Num futuro distante,brasileiros foram submetidos a uma condição onde o Sistema dominou absolutamente tudo.
A democracia deixou de existir por ineficácia.
O sistema cria controlar absolutamente tudo e todos,mas quem pode controlar o Destino?
Uma moça,uma menina,uma guerreira?
Apenas uma mulher que se atreveu amar sob qualquer circunstância!
Boa Leitura!
3246-B: SUGESTÃO DESCONTROLE
Embora soubesse que o aviso de sua amiga fora de
suma importância,Lida desconsiderou aquela sugestão quando o bebê mexeu pela
primeira vez dentre de seu ventre.Pungente e firme.Lembrou que seu pai contara
que a em sua gravidez que a mãe da Terra cuja lhe deu vida em seus relatórios garantia que ela era uma
criança saudável,serena e muito dorminhoca,nem mesmo chutava.Foi neste preciso
instante que a moça refletiu consigo pondo a mão na barriga já saliente:
_Ele puxou o pai.
Entretanto, em seguida fez a pergunta que mudaria toda sua vida e
toda a história daquele Brasil não mais varonil e sim enfraquecido pelo Sistema
daquela atualidade.
_Mas quem é o pai?- Ficou ali contemplando a sua
indagação e a esquisitice que aquilo a
propunha.Como uma mãe não saberia quem é homem lhe proporcionou gerar uma vida?
Como não saber seu rosto? Seu jeito? Sua forma de ver o mundo? Quem era afinal?
Correu para
as fotografias na parede, aquelas pessoas tão felizes semelhavam saber cada uma quem foi seu pai,
sua mãe,desfrutavam e ofereciam aquela felicidade porque sabiam de suas raízes.
E Lida lançou seu olhar para o ventre e viu que isso
era bom e um misto de revolução veio em si e foi inda mais aguçado achar numa
caixa que guardava embaixo da cama, seu cofre pessoal, um antigo conto que ficou preso na tela do que
chamavam de tablet supostamente de alguém que cria que o homem é a principal
causa de toda transformação.
"Um
cientista obstinado em consertar o mundo, mas interrompido por seu filho de cinco
anos que a cada minuto vinha com uma nova pergunta sobre seu intento decidiu
empenhar o menino uma tarefa a fim de poder
seguir sua pesquisa na tal mutação do planeta. Deu a ao garoto um quebra cabeça do globo terrestre
crendo que ele levaria horas para decifrar o enigma.Minutos depois o menino volta sorridente e diz:
_Montei pai. O senhor está tentando consertar o mundo ,não é?
Abismado o cientista não creu na desenvoltura da
criança apesar de ter ficado orgulhoso do filho.
O garoto o olhou esquisito como uma reprovação na
feição:
_Não pai. Não montei o globo. Eu montei o homem que
estava atrás do globo.
E o pai arrepiou-se da cabeça aos pés. Como não
pensara naquilo? Seu filho tinha decifrado o segredo e dado a resposta que
tanto esquadrinhava.
_Você tem razão filho. Fez o certo. Desmontei o
homem e você o refez.Tem toda razão,não se pode consertar o mundo sem primeiro
restaurar o Ser Humano.
Lida
adormeceu com uma certeza: naquela madrugada iria em busca de respostas e por
algum razão intuiu que ir aquele endereço seria um ótimo celeiro.
Na hora desejada, levantou-se cautelosamente e
certificou-se que o pai dormira a noite o Sistema desligava a voz de comandos
para os mais recatados como era seu caso. A noite pertencia aos sem pátria, ou
seja, aqueles que se rebelou contra o Governo do Novo Brasil. Daqueles que não
tinham o regulius, em outro ponto vista, dos que acreditavam
que a voz rouca dos desvalidos, porém coesos de alma e coragem, dos brasilês
(pronúncia correta para aquele que nasce no Brasil) que lutavam para que a voz
de um povo sofrido, manipulado, esquecido voltasse ser a voz de Deus.
Naquele tempo havia um sistema de portas dos fundos
elaborado por onde desciam roupas para serem limpas a seco,lixos e toda sorte
de tarefa domiciliar,e como Lida precisaria passar pelos seguranças colocou a
mão sobre o ventre e o acariciando disse ao seu filho:
_Vamos fazer isso juntos filho. Creia na mamãe dará
tudo certo.
Ajeitou-se no duto escuro e apertado, na verdade
50cm x 50 cm e cuidadosamente apertou os comandos manualmente para não
despertar possíveis obstáculos e aos
pouco ia descendo da sua masmorra
hodierna.
Ao sair daquele duto, por um segundo pensou consigo
em voz alta?
_Só posso estar louca!
