Foi na tarde do
último dia de abril que ela ouviu do homem de jaleco branco aquela frase que
ninguém nunca nasceu pronto para escutar qualquer que seja a ocasião.
_Lamento,mas...
Paula apenas
desabou no fundo de si.Quando perdemos alguém que amamos é como subir as
escadas no escuro depressa sem saber que havia
um último degrau e dele tombar no mais profundo abismo, e nunca mais
parar de ruir em lembranças.Lui era a vida dela, sua bússola, seu termômetro,
sua direção embora muitas vezes ele fosse si a própria encruzilhada.Sempre tão
complexo, naquele mundo paralelo onde só vivia e que de vez quando permitia que
ela adentrasse.
O que mais doeu,
foi relembrar aquela última discussão. Sim, havia um bom pretexto como tema, no
entanto que pretexto vale a vida? Foi naquele segundo onde Paula o disse:
_Não precisa ser
assim.
E Lui retrucou
altivo:
_Mas é assim que
será!- E ao atravessar a rua um homem insano guiado pelo álcool em suas veias
jogou seu corpo ao alto e foi ao ver o corpo dele inerte no chão que parada ali
sem reação alguma uma lágrima rolou do seu olho direito e uma voz seca e rouca
gritou dentro do seu peito:
Passado alguns meses,Paula não conseguia
superar.A Doutora PHD de Física, começou a usar a lógica dura de sua ciências
em seus adágios para encontrar um meio de poder voltar atrás.Cria que tanto
conhecimento pudesse beneficiá-la em
algum instante de sua história e aquele era o instante.Compreendia que atualmente,
os físicos estão convencidos que as viagens no tempo são muito improváveis.Foram mais dois anos dedicados a cálculos
gigantescos,experiências perdidas,porém,estava obsecada,nem que fosse por um único
segundo carecia vê-lo e ouvir a sua voz outra vez.As vezes,é o bastante para
se voltar a sorrir apesar das pessoas
insistirem tanto em coisas que nem elas mesmo não sabe para que ser servem e
quando conseguem não saber como utilizar.
Exausta,cansada,a jovem Doutora da lógica debulhou-se em lágrimas
em cima de sua cama pois pode constatar que todas as tentativas eram
ineficazes.Chorou copiosamente, até que as lágrimas secassem e a dor de cabeça
se manifestasse.
Adormeceu.
Foi um sonho
curto como um tiro a queima roupa.Entretanto,Paula reviveu aquela última cena.Enquanto
Lui gesticulava colérico pôs a mão sobre a boca como quem via novamente o sol
pela primeira vez depois de cem invernos.E quando ele expôs:
_Mas é assim que
será! – o agarrou como quem agarra a última esperança, tomada pela emoção não
conseguia falar,só em seu olhar podia-se ver a súplica dela a ele.Contudo o
calor da situação outra vez o dominou, Lui era muito duro quando se exaltava
com algo e mesmo que tenha tentado segurar com todas as suas forças, facilmente
desvencilhou dele mas o bastante para que aquele motorista bêbado passasse e
numa fração de alívio crendo que tudo podia ser como antes, Lui tropeçou no
meio fio caindo e batendo sua cabeça e mais uma vez o submergia para morte.
Acordar em sua
cama e ver que nada mudara a enlouqueceu.Destruiu tudo que jazia ali no seu
quarto, a fúria a tinha tomado como oxigênio nosso corpo.Após minutos,percebeu
que talvez aquele sonho,devaneio ou seja lá o que fosse poderia ser o meio de
tentar mudar o passado.
Paula voltou
trinta e duas vezes. Nas mesmas,jamais conseguiu evitar a morte de Lui.
Afastada do
mundo, das pessoas, um dia uma amiga foi visita-la convicta que tiraria daquele
mundo utópico que auto se estabeleceu.Uma discussão se instaurou entre elas:
_Pelo amor de
Deus Paula! Se o que diz valesse a pena...Mas não vale,você mesmo diz que o Lui
sempre morre de um jeito ou outro, então por que voltar? Para se autoflagelar?
Se autopunir? Condenar,
é esse o propósito dessa loucura toda?
Paula sentou-se ao lado dele na cama,passou a mão
pelo lenços que Lui mais gostava, e olhando não só nos olhos da amiga
respondeu:
_Sei que não
posso mudar o que o destino impetrou.
_Então só me
diga a razão de tudo isso?- passando a mão pelos seus cabelos.
_Na terceira vez
que voltei a ter esse sonho percebi que não poderia mudar nada do que aconteceu.
No entanto, apesar de ser a última lembrança do Lui ,bravo,revoltado, magoado
comigo,ainda é melhor do que ausência de não ter nada dentro de mim, de
conviver com esse imenso vazio que a sua presença me jogou.
_Paula...- a
amiga levantou-se tentando chama-la a realidade.- O que é isso que você fez
consigo?
A moça sorriu em
meio ao pranto de dor e replicou:
_Minha máquina.
_ E pegando a foto de Lui concluiu.-
Minha Máquina de fazer você.
P.S: O maior segredo da vida ela guardou bem,ninguém nunca sabe quando será seu último instante,mas sendo assim,não seria hora de rever algumas de nossas "prioridades e razões"?
Fui Galera!
É sempre hora de rever nossas proridades! Muito bom, o seu conto, Daka!
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