Quem sou eu?

Danka Maia é Escritora, Professora, mora no Rio de Janeiro e tem mais de vinte e cinco obras. Adora ler, e entende a escrita como a forma que o Destino lhe deu para se expressar. Ama sua família, amigos e animais. “Quando quero fugir escrevo, quando quero ser encontrada oro”.

A diferença entre quem quer e quem não quer!



Outro dia li uma frase que me saltou aos olhos: “as atitudes precedem os sentimentos”.
De certa forma, sempre acreditei em algo semelhante, apostando que os sentimentos precisam ser alimentados com atitudes coerentes. A frase serviu-me para reflexão. Entretanto, nem sempre as teorias ou percepções nos são suficientes para que não caiamos em armadilhas.

Temos nos deixado enganar muitas e muitas vezes pelo encanto que as palavras carregam; e por conta disso, elas ganham – pelo menos por um tempo e em algumas relações – um peso maior do que as atitudes.
Isso tem nos custado caro, especialmente quando o outro abusa deliberadamente desta artimanha, sem levar em conta os sentimentos que desencadeia naquele que espera, afinal, certa ‘lógica’ na relação estabelecida.

Também aprendi, algumas vezes na prática, que poucas situações na vida são mais enlouquecedoras do que conviver com uma pessoa que fala uma coisa, mas faz outra. Por exemplo: ela é evidentemente mentirosa e vive fazendo fofocas, mas vive reafirmando e tentando convencer a quem quer que diga o contrário de que é sincera e que seu único desejo é ajudar seus amigos.

Eu sei que algumas contradições nem valem a pena ser levadas em consideração, pois seria perda de tempo e ingenuidade demais. Porém, quando a situação envolve sentimentos, é muito fácil perdermos a noção da realidade e nos deixarmos consumir pela dúvida que tal comportamento suscita.

Quem nunca se envolveu com alguém que vive dizendo que gosta, que está a fim, que quer ficar, mas... paralelamente... suas atitudes demonstram exatamente o contrário? A pessoa não cumpre o que combina, não tem gestos de carinho, diz que vai ligar e não liga, é nitidamente superficial e age como se o outro tivesse bem pouca importância?
Você acha que esta descrição deixou muito evidente que se trata de alguém que não quer assumir nada e nem é coerente com o que ele mesmo vive dizendo? Não conte com isso!
Imediatamente depois de uma atitude que deixa claro o quanto não existe predisposição para viver um relacionamento, vem uma avalanche de palavras tentando nos convencer de que estamos equivocados, redondamente enganados, ou seja, promessas, juras de amor, pedidos de desculpas, propostas de recomeços e, enfim, está armada a arena dos loucos.

Restam a quem é o alvo de tal contradição sentimentos como aflição, angústia, insegurança, sensação de que não tem nenhum motivo para continuar apostando nesta relação, mas ao mesmo tempo, o desejo de que – desta vez – quem sabe seja verdade.
Só mais uma chance, só mais uma vez, a última... e de última em última, crescem somente as mágoas e a tristeza; a decepção e até a desconfiança em si mesmas; porque essas pessoas insistem em desmentir sua própria intuição, sua própria percepção de que já acabou... ou que nunca nem existiu essa relação senão na idealização delas.
Até certo ponto, é compreensível, pois fica a questão – esta sim coerente durante algum tempo – gritando dentro dos corações esperançosos: se ele fala tudo o que fala é porque deve haver algum sentimento. Se ele insiste e pede mais uma chance é porque talvez goste um pouquinho... e se eu permitir, talvez consiga conquistá-lo desta vez.
Ok... o talvez ainda é uma possibilidade. Talvez haja mesmo uma mudança de atitude, um comportamento diferente, mas certamente isso não acontecerá enquanto for mantida esta dinâmica confusa e desrespeitosa.

Por outro lado, pode ser que algumas pessoas assim nunca mudem, simplesmente porque é assim que aprenderam a se relacionar e não estão dispostas a se rever, por quaisquer que sejam seus motivos. Neste caso, é provável que precisemos sofrer duas, cinco ou até dez vezes o mesmo tombo até perceber que o problema não está na nossa maneira de caminhar e sim no caminho. Até nos darmos conta de que não temos que mudar nossos passos, e sim a direção.

Mas é incrível como existem pessoas que passam longos anos se machucando, vendo sua intuição se confirmar enquanto que seu desejo desaba, assistindo no camarote de sua vida à conquista de mais uma dor, de mais uma mentira, de mais uma decepção, sem tomar coragem para dar um basta nisso tudo.

Fácil? Não, certamente. Mas absolutamente possível, tenho certeza. Basta que se descubra o significado de um sentimento chamado auto-respeito. Respeitar-se é ter a convicção de que ninguém, a não ser você mesmo, pode acabar com uma circunstância que tem-lhe causado muito mais desgosto e vazio do que alegria e satisfação.
É preciso agir como quem age enquanto se livra de um vício. Repetir para si mesmo algo como o mote dos recuperando: “somente hoje eu vou dizer não” e até marcar num calendário um círculo ao redor de mais um dia de respeito por si mesmo.

Até que chegará o momento em que a aflição terá terminado e você ficará com a sensação de que está, enfim, livre para apostar num outro tipo de relação. Aquele tipo em que as palavras ditas são coerentes com as atitudes tomadas... ou seja, em que o outro diz que quer... e age como quem quer, porque o amor definitivamente não pode ser enlouquecedor.


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2 comentários:

  1. Querida Danka,
    O amor é puro e verdadeiro e preenche os nossos corações.
    Porém, quando ele serve de justificação ao intolerável, talvez seja melhor "amar de longe".
    Há mágoas que vamos vivendo por não ousar afirmar-se, por não se atrever a dizer "stop" quando o outro vai demasiado longe. É necessária uma dose de coragem para aceitar afastar-se em nome do respeito que todos devemos ter por nós próprios e pelos outros...
    Uma belíssima reflexão, querida!
    Mil beijos no seu coração!

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