Sair o condomínio não foi um grande problema, para a
jovem o revés pior lhe adviria a seguir, andar pelas ruas da cidade à noite.
Ela mal conhecia os endereços dos lugares que frequentava a nata da alta
aristocracia contemporânea estar ali lhe dava um frenesi, uma adrenalina
perigosa e ao mesmo tempo com sabor de viço e lá no âmago Lida notou que uma
ponta de coragem brotou dentro de si o que a fez prosseguir com confiança e
crendo que daria certo de algum modo.
Morria a brasileira, nascia a brasilês.
Com o olhar determinado adentrou num beco e trocou
suas roupas roxas que evidenciavam como uma Mãe da Terra e no corpo colocou a
túnica preta e coturnos catados nos escombros da Grande Catarse, os coturnos
eram a marca dos rebelados e conhecedora disto colocou o par que guardara com
tantas outras quinquilharias para aquela Lei, contudo para a moça, resgate da
história de uma Nação que se perdeu permitindo a perda do seu maior bem: A
DEMOCRACIA.
Caminhar
livre inda que sem direção, deu a senhorita Tavares a sensação que nunca
tinha experimentado,só ouvido:Liberdade; O frescor da brisa noturna batendo em
seu rosto sem nenhum olhar escoltando-a
arrancou um belo sorriso da alma que refletiu na sua face com brio e um
respiração que permeava entre o leve e ofegante,aquela era a primeira vez que a
filha do almirante sentia orgulho de si.Até que alguém passou por ela e a
saldou:
_Bora!
Sem ter a mínima noção do que a saudação significava
retribuiu ao jovem alto, esguio e de coturnos:
Decidiu segui-lo desviando totalmente do rumo que tomara.
Meia hora de uma caminhada puxada de longe escutava:
"Temos todo tempo
do mundo...".
im, a mesma canção que ouvia em seu quarto do que
foi um dia uma banda conhecida de Legião Urbana conhecida por letras marcantes,
insurgentes e de jovens que acreditavam que na beleza dos versos havia uma
revolução a imediata a ser feita por suas mãos e princípios.Escutar aquela
música a fez sentir de algum modo que não estava tão longe assim do que aquelas
pessoas que estava prestes a se deparar também criam.
E mais uma vez Lida sorriu.
Lá dentro, a
canção terminou e outra adentrou:
"Eu prefiro ser,
Essa metamorfose
ambulante,
Do que ter aquela velha
opinião
Formada sobre
tudo..."
Ao contrário que pensara as pessoas não estavam
drogadas, revoltadas, reprimidas ou debeladas pelo nada. Suas feições eram
muito semelhantes aos das fotografias em seu quarto. Pareciam livres, soltas,
donas de si, eram seres debaixo de uma grande opressão, entretanto ainda sim
evidenciavam o espírito de contentamento em suas faces com um orgulho absurdo.
_Bora!
_Bora!
Saudavam Lida
como se ela fosse simplesmente mais uma deles.Sem questionamentos,somente
aceitavam e como elas os demais que se agrupavam naquele recinto.
Lida abismou-se ao ver todos os saudarem com júbilo.
E então descobriu o que era satisfação em ser representado por alguém que se respeita,
acredita e acima de tudo admira.
_Ao que pisam em nossa Arena da Liberdade pela
primeira vez, saibam que este é o lugar onde um novo Brasil está sendo gerado
em detalhes minuciosos, com um capricho que nossos ancestrais não tiveram ao se
depararem com Cabral e Cia nem mesmo com espanhóis antes disto.Estamos
concebendo um Brasil feito para brasileses.Porque o Brasil feito para
brasileiros foi uma farsa já constituída em sua forma de nos intitular, a nossa
língua mãe é clara, quem nasce nesse solo é um brasilês jamais um brasileiro. E
como um povo pode respeitar, orgulhar ou lutar por sua Pátria sem nem mesmo sabe a nomeação
correta que detém?
Lida se assistiu viva pela primeira vez.
Aquele homem dissertou por quase uma hora sem
palavras de ordens, sem inflamas somente contando a história do Brasil, de um
Brasil que o mesmo jamais conheceu.
Antes que ele terminasse aquela mulher que lhe dera
o panfleto da rua a reconheceu não pelo papel, mas pelo rosto incomum naquela
pequena multidão e o mesmo visto algumas poucas vezes ao lado do Almirante
Tavares,sabia quer era a sua filha.Foi até a jovem e com muita docilidade e
educação pediu que a acompanhasse sendo levada para uma pequena sala cuja porta
era escorada com que parecia latões de zinco.
_A senhora lembra-se de mim?- Lida deu como resposta
outra indagação. - Eu vim por causa do panfleto que me deu. - Tirando de dentro
da túnica o panfleto tão judiado.
