Por
mais que eles sejam inconvenientes, vergonhosos e desagradáveis, os
puns são frutos de necessidades biológicas das quais nós dificilmente
vamos conseguir nos livrar. Ainda que essa questão tenha nos acompanhado
desde tempos imemoriais, o fato é que até hoje os seres humanos ainda
não conseguiram dar alguma utilidade para a sua flatulência que não seja
esvaziar uma sala cheia ou entreter uma criança usando o clássico “puxe
meu dedo”.
Ainda que algumas pessoas até tenham elevado suas capacidades
gasosas até níveis que se tornam quase formas de arte, o fato é que é
provável que nenhuma espécie seja tão evoluída no uso dos puns quanto os
arenques de cardume, que usam as bolhas para se comunicar. Sim, isso
quer dizer que os peixes também soltam gases pelos traseiros – ainda que
a origem dessa flatulência seja diferente da nossa.
Enquanto nadam com seus cardumes, os puns dos arenques saem com
tanta rapidez e intensidade que os cientistas colocaram no fenômeno o
nome de “sons de estalo rápidos e repetitivos” – expressão que, em
inglês, forma a sigla FRTs, um trocadilho para a palavra “peido” no
idioma. As emissões duram entre 0,6 e 7,6 segundos por vez e ocorrem em
rajadas com algo entre 7 e 65 pulsos, saindo todos de forma contínua
pelo duto anal.
Rajada localizadora
Diferentemente dos nossos puns, no entanto, os gases lançados
pelos peixes não são provenientes de seu processo digestivo, mas sim vêm
do ar da superfície capturado pelos bichos quando sobem para encher
suas bexigas natatórias. Segundo os pesquisadores, os arenques podem
guardar o ar obtido dessa forma por ao menos um dia, liberando-o somente
quando necessário.
Ao observar os momentos e a formas como os peixes resolveram
“bufar”, os cientistas perceberam que os puns estavam sendo usado como
forma de comunicação, mas não conseguiram descobrir exatamente o que
estava sendo comunicado. Causando distúrbios na água e até mesmo usando
um pouco de “odor de tubarão”, eles notaram que a presença de ameaças
não afeta o padrão de emissão, de forma que os gases não funcionam como
alerta.
A observação também permitiu deduzir que os FRTs não possuem
relação alguma com rituais de acasalamento, já que os arenques não
estavam praticando esse tipo de atividade enquanto soltavam as rajadas.
Como os peixes costumam trabalhar em grupos coordenados e até mesmo
repousam juntos no escuro, os pesquisadores levantaram a hipótese de que
as emissões sirvam para que eles fiquem cientes da presença um dos
outros.
Dignos de prêmio
Para que essa teoria fizesse algum sentido, no entanto, seria
necessário que ela não pudesse ser ouvida por eventuais predadores, já
que também denunciaria a posição dos arenques para seus algozes.
Analisando o som dos puns, os cientistas descobriram que a frequência da
maioria dos FRTs fica acima dos 2 kHz, o que está foram do “alcance
auditivo conhecido da maior parte dos peixes predatórios” – ainda que
possa ser ouvido pelos mamíferos marinhos.
Embora não esteja completamente comprovada, essa teoria é
plausível e ajudaria a explicar como um cardume típico de arenques
mantém a distância precisa entre cada um dos seus membros. Por enquanto,
ainda não há formas de aplicar a metodologia descoberta nos peixes para
os puns humanos e as vantagens práticas desse estudo continuam
desconhecidas.
Os pesquisadores, no entanto, já receberam reconhecimento pelo
seu trabalho, que veio na forma do zombeteiro prêmio IgNobel. Outros
ganhadores da premiação incluem o grupo de pesquisadores que descobriu
que strippers ganham mais quando estão no auge de sua fertilidade e o
time que afirmou que as pessoas consistentemente fazem certas decisões
melhor e outras pior quando estão com vontade de fazer xixi.
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espécie de peixe que se comunica através de puns
» Sabia que existe uma espécie de peixe que se comunica através de puns?
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