Desenho: Isa Lisboa |
O
vento passa por entre as folhas das árvores, tocando-me uma sinfonia ritmada,
certa.
Aqui
sentada, poderia vir Morfeu, entregar-me-ia toda a ele. Deixaria que o seu
beijo me fizesse descansar, envolta pelo cheiro da terra, pela vida que dela
pulsa.
Talvez
que a terra me puxasse para si, e me tornasse eu também árvore, de raízes
firmes e enterradas no chão, que os meus braços se transformassem em galhos.
Com folhas como estas, para que o vento fizesse música comigo.
Que
o meu corpo se fizesse tronco, que daqui a muitos anos alguém tentasse
rodear-me com os braços e não achasse a mão do outro lado.
Árvore
robusta. Resistente ao tempo.
Aqui
estou deitada. Talvez apenas as árvores peçam às suas raízes que saiam e me
envolvam os tornozelos, os pulsos, as pernas, toda eu.
E
assim não sairei daqui.
E
assim terei um lugar.
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