A mulher leu o panfleto, respirou abaixando a cabeça
abriu a porta e pediu a uma mocinha que mandasse chamar Dante.
E foi a primeira vez que escutou aquele nome.
_Sei quem você é menina. E a pessoa que está para
adentrar este ambiente daqui a poucos minutos não vai gosta nem um pouco de
saber que a filha do Almirante veio nos visitar, mas também não suporta
mentiras. Então o que direi a ele?
A jovem abaixou a cabeça e decidiu sem delongas.
_Diga quem sou, pois embora não me orgulhe disto
ainda é a minha raiz e eu não podemos fugir dela.
A senhora ensaiou um riso, contudo foi atropelada
pela figura imponente que cruzou a porta derrubando os latões.
_O que houve?- quis saber mostrando certa irritação.
_Dante, essa moça veio nos visitar, dei a ela um de
nossos panfletos.
_Pediu minha presença para falar de uma visitante?
Nada contra, mas francamente...
_Sou Lida Tavares. Filha do Almirante Tavares. - A
senhorita se apresentou como quem estivesse despida e sem pudores de sua
essência.
_Você o que?- Dante rebateu abrupto.
_Acalme-se!- Pediu a senhora segurando-o maternamente.Ignorando-a lançou a mulher para o lado e com o rosto rente ao de Lida disse:
_Eu vou
Continua...
Segunda Parte
Após a saída acompanhada de perto pelo Almirante até
sua casa,o dialogo entre eles era curto e seco:
_Filha?
_Sim,meu pai.
_Tudo bem?
_Sim.
_De Verdade?
E quando o
Almirante pronunciou aquela última palavra à moça caiu em seus devaneios e aos
poucos foi se recostando no banco traseiro do carro de luxo enquanto seus olhos
iam se perdendo na imensidão das luzes orbióticas,
um pequeno prazer daquela era onde as lâmpadas turbilhoavam onde havia
movimentação aposentando os postes e flutuavam no ar como orbes, e daí a origem
do nome orbióticas.

A senhorita
Tavares divagava sobre o que era verdade.Qual seria a sua? Qual seria a verdade
do povo brasileiro? O que teria ficado ou se perdido em meio a grande Catarse
Mundial? Valores?Princípios? Autonomia? Se agora éramos livres, porque durante
um longo tempo o que reinou no país era uma ideia cujo significado era poder do
povo. Poderia ser a Democracia algo tão falso e demagogo assim, ao ponto de ser
banido e suprimido as vontades de um Nação? E foi ali que mais uma vez
secamente o pai a advertiu:
_Lida?
_Estou bem. - Mas confessou-se: Só não sei se de
verdade, pois acho que dela muito desconheço.
Três sessões
depois do Procedimento Sugestão, Lida apresentava completa aceitação sobre a
gravidez, sobre a sua rica contribuição a sociedade em trazer um filho, um
homem para contribuir com a ordem.
O Almirante chamou Silvério em sua sala e como
felicitação sobre o trabalho limpo e bem feito ascendeu charutos de excelente
qualidade, uma raridade que sobrara da catarse, celebravam como se a criança já
tivesse nascido,na realidade,comemoravam a força que só a tirania deleita
quando alcança os fracos de um sistema.Como dizia Martin Luther King: "O que me preocupa
não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem
caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons."

Naquele dia
inexplicavelmente o motorista simplesmente não apareceu depois da consulta na
clínica do Doutor Silvério mais tarde ele provou que em sua lista de tarefas em
seu HD Palmer,um software que ilustrava nas grandes
corporações os afazeres de todos na sociedade meramente não existia.Erro do
dispositivo cibernético?
Exames de rotina e acompanhamento davam exatidão que
tudo ia bem até aquela estação, mera ou instante. E são nesses momentos que o
rumo de uma vida pode mudar ou voltar ao plano inicial.
A jovem decidiu caminhar por ali,ir vir na mesma localidade ainda era permitido.Todavia
Lida não estava muito acostumada.Era muito retraída,o olhar dela para o mundo
era uma mistura entre curiosidade e pavor ao mesmo tempo.Era como desejar com
toda força estar ali e na mesma intensidade fugir de lá.
Foi quando Berta rompeu o seu caminho.
Num brusco movimento a moça sem pensar colocou o
aquele objeto sem muito perceber o que era ou do que se tratara dentro de seus
cabelos, era o único lugar cuja revista não era feita.
Logo foi notada pelos Homens do Forte de seu pai, algo semelhante ao que hoje chamamos de
segurança e a guiaram até a torre alta que vivia com seu progenitor.
_Chave 2807-80 pedindo retorno.
