Quem sou eu?

Danka Maia é Escritora, Professora, mora no Rio de Janeiro e tem mais de vinte e cinco obras. Adora ler, e entende a escrita como a forma que o Destino lhe deu para se expressar. Ama sua família, amigos e animais. “Quando quero fugir escrevo, quando quero ser encontrada oro”.

FLOR SINCERA Por Danka Maia








  Este pode não ser mais um conto como tantos. Embora narre sobre um casal, uma história de amor e todo complexo dessa estrutura, a maior virtude desse conto trata do que deveria ser o arcabouço de todas relações humanas. Quem sabe não seja um recomeço?

 Na cultura árabe um homem é sempre Said.

Um homem é sempre senhor.






 E o Príncipe de Amahabur, Faizel Abdur, cujo primeiro nome significa: O Juiz. O povo árabe crê que alcunha dada a uma pessoa traça em parte seu destino, por isso escolhem tanto como intitularão seus herdeiros e descendentes. Faizel fez jus a alcunha que seus pais lhe destes. Faizel fez jus a alcunha que seus pais lhe deram, apesar de não o ver crescer haja vista que morreram quando ele só tinha quatro anos de vida. O Príncipe era justo, e amava a justiça e toda sorte de igualdade que ela poderia dar ao seu povo, sem dúvida foi o melhor chefe de Estado que as terras de Amahabur teve em milênios.
Mas chegou a hora de dar continuidade, a hora do acerto entre os nobres de sua linhagem, embora pudesse ter quantas esposas e concubinas desejasse, Faizel optou por ser monogâmico e não aceitou o acerto, não seria justo, ele queria dar a todas as moças na idade em contrair núpcias de tornar-se sua esposa, companheira, mãe de seus herdeiros, amiga e amante. Os sábios de seu Reino enlouqueceram com a atitude do Príncipe, dar o império na mão de uma qualquer estragaria muitos planos, muitos conchavos, porque creia caro leitor, a politicagem foi feita para isto, para estragar muitas coisas, as melhores principalmente.
Todavia, quando um governante é sensato todo povo brilha na sua luz e toda vez que ele é imprudente o primeiro a morrer na escuridão de sua ignorância e de seu egoísmo é a sua nação.
Faizel queria um seleção justa e igual para todas as jovens, foi quando o Grão-vizir Baldar teceu uma trama ardilosa e maquiavélica com todos os outros cordatos do Reino. Mandou guerreiros a uma jornada para buscar mudas da flor mais rara do mundo, A Flor Sincera. Dizia a lenda que a tal flor era mágica mas não dava flores, por isso tinha esse nome, era apenas um grão como o de mostarda, nada demais, entretanto não é do tamanho do mesmo grão que se é necessário ter fé?
A intenção do Baldar era mostrar a Faizel que todas as mulheres fora de seu clã social, ou seja, a nobreza, certamente golpeariam com belas flores para o ritual que seria proposto. Para o príncipe o importante era que sim, seria uma seleção justa e aquela que fizesse o que se pedisse e vingasse seria sim uma excelente esposa, dada a sua sinceridade.
Nas semanas seguintes todas as moças do reino foram avisadas do interesse de seu maioral em dar a todas a chance de ser sua princesa, embora toda mulher seja uma rainha, cedo ou tarde todas se dão conta disto.
Eram carruagens, cavalos e burros xucros chegando no castelo de Faizel. Eram mulheres lindas, outras nem tanto, a nobreza e a plebe reunidos por um ato tão autêntico e pouco cometido em nossos dias: A igualdade social.
A cada donzela foi dado um vaso com terra e a semente do grão de mostarda, somente a jovem que agisse corretamente receberia como presente de casamento o grão da Flor Sincera.

_ Atenção digníssimas damas! Peço sua atenção! – bradou Baldar. - creio que todas sem exceções- Fitou o Príncipe para frisar o que governante desejava. - _Durante sete dias todas deverão regressar ao palácio com seus vasos e sua Flor Sincera e daí prosseguiremos com a eleição. Lembrem-se senhoritas, a fina flor só pode ser regada duas vezes ao dia e nenhum componente orgânico pode ser posto nela, acreditem ou não saberemos!

E todas se foram.


Uma semana depois regressaram ao castelo. Cada qual com uma flor mais bela que a outra. Umas maiores outras menores, nenhuma com o vaso de terra vazio como lhes foram entregues e como deveria regressar, afinal o grão de mostarda jazia seco sem chance alguma de florescer.
Faizel entristeceu-se por demais. E em meio àquela desventura levantou-se de seu trono em direção ao seu aposento deixando Baldar explicar a tal reação e a verdade as impostoras.

Mas o que é o Destino, se não senhorio-mor de ironias para fazer-se realizar?





Sugiro que ouça com a música árabe
Tony Mouzayek-Ya Helou Ya Zein(el clon)








 Quando colocou os pés adentro da majestosa sala, viu toda atmosfera modificada, e aquele perfume, o mesmo que o absorvera anos atrás entranhava em todo ambiente, inda sim tentou cruzar a passos firmes todo recinto, no entanto, ao pôr o pé direito no primeiro degrau, sua cabeça reclinou um pouco para o lado e algo o puxou repentinamente para trás, a batida do tambor e flauta oferecia aos convidados uma mulher envolta num véu  e roupas vermelhas onde somente os olhos, umbigo e os pés estavam amostra assim como os braços e suas formosas mãos. Ela resvalava graciosidade por todos os cantos onde advinha e um feitiço em cada um presente. Seus quadris iam de um lado a outro sem que seus ombros saíssem do lugar, decididamente era senhora daquele estonteante forma.




