Quem sou eu?

Danka Maia é Escritora, Professora, mora no Rio de Janeiro e tem mais de vinte e cinco obras. Adora ler, e entende a escrita como a forma que o Destino lhe deu para se expressar. Ama sua família, amigos e animais. “Quando quero fugir escrevo, quando quero ser encontrada oro”.

A brincadeira do copo; Relato de tirar o fôlego!!!



 


A “brincadeira do copo” é sempre fonte de ótimas histórias. Uma delas foi o Junior, um amigo lá do prédio que me contou.
Ele estudava no Cejota e depois da aula juntou uma galera no pátio. Entre o papo surgiu aquela parada da “brincadeira do copo”.
Então o Junior resolveu “tirar a prova dos nove” como ele disse, e chamou a galera para fazer a “brincadeira”. Aí juntou a maior galera. Eles fizeram uma vaquinha e compraram o copo virgem. Foram para o campo de São bento, lá no fim do campo, perto daquela arvore sinistra que tem umas raízes penduradas gigantes.
Eles se juntaram ali e com folhas do caderno fizeram uma tábua ouija.

Rezaram duas ave-marias e esperaram.
Quando deu o tempo, o Junior fez a derradeira pergunta:

-Tem alguém aí?
-…
-Tem alguém aí?
-…
-Tem alguém aí? – Ele perguntou pela terceira vez.

O copo se moveu. Junior via estupefato o copo sair da posição inicial e começar a deslizar sobre a mesa.
Uma das meninas ia anotando as letras e montando as palavras.
Surgiu o nome de um homem.
E assim palavras foram surgindo. O copo movendo-se cada vez mais rápido. As meninas com o dedo no copo apertavam os olhos fechados.
Junior se cagou de medo.
Ele quis encerrar a comunicação com “o outro lado”. O problema é que quem estava o “Outro lado” Não quis.
O copo começou a escrever palavrões e ameaças. Começou a dizer que ia matar todos ali.
A cada ameaça, mais eles ficavam com medo. As meninas começaram a chorar.
O copo frenético.
Elas pediam para sair e o copo insistentemente ia para o “Não!” No meio da tábua.

Tomado pelo pânico, a tarde escurecendo, o medo de ficar preso com o espírito do copo no Campo de São Bento, Junior agarrou o copo e jogou-o contra o muro. O copo bateu e caiu no chão voltando para baixo.
Todos se espantaram quando o copo deslizou sozinho pelo chão para a direção deles, fazendo até -segundo as meninas – uma trilha na areia.

Todos saíram gritando desesperados.
Naquela noite, buraco de fechadura foi largo para neguinho passar.
O Junior contou este caso muitas vezes na minha frente, e sempre chorava quando contava que o copo bateu no muro caiu e veio andando na direção dele.
Sei lá. Eu acreditei nisso. Nunca fiz a tal “brincadeira”…