Era assim que naquele Brasil,seus cidadãos abriam as
portas de suas casas, dando a numeração do chip que eram. As pessoas deixaram
de serem pessoas, tornaram-se números, e na catedrática doutrina milenar dos
números a frieza e a ordem precisa ser praticada com disciplina para que logrem
êxito.
Em seu aposento de cama oval,sim, Lida era uma
amante dos velhos tempos,do crer que os dias passados poderiam ter sido melhor
do que os que existia.

"Ouviram
do Ipiranga as margens Plácidas,
De
um povo heróico o brado retumbante,
E
o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou
no céu da Pátria nesse instante.
Se
o penhor dessa igualdade
Conseguimos
conquistar com braço forte,
Em
teu seio, ó Liberdade,
Desafia
o nosso peito a própria morte!
Ó
Pátria amada,
Idolatrada,
Salve!
Salve!
Brasil,
um sonho intenso, um raio vívido
De
amor e de esperança á terra desce,
Se
em teu formoso céu, risonho e límpido,
A
imagem do Cruzeiro resplandece.
Gigante
pela própria natureza,
És
belo, és forte, impávido colosso,
E
o teu futuro espelha essa grandeza.
Terra
adorada,
Entre
outras mil,
És
tu, Brasil!
Ó
Pátria amada!
Dos
filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria
amada,
Brasil!
..."
Um arrepio correu pela nuca e o seu coração se
aqueceu ao acabar de recitar os versos, ela mesma sentiu que ao findá-los a sua
voz era firme, um orgulho não aparente lhe tomara. Sabia que tinha lido aquele
poema antes, porém, onde?
Atordoada, recordou a letra do antigo grupo cuja
letras escutava as escondidas e que tanto apreciava.
"Todos
os dias quando acordo,
Não tenho mais o tempo que passou.
Mas
tenho muito tempo.
Temos
todo tempo do mundo..."
No bilhete ainda jazia mais uma mensagem no
rodapé,quase imperceptível, na verdade criptografado por símbolos de uma fonte
de escrita usada no antigo Word nos software
dos começo do século XXI.A MT Extra.
A Democracia não morreu. Eles
mentem, não puderam mata-la então a adormeceram no
coração da sociedade. Ela vive em você! Venha
juntar-se a nós! Falar o que pensa ouvir descendentes daquela geração.Gente que conheceu o direito de errar.
Cartomantes, Escritores, Faxineiros!
Pessoas de verdade, e não como eu ou você!
Rua 2204- B-Toca dos Sábios.

Logo que a porta permitiu a entrada da moça a senil
sorriu:
_Conheço esse olhar.Há fogo nele,um salve por isso!
_Senhora Rouças, preciso muito de um café bem
quente.
_ Café bem quente?
_Sim, pode me servir um por gentileza?
_Sente-se, vou preparar, aliás, vou lhe acompanhar
nele também.
Na realidade aquilo era um código secreto das duas
para disfarças o Código do HD Palmer, "Café
bem quente" nada mais era codinome para: Creme para chafurdar,
assuntos proibidos.
Metodologia feita, xícaras a postos, HD Palmer
inundados de cremes para cabelos, a senhora a fitou desconfiada:
_Achou outra foto dessa vez ou seria alguma palavra
nova? Achei que depois de ser sugestionada não se interessaria mais por essas
coisas, há quanto tempo não vinha aqui?
_Me desculpe, estou em falta com a senhora. Mas
temos pouco tempo, o que me pode dizer sobre isso?- Tirando o papel de dentro
dos cabelos e mostrando a consorte.
A senhora Rouças leu com espanto pondo uma das mãos
no peito. Estava visivelmente emocionada.
_O que foi? - Lida preocupou-se com o sentimento
súbito da vizinha de noventa anos.
Vida Rouças a contemplou, uma vez que não podia
tocar-lhe a face, mas desenhou o contorno no ar deixando Lida perceber o
carinho e que tudo estava bem e a perguntou:
_Onde foi que encontrou isso?
_O que é?-Lida devolveu a indagação afoita.
_Lida, não temos muito tempo. Onde achou isso?
_Ganhei. Uma mulher me deu na rua. O motorista não apareceu,
pedi permissão para nadar, perambulei um pouco e ela surgiu do nada, esbarrou
em mim e me entregou isso, eu nunca vi esse elemento antes.
_É
um papel. Um pedaço de papel, na verdade um panfleto.
_E o que é isso?
_Era assim que as pessoas escreviam seus recados, poesias,
mesmo com os computadores. Depois da Grande Catarse com a extinção de árvores
por ordem do Governo o papel simplesmente desapareceu quem tem são com todo
certeza do mundo, pessoas muito ou poderosas ou especiais. No entanto se me
narra que uma mulher a entregou isso num esbarrão proposital me leva creio que
do grupo de pessoas que citei, ela está no segundo.
