcova.
— Não, é algo que te aprisiona pelo tempo que desejar, porque a chave sempre estará na porta. Tudo que precisa, é decidir levantar, caminhar, ir até a maçaneta, girar a tranca e sair. Se alforriar. — concluiu.
Os olhos da jovem ficaram gotejantes com que acabara de escutar: "Se alforriar".
— Quer que eu esqueça tudo que me fizeram padecer até hoje?
— Não, quero que se lembre de que é a única pessoa que esteve cativa aqui durante todo esse tempo. Ninguém mais está aqui além de você. Nem seu noivo, nem sua amiga ou sua família, somente você, Marieva.
Ela reluta calada. Trava uma batalha épica dentro de si, entre o soberba e a livre-arbítrio.
— Estou indo. — Jocasta se caminha até a porta. — Fiz o que deveria fazer aqui. Quero que saiba que eu e Adrian estamos esperando por você, ansiosos.
Ela volta, e a beija na face.
Respira fundo e sai do quarto.
Ao romper a porta que se bate imediatamente. Jocasta caminha por mais alguns metros do corredor tenebroso com o candelabro que Azrael deixou ali.
Quando está para sair, reclinar-se na parede e não consegue conter as lágrimas. Lamenta, convicta que falhou outra vez.
Entre soluços, ensaia continuar andando, após alguns passos, ouve um rangido na porta. Para, olha, iluminando o ambiente. Mas não é nada além de um velho rato passeando por ali. Torna e segue seu caminho tentando achar a saída de tantos corredores. Ouve seu nome em um tom muito baixo.
— Devo estar ouvindo coisas. — prossegue.
Quando ouve outra vez.
— Quem está aí? — indaga temerosa. — Tem alguém aí?
Ao  virar  para  sair da passagem, nota uma silhueta, cintila com o candelabro e pergunta mais uma vez.
— Quem está aí?
Nada surge.
No entanto, do outro lado, uma aparição se aproxima lentamente tateando as paredes do lugar. Jocasta a alumia, e encontra um olhar muito conhecido.
— Não acredito! — balbucia.
Corre em direção à sombra, coloca entre ela e a silhueta a luz para não haver erros.
E não houve erros.
— Não creio que tenha vindo! — a enfermeira joga o candelabro no chão, e agarra a amiga contra o peito com toda sua força. — Você veio, Evinha! Você veio!
— Parece que sim.
— Pensei que a tivesse perdido para sempre. Foi tão inflexível. Meu Deus, você veio, Evinha! — ela para por um instante, e a questiona curiosa. — O que a fez mudar de ideia?
— Raciocinei, se um amiga pode ir atrás de mim em um lugar tão inóspito como aquele, para mostrar do que era capaz de fazer por mim, entendi, que sair de lá, seria a prova, como amiga, de que sua ação valeu a pena.
— Tenho muito orgulho de ser amiga sua!  
— Nenhuma decepção em minha vida foi maior do que carinho que tenho por você e por Adrian. Meu passado me aprisionaria lá eternamente. Contudo, vi que meu futuro poderia me libertar.
 Jocasta coloca as mãos delicadamente sobre o rosto de Marieva.
— E conhecereis a verdade... — segreda.
— E ela vos libertará! — termina a jovem.
 Apanham o candelabro e tentam encontrar o caminho de volta. Enquanto Raziel, surge em um canto da parede com uma luz amena sobre seu rosto, ele, era a silhueta que Jocasta vira antes de Marieva. Com um leve sorriso e tocando as pontas dos dedos, como quem insinuasse uma batida de palmas afável, com a restrita finalidade de  não emitir nenhum ruído, confidencia:
— Bom trabalho Jocasta. Bom trabalho.

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