Mas isso não me livrou de ter problemas com entidades que assombraram a minha casa.
(obs: Daqui pra baixo, eu vou entender se muitos e vocês não acreditarem. Não peço que façam isso. Vou relatar apenas o que eu vivi e senti. Quem quiser acreditar, beleza. Quem não quiser, beleza tb.)
A primeira ocorrência estranha foi notar que coisas sumiam do nada. Uma vez um pincel meu desapareceu da mesa enquanto eu estava pintando. Deixei o pincel de lado e fui pintar com outro. Quando me virei para pegar o pincel, cadê?
Procurei pelo meu quarto inteiro até me conscientizar que o pincel simplesmente havia “dado no pé”.
Intrigado, continuei a pintura sem o tal pincel. No dia seguinte achei o pincel dentro da geladeira.
Esta foi a minha primeira situação em que eu comecei a questionar se meus miolos estavam dando tilt. E a coisa só piorou.
Nessa época, meus pais viajavam muito. Eu ficava no apartamento com o Rex 1. ( o cachorro mais inteligente que eu já tive)
Um dia, ao voltar do play, no elevador eu ouvi o rex latindo. Quem tem cachorro por muito tempo, sabe distinguir o “tom” do latido do cachorro. E aquele era um tom agressivo. O Rex latia ferozmente. Mas não havia ninguém em casa.
Eu entrei correndo pra ver. Ali, no meio da sala estava o rex. O pêlo arrepiado. As orelhonas levantadas como um gremlin. Olhando fixamente para a parede. O animal estava em frenesi. Latindo como se visse claramente alguma coisa. E o rex recuava e avançava latindo. Era como se ele visse claramente algo se aproximar.
Eu olhei e vi que no canto da sala a cadeira de balanço que minha mãe tinha estava balançando.
Maluco… Você sabe o que é aquele medo que começa na nuca e desce gelando, arrepiando cada maldito cabelinho que a gente tem? Pois é. Eu olhei para a porra da cadeira e ela balançava sozinha. O Rex não subia nela nunca. E não havia ninguém na casa. A pergunta é: Quem balançou a porra da cadeira? E a resposta só podia ser que a “coisa” que balançou a cadeira estava sendo vista pelo Rex. E eu não via.
A coisa correu para a varanda quando eu entrei. Como eu sei? Porque o Rex acompanhou com a cabeça e foi latindo atrás. O rex SEMPRE vinha me receber na porta. Neste dia o bichinho correu latindo e parecia ver alguma coisa. Ele enfiou a cabeça pela grade da varanda e continuou latindo. Um comportamento muito, muito estranho.
Eu tentei acalmar o Rex, mas ele estava muito agitado. Pensei se ele não teria entrado em algum tipo de delírio causado pela ausência da minha mãe, de ter ficado sozinho em casa.
Seja como for, eu passei, daquele dia em diante, a ficar de olho no Rex e no comportamento dele. Nunca contei em casa daquilo. Até que a coisa se repetiu dias depois. Mas com um modo bem diferente.
Eu cheguei do play. Era tarde da noite. Ao chegar no corredor ouvi a televisão bem alta. Achei estranho, porque eu mesmo tinha desligado a Tv antes de sair. Quando eu entrei, o que eu vi nunca mais esquecerei:
Ali estava o Rex. Sentado no sofá. Vendo Tv como um ser humano. Parecia em transe. Eu entrei lentamente e quando vi a Tv mostrava um desfile de cachorros. Foi a cena mais bizarra que já presenciei. Como meu cachorro tinha ligado a Tv? Quando eu falei com o Rex ele pareceu “acordar”. Saiu da posição que estava e veio balançando o rabinho. O controle remoto estava sobre a estante. No alto, ao lado da Tv. Até hoje não compreendi direito aquela cena.
Naquele dia e no outro, quando vi o Rex dando o primeiro pití para a parede, senti que tinha alguma coisa na casa. Eu comecei a me acostumar com aquela sensação. Até que aprendi que aquilo não era exatamente uma imaginação.