_Pessoas especiais.
_Ainda mais pelo conteúdo escrito no papel.
_Que poema é esse?
_Poema?
_Sim Vida,
"Ouviram do Ipiranga..."
A senhora sorriu.
_Poderia realmente ser o mais belos dos poemas Lida.
Mas essa é a primeira parte do Hino da República Federativa Do Brasil, o Hino
da nossa Pátria. - e brevemente levantou-se com dificuldade, pôs a mão sobre o
peito, encheram de ar os pulmões envelhecidos e cantou os versos para a jovem
que outra vez sentiu os cabelos dos braços se eriçarem.
A senil volveu sentar-se muito comovida e completou:
_Depois de tudo, os governantes do país sancionaram
uma Lei que impedia sua veiculação, canto ou leitura, e ele como o Brasil,o
Gigante que um dia despertou,foi lançado no mar do esquecimento.
_Meu Deus.
_Este também há muito foi esquecido por ordem de
nossos soberanos.
A dor do desencanto era estampada nos olhos da
senhora.
_E a mensagem? O que diz a mensagem Vida?
A senhora Rouças leu a mensagem, pois conhecia a
fonte, que significava:
A
Democracia não morreu. Eles mentem, não puderam mata-la então a adormeceram no
coração da sociedade. Ela vive em você!
Venha juntar-se a nós!
Falar o que pensa, ouvir descendentes daquela
geração. Gente que conheceu o direito de errar.
Cartomantes,
Escritores, Faxineiros!
Pessoas
de verdade, e não como eu ou você!
Rua
2204- 1500B-Toca dos Sábios.
_A se eu não fosse tão velha...
_Sabe onde fica?- Lida via o tempo acabar.
_Sim, sei. È uma antiga Biblioteca. Está vendo os números, o da rua?
2204? Data do descobrimento do Brasil, 1500 foi o ano e o B...
_De Brasil.- Lida cingiu a cabeça também emocionada
pela descoberta.
_Não se atreva ir até lá Lida. Você está grávida, é
uma gente linda, mas brusca, agressiva e se descobrirem que a filha do
Almirante Tavares está em seu meio, correrá muito risco. Sério risco me
entende?
Lida suspirou alcançando o entendimento e delicadeza
da questão.Porém nesse precioso instante também que pela primeira vez sentiu seu filho pulsar dentro dela e foi quando outra lembrança veio a tona: 3246-B.
E agora será realmente que Lida dará o assunto por
encerrado?
Primeira Parte
Brasil, futuro por vir.
_Mande o Silvério aqui!
O rapaz rompeu pelo elevador panorâmico vitrificado
com seu uniforme preto como de todos.
Todos naquele complexo.
Todos nas ruas.
Todos no país.
Tornara-se imprescindível que cada habitante da
Terra usasse a cor determinada para cada Nação, ao povo brasileiro sobrara o preto.
Seria algo ao acaso ou ironia do destino?
Depois da grande catarse Mundial que dizimou parte da população, em sua maior parte da China, entretanto não por um grito da Natureza como durante muito tempo se pensou e sim um golpe das mentes mais sagazes, uma catarse arquitetada, bem orquestrada que atingiu principalmente os países mais populosos com a estrita finalidade de estabelecer não só o controle de natalidade, como e sobretudo o domínio sobre o conhecimento. Os Presidentes foram depostos, os Almirantes governavam o mundo, cada um em seu domínio.
Seria algo ao acaso ou ironia do destino?
Depois da grande catarse Mundial que dizimou parte da população, em sua maior parte da China, entretanto não por um grito da Natureza como durante muito tempo se pensou e sim um golpe das mentes mais sagazes, uma catarse arquitetada, bem orquestrada que atingiu principalmente os países mais populosos com a estrita finalidade de estabelecer não só o controle de natalidade, como e sobretudo o domínio sobre o conhecimento. Os Presidentes foram depostos, os Almirantes governavam o mundo, cada um em seu domínio.
O homem num traje fino preto distinguido por uma
moeda de cor de verde escuro no alto da lapela, referente a uma autoridade
brasileira entrou com cenho fechado e passos firmes no gabinete do Almirante
Tavares.
_Senhor.
_Acomode-se Silvério.
Feito isto, o tirano sentou-se rente ao convidado e
foi direto.
_Quero que sugestione minha filha Lida. -
chacoalhando uma taça curta de puro cristal com isógenis uma bebida nascida antes da grande catarse e liberada para
qualquer um, afinal, embriagado que povo lembraria de tais mazelas?
_Sua filha Almirante? - O psiquiatra se espantou.
