"Quando
o primeiro raio brotar então o doce coração a terra se entregará. E ao mesmo
primeiro raio findo se recolher todos chorarão a alma do guerreio que há de
jazer." No início só existia uma verdade: Amabile amava korsten e este a venerava.
Depois de aquele primeiro raio solar brotado na fenda entre o paredão de rochas e a mata cerrada que colidiu iluminando os densos olhos verdes da moça de vestido de puro algodão rústico onde na cintura trazia consigo um alforje com água e suporte com flechas cujas pontas carregavam um veneno milenar de sua tribo, os Limbus, e arco aguerrido em suas costas, a bela face da jovem revelou ao bélico dos Aiam que o sentimento que jurou na cova de seu pai jamais se cederia e sim tão somente aos interesses de seu clã se ater, enfim era mais que uma verdade, além de existir tinha força, pois roubou naquele instante o seu domínio.
_Teki pá noah!-o jovem saudou em sua língua que significava:_Não tenha medo eu sou de paz!-Amabile correu do raio de sol e ocultou a silhueta atrás de um grande e frondoso cedro de monfíneas.
A árvore dos amantes.
O moço de ombros largos, pele morena, lábios espessos e cabelos ondulados na altura do ombro, negro como a ave de Abudim, flexionou os joelhos atentos ao seu movimento e insistiu absorvido pela vivacidade daquela ocasião:
_Bedá ackuluim bin setê!-_Confie, sou um Aiam em paz de espírito!-Mas o silêncio permaneceu. Um fulgor alimentado por um vulcão o empurrou ainda mais ousado para junto dela.
_Theiká toum dotá. -_Por favor,confie em mim.-E enfim aqueles grandes olhos verdes postos milimetricamente naquele semblante angelical,onde madeixas ruivas que adornavam também o corpo terminando abaixo dos quadris largos e bem torneados com um tom de voz breve o respondeu:
_Midi atoak.- tradução para:_falo sua língua.- Ela veio em passos complacentes.Os pássaros cessaram sua canção,os demais animais paralisaram.Um anjo que passava levando boas novas para uma família também descontinuou e em seguida o semblante do tempo virou-se para Amabile e korsten e do mesmo modo obedeceu a continuidade que seguia.
Tudo conspira quando o verdadeiro amor nasce.
_Eu sei quem você é. O prometido de Valpurga.-A jovem não escondeu um certo desconforto mesmo que isto fosse incompreensível ainda para korsten.
_Sim, sou. Mas e você, quem é?-Amabile afastou-se para esquerda, não queria continuar, porém o moço não regressava e por fim a jovem cedeu:
_Sou Amabile, da terra de Limbus. -Não seriam necessárias mais explicações. O povoado de Limbus fora devastado por Aklasto, guerreiro violento na batalha que dizimou aquele vilarejo pacato a mando de Valpurga, pois esta almejava um suposto apoderar-se de um tesouro milenar que aumentaria ainda mais os poderes da aclamada Moça dos Feitiços, como era conhecida tornando-a uma espécie de Rainha Suprema sobre o mundo de Zarot. Restaram poucas vidas, todavia dentre essas a guardiã do tal legado, Amabile, contudo korsten não sabia que era seria justamente aquela púbere de aparência tão frágil que jazera ali a sua frente.
Debaixo daquele mesmo aponto solar o rosto deles se encontraram envolvidos numa bela sinfonia que um ser semelhante a uma fada que trazia consigo para jogar nas pétalas das flores de Auriá, as mais raras daquele da Terra Zarot,salpicou sobre os dois com um riso afetuoso e olhos gentis do anjo que vendo seu gesto de sutileza pôs o dedo indicador sobre os lábios para que tudo e todos pudessem ser absorvidos pelo ápice da beleza daquela cena onde um homem e uma mulher não tão somente se viam,no entanto suas almas numa completa sintonia revolviam na relva verde como duas crianças felizes indo para a terra do nunca,porém ao regresso do corpo a alma de Amabile foi deitar-se com a korsten e do guerreiro repousou sobre os braços dela enrolando-se em suas longas madeixas avermelhadas.Sim,o mundo cessa,descontinua,emudece,enriquece e agradece quando almas gêmeas enfim depois de milênios se acham,se entregam,não se negam,entorpecem uma a outra selado num puro,módico e intenso ósculo de amor.
Eternal Flame-The Bangles
Depois daquele singelo e único instante, os jovens não puderam mais se separar. A cada dia, uma vez ao nascer e outra ao romper do rei sol, Amabile e korsten encontravam-se e viviam tanto quanto reverenciaram aquele cálice que já deixara fulgente ao casal apaixonado ser mais forte que a própria morte, pois onde passavam, a caravana do fim cedia aos seus encantos,a abandonava em prantos e a vida facilmente vencia.
