E
lá vamos nós para mais uma das minhas aventuras no Mundo Encantado De Danka
Maia.
Praticamente
passei a minha infância em volta dos meus primos.Todos meninos,apenas eu era a
garotinha entre eles.O maneiro era que além de representante do sexo feminino e
também era a mais velha, então permeava ali, entre me protegerem uma vez que
era a "mocinha" e mais "velha" do clubinho, que intitulei
como "Os Quatro Cavalheiros do Apocalipse".Na sua formação inicial,
eram eu, Anderson, Elizelto e o Joran.Nossa, como nós aprontávamos! Sempre fui
mais ligada ao caçula até então que era o Elizelto, tinha por ele um carinho
misturado com cuidado uma vez que ele era o mais novo. E o mais legal de nós
quatro era como nos protegíamos. Lembro sempre de nós quatro sentados na
varanda da casa da minha avó com as perninhas balançando no muro, já que os pés
não chegavam ao chão, pensando qual seria nossa próxima aventura logo dor de
cabeça para os nossos pais.Cismamos então de primeiro esperarmos vovó dormir,
soneca que era sagrada após o almoço, e resolvemos mexer com as galinhas delas
atrás da casa.Detalhe, ela já havia nos comunicado que não chegasse primeiro
porque uma das penosas tinha "tirado" os pintinhos e embora fosse uma ave estava brava como uma
leoa.Caramba, fecho meus olhos e posso escutar a voz da minha saudosa vózinha
dizendo:
_Olha
vocês não vão mexer lá não, heim! Estou avisando, hã!
Mas
quem falou que criança liga para conselho de adulto. Aliás, quando crianças
temos o tal "Bichinho do contra".Se te mandarem para direita, é para
lá que quer ir, se falarem para ir para a praça,não quer de jeito nenhum.E
naquele dia não foi diferente.
Rodeamos
a casa com maior cuidado nas pontas dos pés, o curioso é que embora o Elizelto
fosse o menor, sempre foi o mais ágil, esperto, parceiro de crime perfeito,e
ele conhecia toda procedência metódica da vovó.Então a fila seguia,
ele,Joran,Anderson e por fim eu.Tínhamos uma técnica, se algum adulto nos pegasse no flagra pelas costas, nos safaria
porque eu era a mais velha e sendo menina não podia ser algo tão cabeludo
assim, e se fossemos pegos pela frente,tinha o Elizelto, que por ser o caçula
daria o tom que não era nada demais.
Resultado?
Fomos cutucar as tais penosas. Recordo que cada um estava com uma vara de
goiabeira para futucar a pobre mamãe. Na
primeira cutucada, ela gritou.
Morremos
de rir.
Na
segunda, gritou e levantou.
Rimos
mais ainda.
Na
terceira, lá fui eu a gordinha imbecil que deu o maior safanão na coitada da
galinha com os filhotes no ninho. Só que aí deu zica.
_Ih!-Berrou
o Elizelto com uma cara nada boa. - Melhor sairmos daqui.
E
eu a prosseguir achando aquilo o
máximo.Porém, a senhora penosa levantou tanto as asas que achei por um segundo
que estava lidando com um avestruz de tão gigantesca a figura.
_Por
isso!!!- Gritou o Elizelto. - Vamos sair correndo que vai vir com tudo para
cima da gente!
E
não deu outra.A galinha saiu tão possessa do galinheiro que nem o pastor ou
padre daria jeito nela.
E
a confusão se instalou.
Corríamos
feito loucos o quintal inteiro da vovó, e olha que era imenso.E quanto mais
corríamos mais a dita-cuja abria as asas e desatinava atrás de nós.
Lá
pela terceira volta, já não aguentava mais. Além de gordinha sofria de
bronquite, por mais que você queira cadê o tal do fôlego?
Joran
então teve uma ideia formidável. Danou a berrar para geral:
_Vamos
subir no pé de mangueira!
Na
primeira volta ele e Anderson conseguiu. Na segunda consegui jogar o Elizelto
para cima, e na terceira fiquei na pista! Por mais que apetecesse, e eles me
dessem as mãos para me puxar para árvore no meio do quintal, não tinha forças
ou sopro. Aí pedi arrego, corria e gritava:
_Socorroooooooo!!!!!!!!!
Vovó Socorrooooooooooo!!!!!!!
E
lá veio minha avó com um cabo de vassoura na mão desesperada sem saber direito
o que estava acontecendo.No entanto quando viu a cena,juntou-se a dura lida:
Eu
, a galinha atrás de mim e a vovó atrás dela com a vassoura.
E
enfim, fui salva daquela penosa de uma figa.Me livrei dela, não da bronca da
vovó, do castigo dos meus pais que se resumiu a uma semana sem poder nos
juntarmos outra vez.
Naquele
tempo ficar uma semana sem eles era um infinito para mim.Hoje somos adultos,
cada um vive suas vidas,mas decide neste domingo de páscoa trazer essa peripécia.Porque por mais
que a vida tenha nos separado, nossas lembranças jamais serão, e no fundo é isto que vale.
Decido
aos meus primos: Elizelto, Joran, Anderson, Vitor, Washington, Leonardo, Marcelo
e em memória da minha amada avó Maria
Dolores Bispo,que saudade de não poder sua
canjica com amendoim.
Aproveitem
suas famílias, a gente nunca sabe quando vai acabar, mas quando acaba tudo que
resta é a lembrança e a saudade.
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