Ouvira a ordem incontáveis vezes, para que o procedimento invasivo e
enlouquecedor fosse aplicado a questionadores, líderes contestadores e
baderneiros com frases de ênfase pelas ruas. No entanto, escutar da voz
Soberana Nacional, de um pai que aplicasse a sua única filha era no mínimo
perturbador.
_Sim Doutor Silvério. Lida foi agraciada pela dádiva
de ser mãe, contudo ainda não sabe que será, não aceita o fato uma vez que todo
o mundo passa pelo trâmite de ser contido a tal manifestação. O projeto a
nomeou, contudo ela refuta o tempo inteiro, decidi que sugestiona-la seja o
melhor método a oferecê-la e ao meu neto, uma vez que os testes feitos
detectaram um menino, teremos um rapaz forte, alto, robusto, o filho que eu não
tive.
Acontece que Silvério conhecia o que Lida também sabia.
Que seu pai, certamente a incluíra no plano “As
Mães Da Terra” mulheres escolhidas a dedo para engravidarem com sêmens de
bancos humanos sem nenhum tipo de regalia quanto a cor, altura, peso ou sexo do
bebê, mas pasmem o Almirante sabia que seria robusto, alto, atlético e
sobretudo homem.
_Muito bem Almirante, preciso que Lida faça alguns
exames...
_Já foram todos providenciados Silvério. - Num riso
de canto de boca estritamente capcioso. - Conheço todos os procedimentos,
lembra?
O médico restou-se restituir o riso como um “Sim senhor Almirante”, e marcaram a
primeira sessão.

Para submeter a filha ao projeto “MÃES DA
TERRA”, Tavares chamou outra junta médica que a examinou quando a moça fora
ao centro como todas as jovens que recebiam a carta governamental, no entanto
seu pai ardilosamente já a preparou para a concepção de um doador de número
3246-B.
Essa seria a única lembrança que a senhorita teria
daquele dia.
No dia seguinte Lida foi acompanhada pelo pai,
semelhava preocupação, afinal não tinha dito a filha pelo que passaria porque embora
o procedimento sugestão fosse utilizado costumeiramente, poucos sabiam do que
realmente se tratava. Na verdade a técnica era bem simples, contudo
enlouquecedora para aqueles que não se rendessem diante dela.
_ Podemos ficar a sós? - quis saber o médico pois
esse era o recomendado, o feito, o certo, mas o Almirante exigiu que na frente
da jovem tudo seria feito como aos comuns. Entretanto, o Olimpo sempre soube
ocultar bem o privilégio dos deuses e do relés recinto dos mortais. Na sala ao
lado do acolchoado consultório Tavares acompanhou cada segundo.
_Deseja tomar algo senhorita Lida – investigou
Silvério.
_ Um café seria bem-vindo doutor. –proferi a moça
tímida num tom de voz quase inaudível.
_ Sirva-se! Eu odeio café. -objetou o psiquiatra.
Apesar de achar incomum o hábito de servir-se, venerou a ideia de igualdade. Caminhou
até a máquina de expressos e despachou um cappuccino com canela e sem açúcar,
sua bebida quente predileta.Com cuidado repousou a refinada de um material
semelhante a porcelana e volveu a acomodar-se confirmando certa afinidade com o
ambiente e ao escutar a melodia que permeava e até comentou:
_Bjork? “Moon” certo? Gosto de músicas antigas.
Silvério sorriu comedidamente.
_Então Lida como se sente em ter sido agraciada como
uma “Mãe Da Terra”?
Em movimento recatado repousou a xícara um pouco
mais longe e com leve inquietação passou as mãos pelos joelhos cruzados e com
um riso perdido deu entender que não sabia o que pensar.
_Ter um bebê é uma benção, ainda mais nos tempos que
vivemos não acha?
Ela o fitou de modo mais contundente mas ainda delicado
e replicou:
_Como um homem da área da medicina o senhor
realmente crê que o Projeto “Mães Da
Terra” seja eficaz e justo Doutor Silvério?
O sujeito entreolhou pelo espelho que ocultava a
presença imponente do pai da jovem e replicou:
_Minha cara Lida, vivemos em uma sociedade onde não
criamos as regras somente as obedecemos. Nossa história nos provou que quando o
Mundo, principalmente no país acreditou na ultrapassada democracia, a sociedade
nunca foi tão desregrada e caótica lamentavelmente e em todos os níveis que se
possam imaginar.
_Soube que nessa época as pessoas eram livres.
Ouviam falavam, expunham o que pensavam, e isso não era bom? Como pode não ser
bom o apresentar o que somos sem reservas, pudores e lutos?
