
Foto:google
Inspirada numa lenda antiga
Houve um tempo que o mundo vivia abastecido por uma profissão: Caixeiro Viajante.
Meu
nome é Augusto, e fui um caixeiro viajante. Criei cinco filhos desta
forma e todos sem exceções foram todos muito bem encaminhados. Durante
quase trinta anos de minha vida vi,li,presenciei e vivenciei muitas
situações porém a que mais me marcou trago agora para vocês.A cidade de
Inquinas era mais uma em meu itinerário viajante, na verdade era um
vilarejo que não tinha mais que trezentos habitantes.O que me chamava a
atenção era que sempre que passei por aquele lugar ,via um homem
pendurado num mastro, com barbas enormes, roupa maltrapilha
gritando.Aquela figura que a primeira vista era tão grotesca me
intrigava. As pessoas passavam de um lado a outro como se ele nada fosse
para elas. Definitivamente não seria exagero meu mencionar aqui que o
indivíduo não existia aos olhos de seus conterrâneos. Era ignorado com
toda pompa e circunstância.
E
durante trinta anos todas as vezes que passei pelo vilarejo de Inquinas
foi ininterruptamente assim. Mas veio a aposentadoria, era hora de
sossegar e ver um pouco da vida parado numa mesma paisagem uma vez que
tinha visto incontáveis.Naquela última viagem decide me despedir de cada
um de meus clientes, conhecidos e amigos ao longo da jornada, e ao
chegar naquela aldeia decidi enfim aproximar-me daquele sujeito,havia
uma pergunta entalada por trinta anos em minha garganta a sua
pessoa,portanto somente ele poderia respondê-la.E lá estava aos berros
como continuamente fora:
__EU CREIO QUE O IDEAL DE UM SER HUMANO SÓ MORRE QUANDO DESISTE DE CRER NELE!
_Moço?- o abordei batendo na base do mastro com tom suave, e para meu espanto na mesma hora ele desceu.
_Sim!- respondeu prontamente._ Em que posso ajuda-lo cidadão?
_Na
verdade, sou caixeiro viajante, por trinta anos passo por esse vilarejo
que nunca progrediu, e de certo modo acho que o que sempre me trouxe
aqui foi a sua pessoa.
_Fico lisonjeado. -Voltando ao mastro.
_Queria lhe fazer uma única pergunta, prometo não tomar seu tempo!- gritei.Do alto me replicou:_E qual seria essa pergunta?
_Por
que insiste em berrar aos quatro cantos dessa cidade essas suas ideias
seguidas dessa frase se ninguém nunca em tempo algum parou para lhe dar
um segundo de atenção?-Imediatamente escorregou pelo mastro com cenho
fechado, fitou-me nos olhos e foi catedrático:
_Essas
pessoas estão mortas. Passamos por um grande incêndio há uns trinca e
dois anos atrás que dizimou quase todo comércio assim como toda
população, eu mesmo perdi mulher e três filhos. O fogo queimou muito
mais que empregos, casas e cavalos. Incinerou famílias, sonhos, desejos,
amores e coragem. Deixou como herança tão somente esse conformismo que
vê caro amigo.
_E por que continua com isso? Esse povo jamais mudará!- Precisava entender, e por fim acabou a minha dúvida.
_Porque
se eu desistir não será eu quem os terá despertados e sim eles a me
conformar que não vale a pena crer em meus ideais. -Esboçou um riso e
volveu a gritar.
"A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.", Albert Einstein
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