     Ele volveu e à medida que ela rodava cada vez mais célere e alegre, a acompanhava com os olhos de um lobo, jamais em toda sua vida sentira aquilo por dona alguma. Um arrepio percorreu todo seu eu deixando até os pelos dos braços em pé, um fogo ardeu no peito e quando a dançarina se pôs de costas e como uma serpente ia de cima a abaixo e vice-versa, notou que ela o invadira. Após o terceiro tilintar do tambor tremeluziu todo corpo como se soubesse que poderia causar-lhe um choque de um milhão de volts e Faizel engoliu seco o desejo que o possuíra assim como tentou disfarçar as saliências que seu corpo masculino principiou a brotar ao ver aquela odalisca. No semblante de cada convidado jazia a contemplação, no dele o ardor sem pudor, na alma sentia que a força que emanava daquele ser o enfeitiçara, estava de todo possuído por ela. De repente, delicadamente passou o dedo sobre onde seriam seus lábios como quem pedisse silêncio a todos e de tal modo entendida, com o pé içou ao longe a tampa do cesto, e sobrevinha rente a ele inúmeras vezes, até que ajoelhou rente ao próprio com dorso das costas todo no chão com os braços acima da cabeça que se entremeavam com suas lindas madeixas onde Faizel pôde admirar em mais proeminências as pernas mais bem contornadas que seus olhos já repousaram.

No mesmo instante, somente seu ventre tremulava como ondas de um grande tsunami o mesmo e colossal tsunami que acordara dentro dele, e um ruído foi ouvido de dentro do balaio de vime.        Quanto mais revolvia o ventre, mais o som aumentava e de repente a cabeça de Anake foi posta para fora a procura daquela que liberava tamanha quantidade do hormônio do amor, porque o amor tem cheiro e agora o Príncipe sabia disto. E enquanto ela ia suavemente erguendo-se, a serpente escoltava com o mesmo movimento.
Todos estavam imóveis, todos não, existia um que era terremoto legítimo, e atendia pelo nome de Faizel Abdul. Estava obcecado pelas oscilações do corpo daquela mulher, e por um segundo tudo que desejou foi estar no lugar da serpente.
Quando conseguiu por ofídio na mesma altura que ela voltou as mãos contra o mesmo que subitamente sem pestanejar abriu suas enormes abas, e se o ventre dela fosse para direita lá o animal estaria, do mesmo modo que se fosse para esquerda, abaixo, acima ele acataria, até que em dado instante, quando de todo  intuiu que o domara num golpe certeiro o pegou pela cabeça expondo a todos o pleno comando que tinha sobre o ofióideo que em seguida se atrelou a cintura dela como se tudo que carecesse fosse do calor do seu corpo, a mesma necessidade que abatera o moço rico e bem feito que jazia ali parado, inerte, arrebatado por ela.
Ela descontinuou os abalos. Agora só tangia os pés e os ombros para trás soltando de vez em cima de seu ventre Anake, totalmente entorpecido, envolvido e imóvel. Seus braços desenhavam as agitações de uma serpente em cada detalhe até as pontas de seus dedos.
Faizel percebia a respiração ofegante, se ao entrar na sala sentiu-se lobo, agora era a sem questionamento algum a ovelha pronta para o holocausto.
 Perguntas o submergiam:


— Quem era ela? De onde surgira? Por que o deixara em tal estado?
Mandou chamar o grão-vizir e trazê-la até uma das salas. A jovem obedeceu cegamente.



Seu nome era Aamahi, aquela que se esforça. Faizel estava apaixonado, por ele casaria naquele segundo que seus olhos repousaram nela. Todavia foi lembrado de sua própria exigência, Aamahi era menos que uma plebeia, era uma viajante, logo a bela donzela partiria com seu pai um caixeiro viajante.
Porém recebeu um vaso como as demais, por sete dias cultivou com todo carinho aquele grão em seu vaso, mas ao apresentar-se diante do príncipe seu semblante era triste.

_O que foi? - investigou Baldar esperando por mais uma forjada suntuosa Flor Sincera.

_Desculpe Said. - ela também amava Faizel.

E pediu o pai que adentrasse o recinto com o vaso do mesmo jeito que levara. Contudo o rosto Príncipe Faizel Abdul se iluminou. Havia encontrado sua Princesa.

 Não tenha medo de ser sincero, inda que isso te cause dor. Tenha sim, muito, muito medo de perder a felicidade por covardia em ser verdadeiro.








Bora lá!

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4 comentários:

  1. Uma linda moral da história, Danka! :)
    Beijinhos

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  2. Utilizei uma imagem de seu blog para ilustrar um texto sobre o olhar. Se for problema eu retiro. O texto não tem fins lucrativo. Gosto de seu blog e das imagens principalmente.

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  3. sEM PROBLEMAS AMADO, RETIRO DA NET TAMBÉM, VOLTE SEMPRE!BEIJOCAS

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