_A democracia era belíssima Lida. - deixou escapar o
médico num tom saudosista, logo avisado pelo leve choque despejado em seu pulso
pelo “Rugulius”, uma espécie de
dispositivo que todo brasileiro era obrigado a usar onde continham sua
localização, frases e ações do dia e conforme fosse tal feito a intervenção
através do choque que imediatamente confundiam o cérebro podendo levar até uma brusca
convulsão, eram dispersas pelo sistema do governo, o que o fez lembrar que suas
palavras deveriam ser corrigidas.- _No entanto Lida,o belo nem sempre foi sinal
de eficácia para bem de uma coletividade e a Democracia foi a prova disto.
_Penso que não sirvo para o projeto. - confessou crendo
estar ali só.
_Mas passou por todo os procedimentos, foi aceita,
seus exames pelo que vi são ótimos, onde está o problema?
A moça lançou sobre o médico um olhar perturbador:
_Não está claro?
_Desculpe Lida, não entendi onde quer chegar. -
Porém sim, tinha a alcançado.
Aproximou a cadeira junto a dele e murmurou:
_Meu pai!
Silvério estava acostumado a lidar com pessoas e
seus comportamentos o tempo todo no entanto, por alguma razão Lida conseguiu
congelar suas reações e o psiquiatra não soube o que contrapor somente
respirando como uma possível resposta.
_O Senhor realmente acredita que fui agraciada? Que
participei desta seleção como todas as moças em idade fértil desta Nação? - A
jovem questionava perdidamente. Não era claro se eram perguntas retóricas ou se
verdadeiramente apetecia uma retorno de alguém confiável.
_Senhorita... Vivemos numa sociedade justa depois da
Catarse Mundial, onde todos os seres humanos são iguais, com direitos iguais,
conhecimento, condições básicas como casa, moradia, educação...
Lida o contemplou tocou em seus lábios, o que não
era permitido. O toque, como tantas outras coisas torna-se algo inadequado e
proibido entre as pessoas mesmo as que se amavam, somente com prévia ordenança
do Sistema poderia ser incidido, a quem tentasse burlar o “regulius” avisaria, choques seriam dados até que o Procedimento
Sugestão fosse inserido.
_Talvez seu pai tenha razão. - O médico replicou
erguendo-se e segurando num criado mudo, ele referia-se ao fato da senhorita de
fato necessitar passar pelo Procedimento. Era doce, meiga, afável e ao mesmo
tempo muito perspicaz e debaixo de toda aquela candura possuía uma dádiva que
poucas personalidade têm e que talvez nem ela mesma soubesse que detinha: Poder
de Persuasão. Silvério tocou no botão secreto onde o preparava sua equipe para
iniciar o método.
Segundos depois o que parecia o que hoje chamamos de
telefone chamou por Lida que ao ver que era seu pai, o Almirante Tavares,
levantou-se pedindo licença e projetou na parede o artefato para falar com seu progenitor.
Mal sabia a moça, que quando retornasse nada mais seria como antes.
Minutos depois ela adentra o recinto:
_Desculpe Doutor Silvério mas papai é assim...- e
para sua surpresa a únicas coisas iguais às que tinha visto a pouco era o
médico e a máquina expressa de onde tirara seu café.
Os passos da moça descontinuaram.
Sua face estarreceu-se.
Lida estava no começo do Procedimento Sugestão.
_Sente-se Lida, fique à vontade! - saudou o doutor friamente,
levantando-se e prosseguindo: _Aceita tomar algo? Um café talvez? Sempre é uma
boa pedida, como prefere? O meu sempre com muito açúcar.
A jovem olhou minunciosamente tudo em redor,
inclusive a procura de sua xícara de chá posta ali naquele móvel que não
existia mais tampouco a cadeira que deixara rente a do psiquiatra.
_Isto é uma brincadeira? – sorriu descompassada, sem
saber o que pensar.
_Sobre
o café? - o médico argumentou. - _Não.
Realmente sou um abelhão para doces. Vamos sente-se! Vamos começar a sessão.
_Começar? E o que fizemos antes?
_Como? - ele replicou bebericando a bebida
escaldante e ajeitando-se na nova cadeira.
Lida não sabia o que raciocinar. Mostrou-se turbada,
meio tonta, mas isto era por causa da gravidez, e foi um bom pretexto usado
para o médico para inserir o assunto na questão.
_Deixe-me ajuda-la. - recebendo ordem do Sistema para
o toque de aconchega-la no agora divã. - Isso é o clássico no princípio de
qualquer gestação, suponho que deve estar se acostumando.
