Este pode não ser mais um conto como tantos. Embora narre
sobre um casal, uma história de amor e todo complexo dessa estrutura, a maior virtude
desse conto trata do que deveria ser o arcabouço de todas relações humanas. Quem
sabe não seja um recomeço?
Na cultura
árabe um homem é sempre Said.
Um homem é sempre senhor.
E o Príncipe
de Amahabur, Faizel Abdur, cujo primeiro nome significa: O Juiz. O povo árabe
crê que alcunha dada a uma pessoa traça em parte seu destino, por isso escolhem
tanto como intitularão seus herdeiros e descendentes. Faizel fez jus a alcunha
que seus pais lhe destes. Faizel fez jus a alcunha que seus pais lhe deram,
apesar de não o ver crescer haja vista que morreram quando ele só tinha quatro
anos de vida. O Príncipe era justo, e amava a justiça e toda sorte de igualdade
que ela poderia dar ao seu povo, sem dúvida foi o melhor chefe de Estado que as
terras de Amahabur teve em milênios.
Mas chegou a hora de dar continuidade, a hora do
acerto entre os nobres de sua linhagem, embora pudesse ter quantas esposas e
concubinas desejasse, Faizel optou por ser monogâmico e não aceitou o acerto,
não seria justo, ele queria dar a todas as moças na idade em contrair núpcias de
tornar-se sua esposa, companheira, mãe de seus herdeiros, amiga e amante. Os sábios
de seu Reino enlouqueceram com a atitude do Príncipe, dar o império na mão de
uma qualquer estragaria muitos planos, muitos conchavos, porque creia caro leitor,
a politicagem foi feita para isto, para estragar muitas coisas, as melhores principalmente.
Todavia, quando um governante é sensato todo povo
brilha na sua luz e toda vez que ele é imprudente o primeiro a morrer na
escuridão de sua ignorância e de seu egoísmo é a sua nação.
Faizel queria um seleção justa e igual para todas as
jovens, foi quando o Grão-vizir Baldar teceu uma trama ardilosa e maquiavélica
com todos os outros cordatos do Reino. Mandou guerreiros a uma jornada para
buscar mudas da flor mais rara do mundo, A Flor Sincera. Dizia a lenda que a
tal flor era mágica mas não dava flores, por isso tinha esse nome, era apenas
um grão como o de mostarda, nada demais, entretanto não é do tamanho do mesmo
grão que se é necessário ter fé?
A intenção do Baldar era mostrar a Faizel que todas
as mulheres fora de seu clã social, ou seja, a nobreza, certamente golpeariam
com belas flores para o ritual que seria proposto. Para o príncipe o importante
era que sim, seria uma seleção justa e aquela que fizesse o que se pedisse e
vingasse seria sim uma excelente esposa, dada a sua sinceridade.
Nas semanas seguintes todas as moças do reino foram
avisadas do interesse de seu maioral em dar a todas a chance de ser sua princesa,
embora toda mulher seja uma rainha, cedo ou tarde todas se dão conta disto.
Eram carruagens, cavalos e burros xucros chegando no
castelo de Faizel. Eram mulheres lindas, outras nem tanto, a nobreza e a plebe
reunidos por um ato tão autêntico e pouco cometido em nossos dias: A igualdade
social.
A cada donzela foi dado um vaso com terra e a
semente do grão de mostarda, somente a jovem que agisse corretamente receberia
como presente de casamento o grão da Flor Sincera.
_ Atenção digníssimas damas! Peço sua atenção! – bradou
Baldar. - creio que todas sem exceções- Fitou o Príncipe para frisar o que governante
desejava. - _Durante sete dias todas deverão regressar ao palácio com seus
vasos e sua Flor Sincera e daí prosseguiremos com a eleição. Lembrem-se senhoritas,
a fina flor só pode ser regada duas vezes ao dia e nenhum componente orgânico pode
ser posto nela, acreditem ou não saberemos!
E todas se foram.
Uma semana depois regressaram ao castelo. Cada qual
com uma flor mais bela que a outra. Umas maiores outras menores, nenhuma com o
vaso de terra vazio como lhes foram entregues e como deveria regressar, afinal
o grão de mostarda jazia seco sem chance alguma de florescer.
Faizel entristeceu-se por demais. E em meio àquela
desventura levantou-se de seu trono em direção ao seu aposento deixando Baldar
explicar a tal reação e a verdade as impostoras.
Mas o que é o Destino, se não senhorio-mor de
ironias para fazer-se realizar?
Sugiro que ouça com a música árabe
Tony Mouzayek-Ya Helou Ya Zein(el clon)
Quando
colocou os pés adentro da majestosa sala, viu toda atmosfera modificada, e
aquele perfume, o mesmo que o absorvera anos atrás entranhava em todo ambiente,
inda sim tentou cruzar a passos firmes todo recinto, no entanto, ao pôr o pé
direito no primeiro degrau, sua cabeça reclinou um pouco para o lado e algo o
puxou repentinamente para trás, a batida do tambor e flauta oferecia aos
convidados uma mulher envolta num véu e
roupas vermelhas onde somente os olhos, umbigo e os pés estavam amostra assim como os braços e suas formosas mãos. Ela resvalava graciosidade
por todos os cantos onde advinha e um feitiço em cada um presente. Seus quadris
iam de um lado a outro sem que seus ombros saíssem do lugar, decididamente era
senhora daquele estonteante forma.