Por meses viveram assim.
Subiam e desciam as colinas de Tarsulle, amavam-se ora nas relvas do vale de Peki, ora debaixo das cascatas de Óderon.Uma coisa era certa,seja onde fosse o fogo que corria entre seus corpos não pertencia nem aquele,nem a esse,nem a qualquer outro mundo.Pois não há orbe que possua a ardência da paixão de uma alma habitando em dois corposEntretanto, nem todo céu pode ser celestial tampouco a luz o brilho dos pés.Os mensageiros,os Ardueros,olheiros de Valpurga que pulavam entre as árvores , uma vez que eram do tamanho da sombra da palma da mão humana de toda Zarot ouviram falar dos encontros secretos e apaixonantes de moça de Limbus e jovem de Aiam.
Valpurga não precisava de espelhos para lhe admirar ou envaidecer. Sabia quem era, não era a dose e sim o puro veneno. Engoliu toda a bebida e quebrou a taça feita do mais puro cristal de Vainá, feita especialmente para ela. Os olhos de seus serviçais enlouqueceram jogados uns contra os outros.O coração da Moça dos Feitiços era tão vil que seu ódio fez com que o cristal torna-se em lágrimas ali diante de todos.Valpurga tinha pactos secretos com muitas Deidades, e todos exigiram dela o mesmo preço além de sua alma imortal os olhos cobertos por vida, sim,ela vivia constantemente na escuridão,esse era o preço a pagar enquanto vivesse pela terra dos viventes, poderes para atravessar por toda e qualquer luz,todavia em si jazia a plena e absoluta obscuridade.
Ela não amava Korsten, mas amava ter o que amar.
E por mais cruel que fosse, era uma mulher, e o coração de uma mulher é como um oceano guarda muitos segredos, e quanto mais profundo for o oceano, mais obscuro são os seus mistérios. Friamente esperou a terceira lua cheia quando Korsten vinha visita-la na Torre de Astaeda de onde jamais sairia, nem mesmo quando se casasse com o guerreiro de Aiam.
Ele chegou diante dela como sempre, contudo naquele dia estava disposto a quebrar a aliança entre seu povo e a Moça dos Feitiços. Mas ao que cabia Valpurga, isto jamais iria acontecer.
_Valpurga!- Bradou firme por sete vezes como mandava o ritual com a mão sobre sua espada.
_ Valpurga! Valpurga! Valpurga!Valpurga! Valpurga!Val...- E pela primeira vez a voz potente de Korsten não terminou o nome de sua prometida.
Do chão de puro mármore prateado, abriu-se uma fenda onde uma fumaça de tom muito denso e escuro foi criando um redemoinho enquanto ao fundo ouvia-se a temível Carmina Burana . Um cheiro de um aroma amadeirado tomou todo ambiente e imponente à sombra da alta, esguia e pálida Valpurga em sua difusa túnica negra com brilhantes na cauda pouco a pouco ia se materializando diante dos seus olhos. Os olhos delas enfim jaziam destampados,e embora fossem esbranquiçados nunca foram tão avermelhados pela ira que lhe a dominou.
_Filho de Zaluk,você desonrou sua promessa para comigo!- Estendendo os longos dedos finos em sua direção.
Naquele segundo Korsten temeu por Amabile, pois compreendia que a havia posto sobre o jugo colérico de Valpurga e sua prometida até então não tinha o poder da informação mais valiosa, que a moça de Limbus era a guardiã do tesouro milenar do colar dos seus ancestrais, o poder que Valpurga tanto cobiçava e por ele entregara a alma.
_Valpurga, não sei o que pretendes, mas não faça nada a filha da terra de Limbus!
_Ao Filho de Zaluk, Korsten...- erguendo sua espada que apanhara enquanto o guerreiro a suplicava por Amabile.- _ A Amabile, a filha da Terra de Aiam...- Unindo os dois elementos.- _Eu, Valpurga,Filha das Deidades de Zarot conjuro sobre os dois que enquanto em suas narinas o ar fresco roçar que jamais se tocarão...
Maitã explicara ao casal, que o amor entre eles não era um sentimento que habitava em cada coração e sim que dividia dois corpos, portanto, no romper do sol daquele ano, que se daria dali alguns dias, se por um segundo conseguissem trocar de alguma forma um toque,uma palavra o sentimento tomaria um corpo apenas e poderiam então não viver mais no mundo dos viventes,porém de certo,juntos eternamente no mundo não dos mortos,pois os mortos não amam,mas no mundo dos que continuam suas vidas, em algum outro plano desta jornada.
