Quem sou eu?

Danka Maia é Escritora, Professora, mora no Rio de Janeiro e tem mais de vinte e cinco obras. Adora ler, e entende a escrita como a forma que o Destino lhe deu para se expressar. Ama sua família, amigos e animais. “Quando quero fugir escrevo, quando quero ser encontrada oro”.

UM COPO DE ÁGUA (por Danka Maia)

  


 Tissy e Cris tinham aquele vínculo materno que transcendem todo e qualquer entendimento. Eram amigas, companheiras, confidentes e acima de tudo Mãe e Filha na essência.Embora Tissy fosse uma mocinha de dez anos de idade e a mãe o triplo,a idade entre as duas era só um mero detalhe.Quando iam dormir o ritual era sagrado. A mãe colocava a canção na voz de Maria Betânia, as duas se olhavam por uma eternidade, a filha passava mão sobre os cabelos encaracolados da mãe e a mesma acarinhava o rosto da pequena como se ali se perdesse sem jamais querer resgatar-se. E ao findar da canção,Cris colocava as longas madeixas sobre o corpo de Tissy como quem buscava o colo da menina e na última nota da melodia a garotinha dizia a frase de sempre:
    _Um copo de água mamãe,por favor!
    Cris sorria,beijando-lhe a fronte e ia até a cozinha deixando o copo d'água ao lado da cabeceira e ali além dessa perfeição.
    Mas veio o Destino,que nem sempre é belo ou explicável aos nossos meros olhos humanos.Foi num dia na volta da escola, quando iam atravessar o cruzamento de uma rua ao lado do shopping Plaza em Niterói que se encontravam no meio da passagem com sinal fechado um motorista cruel avançou o sinal e no reflexo quando Cris soltou a mão de Tissy viu que ele o atingiria em cheio,com aqueles rompantes que só quem é mãe pode ou pelo menos consegue elucidar a empurrou para meio fio e fez de si o alvo do assassino de quatro rodas.
    E o mundo em si continuou,no entanto, o de mãe e filha rompeu-se naquele exato segundo.
    Dias depois do lamentável episódio,numa reunião familiar Tissy passaria a morar com a sua avó materna, a Vó Beta.No quinto dia após a morte da mãe, a menina não podia parar de chorar, abafava a dor com o travesseiro sobre a boca. Beta surgia,vinha conversar, acarinhar, acolher mas... era sempre assim que terminava suas incontáveis tentativas, em três pontos de reticências.
    _Por que mamãe? Por quê me deixou aqui sozinha? Aqui tão sem você?
    E o vazio que ininterruptamente vinha desde a partida de Cris naquela noite foi rompido. Sentiu o peso daqueles cabelos longos e cacheados sobre a altura da sua cintura.No rompante entre o medo e a saudade indagou entre sussurros:
    _Mamãe?_Apenas uma voz chorosa foi ouvida:
    _Filha,escute,não quero que chore mais por mim,entendeu?
    _Mas você me deixou só.- respondeu a garotinha com teimosas lágrimas escorrendo pelos olhos.
    _Não foi de propósito,não foi o combinado. Porém mamãe precisa que entenda,eu jamais suportaria se aquele carro tivesse levado você em meu lugar..Pode compreender isso minha princesa?_Depois de um momento do mais absoluto silêncio, Tissy respondeu a mãe:
    _Está bem mamãe,não vou chorar mais.Prometo.
    _Acredite,eu sempre vou estar com você.
    _E como vou saber se é verdade?
    _Confie na mãe,saberá.
    _Mãe...
    _Sim amor.
    _ O céu é bonito?
    _Sim,é lindo.Mas não é perfeito.
    _Por quê?_ Indagou e foi se virando na tentativa mais confiante de vê-la.Entretanto,sua voz segredou antes de desaparecer:
    _Porque você não está nele minha flor. -No sétimo dia do falecimento, após uma reunião familiar para dar mais suporte a menina, Tissy foi dormir.Contudo, uma velha amiga veio visita-la, a sede. Pensou consigo:
    _E agora? Quem lhe traria o copo de água?- Uma lágrima brotou,porém lembrando da promessa que fizera a mãe a conteve forte e foi nesse segundo que viu uma silhueta sair da cozinha e sair pela portas dos fundos. No ímpeto Tissy levantou-se e foi de passo em passo,vagarosamente até chegar a cozinha.Não havia ninguém ali, frustrada quando ia virar as costas e regressar ao quarto seus olhos passearam pela pia da cozinha e foi que um sorriso lindo nascera outra vez em seu rosto.
    O mesmo copo com água até a metade com um pires rosa o respaldando como sempre fora pairava ali como se estivesse somente aguardando o seu olhar e a sua sede e lhe dar a garantia de que jamais estaria sozinha por toda sua vida.
    Pois é leitores,o amor verdadeiro excede qualquer entendimento.
    Ultrapassa qualquer fronteira.
    Perpetua em qualquer coração que esteja disposto a cuidar dele de modo incessante,devotado e principalmente, com intensidade.

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