_Gravidez? - O rosto delicado da senhorita nunca
ficara tão rubro e assombrado. - _ Pelo amor de Deus Doutor, do que está
falando? O que está acontecendo aqui? Eu fui atender meu pai e quando voltei...Tudo
está diferente! Os móveis, meu café, o senhor disse que odiava café? E agora
fala de gravidez? Não sou estou grávida! Fui solicitada ao testes, passei,
falamos sobre isso a minutos atrás, como pode ser isso? Não sou e nem estou
louca!
E então entrou a equipe de enfermeiros e mais dois
assistentes para acalma-la, seda-la e aplicar o agente químico do Procedimento Sugestão.
O Vitra.
O composto era um componente bélico que causava no
lóbulo central do cérebro responsável por nossas lembranças e convicções uma disfunção
de dúvidas, tornando o indivíduo sem saber se o que vivenciara fosse uma
lembrança verdadeira ou uma perturbação do que gostaria de ter sido. Em doses cavalares,
como era administrado na maioria do povo brasileiro, fazia-os crer que suas
condições de moradia, saúde, alimentação e principalmente educação eram as
melhores já ofertadas em toda história da Nação brasileira.
Duas horas depois, Lida despertou aos poucos com
forte dor de cabeça, sinto típico do Vitra
a enfermeira foi delicada ao sussurrar:
_Está tudo bem com vocês. Chamarei o Doutor
Silvério.
_Vocês? - a jovem contrapôs.
_Sim, você e seu bebê. Mamãe e filhotes
maravilhosamente bem.
_Mas eu não estou...
_Psiu. Descanse. - Pediu a enfermeira e rompeu o
quarto deixando apenas a luz de uma acanhada luminária acesa.
Os tempos
eram reveses de um pós tempestade que tornaram-se tornados e tsunamis para a
maioria da raça humana e agora para Lida.
Silvério entrou com um belo sorriso acompanhado de:
_Você está bem?
_Preciso de explicações doutor. - O olhos dela marejaram.
E os deles abaixaram ao perceber a angústia dentro dela.
De um ser tão puro quanto ela.
_Quando entrei na sua sala, ainda em minha boca
estava o gosto do meu café com canela e sem açúcar que retirei daquela máquina
de expressos em seu consultório. E quando voltei, o que foi tudo
aquilo? Porque
estão fazendo isso comigo? Onde está meu pai?
_Tenha calma. Posso explica-la tudo se prometer manter
a calma.
A lágrima foi contida entretanto o movimento incontrolável
dos lábios não.
Lida sentia-se ruir por dentro e o pior sozinha.
Silvério sugestionou magistralmente.
Contou-lhe que estava grávida, mostrou os exames que constatavam uma gestação de quatro semanas. Uma gravidez normal, de um menino forte e sadio. Que o gosto do café, fora algo que sua mente propiciara a ela por gostar da bebida e ver a máquina ao adentrar em seu consultório. Que toda conversa que ela cria ter havido antes, nada mais fora que o que seu psique desejava que tivesse sido, ideias que certamente a jovem gostaria de dividir com alguém fora de seu círculo de relações uma vez que era tão reclusa e seguramente um psiquiatra seria o personagem perfeito para essa explosão emocional e sobre o efeito da medicação, ouvindo a antiga canção de “Adele - Someone Like You” sem certezas e muitas dúvidas lá dentro dela imbuiu:
Contou-lhe que estava grávida, mostrou os exames que constatavam uma gestação de quatro semanas. Uma gravidez normal, de um menino forte e sadio. Que o gosto do café, fora algo que sua mente propiciara a ela por gostar da bebida e ver a máquina ao adentrar em seu consultório. Que toda conversa que ela cria ter havido antes, nada mais fora que o que seu psique desejava que tivesse sido, ideias que certamente a jovem gostaria de dividir com alguém fora de seu círculo de relações uma vez que era tão reclusa e seguramente um psiquiatra seria o personagem perfeito para essa explosão emocional e sobre o efeito da medicação, ouvindo a antiga canção de “Adele - Someone Like You” sem certezas e muitas dúvidas lá dentro dela imbuiu:
Someone Like You
_Por que não? Ele pode ter razão, ninguém é tão
sozinha como eu.
Pediu para ficar só, calou-se e nas notas da melodia
se perdeu no versos:
Nothing
compares, no worries or cares
Regrets
and mistakes, they're memories made
Who
would have known how bitter-sweet
This
would taste?
E recebeu
alta no dia seguinte depois de uma noite que virou dia claro com sol fulgente e
escaldante.
Continua...
ANA MARIA
ResponderExcluirVai haver mais? Apaixonante,criativo.As pessoas viviam sem sexo?
Felipe Santiago-MACEIÓ
ResponderExcluirAmando seu blog!Estou adorando a descoberta,e adorei este,afoito aqui,quando vem mais??
LÍVIA
ResponderExcluirADORANDOOOOOOOO!