Durante aqueles dias derradeiros tanto Amabile quando ressurgia quando Korsten tentaram separadamente com Maitã encontrar como poderia mesmo que por um segundo dedicar ao outro o que tinha sido determinado.E foi quando tiveram a mesma ideia, voltar onde tudo nasceu,aquela floresta, sobre os rochedos,e pedir para que todos os seres tocassem aquela mesma canção outra vez.
Todavia não seria possível recriar todo aquele cenário outra vez.
Mas da Terra veio Mikael, com o coral celestial.Da Zarot as fadas,estavam dispostos a tudo para tornar aquela realidade, aquele sentimento outra vez possível.
No entanto, Maitã foi claro, somente a palavra de um Ser tonaria tudo aquilo viável, e os seus nomes eram variados: Javé,Yhaweh,Eloim,Adonai,Nissi,Eloai,Princípio, Fim, Talvez eu e você o conheçamos apenas como Deus.
Faltava pouco menos de uma hora para a transição onde Amabile ressuscitaria e Korsten morreria mais uma vez.Todos se posicionaram.Aflição estava no rosto de cada um dos que ali encontravam-se, afinal,eram seres diferentes com Deuses,Deidades, Crenças e Credo tão diferentes, o que o mesmo Ser determinaria aquela causa e sobretudo aos jovens apaixonados.
Pouco menos de dez minutos e o silêncio era ensurdecedor.
Nada grita mais alto que o silêncio.
E
o melhor de um milagre é quando a nossa fé nos abandona por um mero segundo e
de repente eis que vem afinal. Na ponta do Céu de Zarot, um mensageiro veio
como um flash de luz e transformou-se num simples homem entregando a Maitã um
pergaminho. Assim que o leu,Maitã sacudiu a cabeça e rapidamente Gabriel e Idela,
a Rainha das Fadas se posicionaram,seria um dueto para a canção The Prayer/O
orador.
The Prayer/O orador- Andrea Bocelli &Celine Dion
O ORADOR
IDELA- Eu rezo, você
será nossos olhos
E nos observará
onde nós formos
E nos ajudará a
ser sábios
Em tempos em que
nós não soubermos
Deixe isso ser
nossa oração
Quando nós
perdermos nosso caminho
Conduza-nos para
o lugar
Guie-nos com sua
graça
Para um lugar
onde nós seremos salvos
GABRIEL -A luz
que você traz
Eu rezo, nós
encontraremos sua luz
IDELA- No
coração restará
E segure isso em
nossos corações
GABRIEL-A
recordação que
Quando as
estrelas saírem na noite
Eterna ela será
Na minha reza
IDELA- Deixe
isso ser nossa oração
Quanta fé que
Quando sombras
encherem nosso dia
GABRIEL-Conduza-nos
para o lugar
IDELA-Guie-nos
com sua graça
JUNTOS- Nos de
fé e então seremos salvos
JUNTOS- Sonhamos
com um mundo sem tanta violência
Um mundo de
justiça e esperança
Um dia cada um
dando a mão ao seu próximo
Símbolo de paz e
fraternidade
A força que você
traz
Nós perguntamos
se essa vida é amável
E o desejo que
bserve-nos do
alto
Cada um tendo
amor
Nós esperamos
que cada alma encontre
Em todos e
dentro de si
Uma outra alma
para amar
Deixe isso ser
nossa oração
Deixe isso ser
nossa oração
Como cada
criança
Que precisa
encontrar um lugar
Guie-nos com sua
graça
Nos de fé e
então seremos salvos
E a fé que
Age sobre nós
Sinto que se
salvará!
E
numa fração de segundo os olhos de Amabile viram as lágrimas que caiam
incessantemente doolhos de seu amado enquanto ia sucumbindo ao chão, e
rapidamente sem pensar jogou nos braços dele e o beijou de todo seu coração,
como só o amor verdadeiro e puro permite fazer. E daquela vez em uma década
Korsten não sentiu seu corpo ficar sem vida outra vez.Não houve palavra,nem
toque,mas a troca de fluidos de seus lábios foi dose suficiente para quebrar o
veneno que um dia Valpurga julgou ser letal.
Somente
houve tempo para a todos contemplarem, estavam livres de seus corpos físicos,
porém os celestiais apenas iniciavam a longa jornada,juntos,felizes e plenos.
Eles
desapareceram depois de um penhasco.
Idela
despediu-se de Gabriel e foi ao encontro de Maitã e curiosa o questionou:
_O
que Ele escreveu no pergaminho?
Maitã
riu e entregou a Rainha das fadas respondendo:
_Leia
você mesma.
E
ao abri o pergaminho Idela leu:
"Todas as
coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus." Não me ocupem com
ideologias humanas ou não,sou o primeiro escritor de tudo que conhecem,adoro
finais felizes.
D.
Beijos Galera!
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