Durante vários dias eu estava trancado no meu quarto, pintando como de costume e sentia claramente que alguém se aproximava atrás de mim. Eu olhava para trás achando que era a Danielle, minha irmã menor que gostava de me ver pintar, mas não era. Não tinha ninguém.
A sensação era muito clara pra mim. Ela tinha um começo, um meio e um fim. Em geral a “coisa” ficava por trás de mim, como se projetasse o corpo para frente sobre meu ombro. Em muitas vezes eu olhava de rabo-de-olho e via o vulto. Mas se me virasse, não tinha nada.
As coisas continuavam a sumir.
Um dia eu chamei meu irmão no quarto e falei com ele da “coisa”. Contei que o quarto estava assombrado. Ele não acreditou. Mas bastou ele não acreditar para que o rádio que estava ligado mudasse de estação, passando sozinho por várias estações até pegar uma musica antiga que tocava. A musica tocou e nós ficamos ali em silêncio. Os olhos arregalados, fixos no botão. A musica acabou e o botão rodou. Rodou uma, duas, três vezes e voltou para a estação que estava.
Novamente, senti o mega-pânico dos infernos.
Dali a um tempo eu comecei a me conscientizar de que havia uma “entidade” naquela casa além da minha família. Fosse como fosse, ela não parecia ser hostil. Meus irmãos e meus pais viajavam e eu ficava sozinho em casa. Tentava prolongar minha estadia no play até o quanto desse. Mas de madrugada eu sentia um medo filho da puta.
Várias vezes ouvi risinhos no corredor e sussurros na sala. Isso sempre acontecia quando eu estava quase pegando no sono. Um dia, eu ouvi uma porção de vozes. Parecia uma reunião na sala. Acordei e assim que abri os olhos as vozes pararam e só havia o silêncio.
Eu ficava quieto, como que petrificado quando isso acontecia. geralmente perdia o sono e ficava com o ouvido em pé ouvindo os barulhos da noite. O vento nas árvores lá fora. As ondas quebrando na praia. Eu ia pegando no sono quando as tábuas estalavam. E aí eu arregalava os olhos novamente. Era a noite toda lutando com o medo. Mas eu não viajava. Eu ficava lá, impelido por um misto de curiosidade e racionalidade. Cada neurônio meu arrumava uma bela justificativa para cada uma daquelas coisas. Eu não queria aceitar.
Quando eu estava pintando, sentia aquela coisa chegando. Um dia, me deu uma louca e eu resolvi conversar com a tal entidade. Estava sozinho mesmo… Então não tem problema dar uma de pirado quando se está sozinho, né?
A coisa veio chegando. Parou em cima do meu ombro direito, como sempre. Eu parei. Olhei para trás. Não havia nada.
– Caro senhor fantasma. Ou senhora. Eu não estou vendo você. Mas eu sei que você está aí. Eu sei que você gosta de me ver trabalhar. Eu sinto a sua presença. Eu queria pedir que o senhor, ou a senhora, não ficasse atrás de mim olhando o meu processo de trabalho, porque isso está me incomodando e eu não estou conseguindo me concentrar. – Eu falava aquilo me borrandode medo e simultaneamente me sentindo um débil mental. Mas e se tivesse uma resposta? Mas continuei: – Então seria pedir demais se eu pintasse primeiro e você admirasse o trabalho depois dele pronto? Eu prometo que termino a obra e deixo o trabalho sobre a mesa por algum tempo, tá bom? Não precisa responder! Eu considerarei que você entendeu e que é um fantasma educado.
Hoje parece engraçado, mas naquela noite foi puleira fazer isso. A coisa foi educada e depois daquele dia, parou.
Então nós (eu e o fantasma) convivemos bem por um tempo. Mas eu arrumei uma namorada espírita. A Fernanda.
Eu não sabia que ela era espírita. Achava que era maluca mesmo. Eu gostava da voz dela. Quando eu levava ela lá em casa, eu saía do meu quarto para pegar alguma coisa e ela ficava lá, sempre que eu voltava ela estava falando baixinho. Eu pensava que ela estava cantando. Mas um dia a coisa ficou feia.
Chegamos lá para dar uns amassos. Estávamos num preaquecimento quando a Fernanda arrepiou. Deu um pulo. Os olhos arregalados. Eu pensei: CARACA, já ? Nem fiz nada.
E ela começou a falar. Desandou a falar igual maluca, meu. Eu estava fora do clima e não entendi nada. Ela falava sem parar e quando dei por mim, ela estava discutindo com… ELA MESMA! Pior, era uma cena de ciúmes daquelas cabulosas!
Eu comecei a suar frio. Segurava ela. E ela se tremia toda. Pálida. Gritando. Eu achei que ela ia ter um ataque. Ela correu e bateu a porta do armário. Ficou segurando a porta. Eu ali, bolado, sentado na beira da beliche olhando espantado.
A porta do armário começou a socar, Como se algo estivesse ali dentro. A Fernanda segurando a porta, como se impedisse de sair algo ali de dentro. E eu BOLADO.
A porta foi batida varias vezes. Altos porradões. Eu estava convicto que era o fantasma. Ela começou a rezar. E segurar a porta. Ficou rezando. Os porradões diminuíram progressivamente até que pararam. Ela voltou exausta. Suada. Sentou na cama e disse que eu tinha que ir urgente com ela num centro espírita. Não quis explicar muita coisa. Limitou-se a dizer que havia uma entidade mesmo ali e que ela estava obcecada por mim. Que era alguém que me conhecia de outro plano. E que era altamente ciumenta.
Eu me RACHANDO DE MEDO. A coisa estava ficando pior. Fui com ela.
Dias depois, lá estava eu, num centro espírita pela primeira vez na vida.
Era um lugar no centro de Niterói, perto da Rodoviária. Não lembro nada de como cheguei lá. Só lembro que tinha um cheiro de rosa e ficava tocando sem parar aquela musica bonita pra caramba de um filme chamado “Em algum lugar do passado”. Era um monte de banquinhos compridos. As pessoas ficavam nos banquinhos e lá na frente a luz era mais fraca. Haviam pessoas que usavam jalecos brancos. Essas pessoas levavam cada um dos muitos ali dos banquinhos lá pra dentro.
Até que me chamaram. Eu fui. A pessoa me colocou de frente para um cara que estava de cabeça baixa. Era um sujeito de uns 40 anos. Com a barba por fazer. Achei que ele tinha cara de pinguço. Mas não parecia estar bêbado não. Parecia estar dormindo. Ele não me olhou nos olhos. Eu tentei olhar mas os olhos dele estavam estranhos. Pensei se ele não era cego ou algo assim. Ele pegou minhas mãos de uma maneira grosseira e com um tipo estranho de giz fez um “X” em cada uma. Aí começou a falar um monte de coisa que eu confesso, não entendi COISA nenhuma. Só entendi que “eu tinha que estudar muito para entender.” E que “não era para deixar isso de lado. Que eu TINHA que estudar.” Aí ele falou qualquer coisa sobre “papai do céu”. E me virou do tradicional jeito grosseiro. Começou a me dar um passe. Não senti absolutamente nada. Então veio o coroa lá de dentro com um jaleco e me levou de volta ao meu lugar no banquinho. Depois disso as coisas diminuíram bem. O fantasma parece que resolveu dar o “vazari” depois do confronto com a minha namorada XMEn. Mas eu terminei o namoro logo depois com medo do fantasma voltar e rolar outra parada dessas na hora “H”. Já pensou? Cruzes.


Fonte: Mundo Gump
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