Ele
volveu e à medida que ela rodava cada vez mais célere e alegre, a acompanhava
com os olhos de um lobo, jamais em toda sua vida sentira aquilo por dona
alguma. Um arrepio percorreu todo seu eu deixando até os pelos dos braços em
pé, um fogo ardeu no peito e quando a dançarina se pôs de costas e como uma
serpente ia de cima a abaixo e vice-versa, notou que ela o invadira. Após o
terceiro tilintar do tambor tremeluziu todo corpo como se soubesse que poderia
causar-lhe um choque de um milhão de volts e Faizel engoliu seco o desejo que o
possuíra assim como tentou disfarçar as saliências que seu corpo masculino
principiou a brotar ao ver aquela odalisca. No semblante de cada convidado
jazia a contemplação, no dele o ardor sem pudor, na alma sentia que a força que
emanava daquele ser o enfeitiçara, estava de todo possuído por ela. De repente,
delicadamente passou o dedo sobre onde seriam seus lábios como quem pedisse
silêncio a todos e de tal modo entendida, com o pé içou ao longe a tampa do
cesto, e sobrevinha rente a ele inúmeras vezes, até que ajoelhou rente ao
próprio com dorso das costas todo no chão com os braços acima da cabeça que se
entremeavam com suas lindas madeixas onde Faizel pôde admirar em mais
proeminências as pernas mais bem contornadas que seus olhos já repousaram.
No mesmo instante, somente seu ventre tremulava como
ondas de um grande tsunami o mesmo e colossal tsunami que acordara dentro dele,
e um ruído foi ouvido de dentro do balaio de vime. Quanto mais revolvia o ventre, mais o
som aumentava e de repente a cabeça de Anake foi posta para fora a procura
daquela que liberava tamanha quantidade do hormônio do amor, porque o amor tem
cheiro e agora o Príncipe sabia disto. E enquanto ela ia suavemente
erguendo-se, a serpente escoltava com o mesmo movimento.
Todos estavam imóveis, todos não, existia um que era
terremoto legítimo, e atendia pelo nome de Faizel Abdul. Estava obcecado pelas
oscilações do corpo daquela mulher, e por um segundo tudo que desejou foi estar
no lugar da serpente.
Quando conseguiu por ofídio na mesma altura que ela
voltou as mãos contra o mesmo que subitamente sem pestanejar abriu suas enormes
abas, e se o ventre dela fosse para direita lá o animal estaria, do mesmo modo
que se fosse para esquerda, abaixo, acima ele acataria, até que em dado
instante, quando de todo intuiu que o
domara num golpe certeiro o pegou pela cabeça expondo a todos o pleno comando
que tinha sobre o ofióideo que em seguida se atrelou a cintura dela como se
tudo que carecesse fosse do calor do seu corpo, a mesma necessidade que abatera
o moço rico e bem feito que jazia ali parado, inerte, arrebatado por ela.
Ela descontinuou os abalos. Agora só tangia os pés e
os ombros para trás soltando de vez em cima de seu ventre Anake, totalmente
entorpecido, envolvido e imóvel. Seus braços desenhavam as agitações de uma
serpente em cada detalhe até as pontas de seus dedos.
Faizel percebia a respiração ofegante, se ao entrar
na sala sentiu-se lobo, agora era a sem questionamento algum a ovelha pronta
para o holocausto.
Perguntas o
submergiam:
— Quem era ela? De onde surgira? Por que o deixara
em tal estado?
Mandou chamar o grão-vizir e trazê-la até uma das
salas. A jovem obedeceu cegamente.
Seu nome era Aamahi, aquela que se esforça. Faizel estava apaixonado, por ele casaria naquele
segundo que seus olhos repousaram nela. Todavia foi lembrado de sua própria exigência,
Aamahi era menos que uma plebeia, era uma viajante, logo a bela donzela
partiria com seu pai um caixeiro viajante.
Porém recebeu um vaso como as demais, por sete dias
cultivou com todo carinho aquele grão em seu vaso, mas ao apresentar-se diante
do príncipe seu semblante era triste.
_O que foi? - investigou Baldar esperando por mais
uma forjada suntuosa Flor Sincera.
_Desculpe Said. - ela também amava Faizel.
E pediu o pai que adentrasse o recinto com o vaso do
mesmo jeito que levara. Contudo o rosto Príncipe Faizel Abdul se iluminou. Havia
encontrado sua Princesa.
Não tenha
medo de ser sincero, inda que isso te cause dor. Tenha sim, muito, muito medo
de perder a felicidade por covardia em ser verdadeiro.
Uma linda moral da história, Danka! :)
ResponderExcluirBeijinhos
Obrigada Isa! Beijocas!
ResponderExcluirUtilizei uma imagem de seu blog para ilustrar um texto sobre o olhar. Se for problema eu retiro. O texto não tem fins lucrativo. Gosto de seu blog e das imagens principalmente.
ResponderExcluirsEM PROBLEMAS AMADO, RETIRO DA NET TAMBÉM, VOLTE SEMPRE!BEIJOCAS
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